061 – Breve Regresso a Shangri-La… e Partida

O hotel onde fiquei da última vez, no 7º dia de viagem (crónica 32), está esgotado. Hoje, no 11º dia, vou ficar neste. A guia, que se vê nesta foto, e a qual não se entende com os 3.200 metros de altitude – sente dores de cabeça há alguns dias, na altitude de Yunnan (ela é de Xangai) – vai ficar também neste hotel, a ver se descansa. Já o Nong Bu ficou noutro, mais barato, longe do centro. Para o Nong Bu está sempre tudo bem, é a descontração em pessoa, conhece as montanhas e respira-lhes o ar desde que nasceu.

Voltei a jantar no mesmo restaurante da outra vez, ao lado do hotel. Gosto daquele casal – dos donos. E gosto do pequenito restaurante. Fiquei com um papel escrito pela guia indicando “noodles com ovo e legumes, não picantes. Pago”. Quando me apeteceu, fui jantar, sem hora marcada. Foi este papelinho que fotografei e usei em Pequim, para pedir exatamente a mesma coisa.

E começa o 12º dia de viagem. Hoje dormi 10,5h. Como é possível dormir 10,5h seguidas, em viagem. E acordei com despertador, senão continuava. Mas os dias são intensos, non-stop de manhã à noite, e o corpo pede-me um descanso à medida, sobretudo a 3.200 metros de altitude, e depois de na primeira semana andar a dormir pouco, com os horários ainda trocados. Agora está plenamente adaptado e até já abusa.

Mais uma vez volto àquele pequeno restaurante, desta vez para comer a tarte de arroz tibetana, feita no momento, quente, e um pacote de leite com pedaços de morango, comprado na loja ao lado. O carro de apoio vai agora andar com alguns destes deliciosos pacotes de leite disponíveis. Não tenho ligado nada aos comprimidos isotónicos ou energéticos, nem sei o que são, para dissolver na água, que a guia e o motorista trouxeram. Eu própria levei comprimidos isotónicos, com sabor a morango, mas a embalagem voltou intacta para Portugal. Senti muito a sua falta na viagem dos 838 km de bicicleta pela Europa Central, mas aqui na China não. O esforço foi menor. Efetivamente aqui na China fiz 600 km de bicicleta, divididos por 13 dias (8 dias foram feitos a pé, com caminhadas ou trekking, e os restantes 4 foram passados em aviões e aeroportos), ao passo que na viagem da Europa Central foram 838 km em 16 dias, e foram dias muito mais intensivos a pedalar.

E arrancamos de carro, pela manhã, desta vez em direção à Garganta do Salto do Tigre, uma região de desfiladeiros, e um dos meus locais preferidos de toda esta viagem. Mas eu – agora de manhã, ao arrancar no carro  – ainda não sei isso. Segue viagem, Rute, na ignorância das maravilhas que te esperam. Ainda falta muito para lá chegares. Um dia inteiro de aventuras.

<< >>