052 – Ao Longo do Rio Yangtzé
Às 3 da tarde arranco na bicicleta novamente. O Nong Bu e a guia ficaram sentados no restaurante para me darem algum avanço. Não ficaram por muito tempo, porque eu fiz um quilómetro, a descer, e quando quis parar e tirar uma foto, dei conta que não tinha a máquina comigo. Ficou esquecida no restaurante, em cima da cadeira. E agora, com a barriga cheia vou subir um quilómetro? Voltar tudo para trás, a subir?… Não vou, não. Enviei um sms à guia a explicar-lhe a situação e esperei por eles ali mesmo, na berma da estrada.
Aqui está o que eu queria fotografar: uma Estupa. Conforme referido na crónica 36, trata-se de um monumento funerário tibetano, por vezes sem espaço interior acessível, construído sobre os restos mortais de uma pessoa importante dentro da religião budista. Ou seja, são recetáculos para os corpos dos tibetanos considerados santos, e também recetáculos de relíquias, como os Sutras Budistas.
As estupas, que variam em tamanho, forma e adornos, estão localizadas sobretudo na Índia, Tibete, Nepal, Sri Lanka e regiões do sudeste asiático. Recordo que eu estou a poucos quilómetros do Tibete, e é patente toda a influência deste na região onde me encontro. No caso específico do Tibete, as estupas tomam o nome de “Chörten”. Os restos do Dalai Lama, por exemplo, são exumados num chörten de grandes dimensões, ou de ouro. As primeiras estupas foram encontradas na Índia e datam do século 4 AC, no entanto as escrituras budistas referem a sua existência desde um século antes. As primeiras estupas terão sido construídas com materiais perenes, pelo que se perderam com o tempo, e grande parte delas foi destruída durante a Revolução Cultural no Tibete.
Aproveitei o calor e o rio Yangtzé para tirar a lama das sandálias.