031 – Jaquinzinhos ao Almoço

Hoje a minha lentidão a pedalar é assombrosa. Tentei perceber o que se passa com a bicicleta. Não anda. Descobri que o travão está a tocar no aro do pneu, pelo que está a travar-me. Mas depois pus a bicicleta com o pneu no ar, girei-o com força, e ele não pára. Não, aparentemente não é o travão, apesar de estar a roçar no aro. A questão é que eu estou sempre a subir. É uma subida gradual, mas persistente. E estou a 2.400 metros de altitude. E estou com o jetlag ainda, o meu corpo não está a funcionar nas horas certas. Notei perfeitamente a diferença – todos estes fatores juntos contribuem para a minha lentidão hoje. Ainda por cima começou a chover torrencialmente. Bom, tenho 22 km feitos até agora. Chamei o carro e segui o resto da viagem nele, até ao restaurante onde vamos almoçar.

Fui sempre no lugar da frente, ao lado do Nong Bu, e a guia ia atrás. Eu ia constantemente tirando fotos, e para tal chegava-me para a frente. Ficar-me-á para sempre na memória as constantes chapadas que apanhei deste Mao Tse Tung e deste Buda. E esta alcatifa verde a proteger o tablier – vamos fazer centenas de quilómetros por estradas de terra e pedras. Vamos ser totalmente chocalhados. Ora além das chapadas (felizmente não doem nada, aquilo é suave, mas de vez em quando os penduricalhos ficam-me à frente da lente da câmera e, logo, ficam nas fotos) portanto, além das chapadas, muitas vezes vou ter de ir com a mão na alcatifa para impedi-la de cair, porque ela não está colada, escorrega, e ainda por cima tem papéis por baixo, pelo que escorrega ainda mais. Ou seja, uma mão vai na alcatifa, a outra vai a agarrar a máquina fotográfica, e as chapadas do Mao Tse Tung e do Buda são constantes. Isto só nas zonas turbulentas, felizmente. É preciso é descontração.

Quando chegamos aos restaurantes vamos ver a montra dos legumes e da carne. Normalmente está exposta ao público, numa manifestação de quantidade e qualidade. Eu sou convidada a escolher, mas eu não sei como se cozinham os legumes, pelo que de vez em quando aponto para este ou para aquele, outras vezes deixo a guia escolher juntamente com a pessoa do restaurante. Desta vez escolhi o legume que está no canto superior esquerdo, o qual parece um chuchu, mas cheio de borbulhas. Não sei o nome dele, e serviram-mo misturado com ovos mexidos (delicioso).

A carrinha do Nong Bu, à porta do restaurante.

Trouxeram-me estes aperitivos: do lado direito está queijo de iaque. Ainda hoje me pergunto se percebi bem, ou se me informaram bem, porque parecem torrões de açúcar, doces, secos e rijos. Não parece nada queijo. Mas era bom.

Não faço ideia que peixe é este, mas será um peixe do Yangtzé, provavelmente, e são autênticos jaquinzinhos fritos, servidos em hortelã. Regalei-me com este pitéuzinho chinês.

O cartaz na parede pertence à “Administração de Alimentos e Medicamentos na China”, uma agência semelhante à que existe nos EUA, e que visa melhorar a segurança dos alimentos, dos cosméticos, e é a autoridade competente na regulação de medicamentos. Está diretamente debaixo do Conselho de Estado, também chamado de Governo Popular Central, o órgão máximo do poder executivo, encabeçado pelo primeiro ministro. Vejo na Wikipédia que a 10 de Julho de 2007, Zheng Xiaoyu, o antigo chefe desta agência, foi executado por aceitar subornos de várias firmas em troca de licenças relacionadas com a segurança de produtos.
Vi este cartaz em alguns restaurantes, o qual pelos vistos deixa um contacto para os clientes reportarem algum incidente na comida.
Veja-se também este cartaz que encontrei na Wikipédia:

Imagem do poster retirada da Wikipédia: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Chinese_Food_Safety_Poster.jpg

O motorista Nong Bu (com o número “3” nas costas) a almoçar com amigos seus. Pelos vistos passa com regularidade por aqui e já conhece as pessoas.

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