013 – Regresso a Shuhe e Almoço

Eram 4 da tarde quando finalmente cheguei a Shuhe novamente, para almoçar. A viagem entre o Parque Natural e Shuhe foi pequena, se calhar meia hora. Mas demorei-me imenso no planalto Mao Niu Ping, foi um dia muito relaxante, e quis aproveitar. Cá está o benefício de viajar sozinha, sem grupos. Se tivesse um grupo teríamos horários definidos, haveria sempre alguém que quereria almoçar a horas decentes, ou se cansaria de andar tanto tempo no planalto. Ou se calhar alguém quereria ficar lá mais tempo ainda. Aqui é tudo definido ao meu ritmo. Não há horários. Faz o que te apetece, Rute. Desfruta.

Se forem reparando nas fotos das refeições, verão que nunca existem guardanapos. Não são usados. Os chineses comem tudo delicadamente com pauzinhos, não se sujam. Eu, que parecia vinda dos povos bárbaros, às vezes ficava lambuzada, com os dedos sujos, numa autêntica batalha naval com a comida e os pauzinhos. Como é que eu tiro as gorduras da carne, por exemplo? Não tenho faca!… Quantas vezes agarrei na carne com os dentes e puxei a gordura com os pauzinhos. Escorrega. Não consigo tirar a gordura. E lá vão os dedinhos ajudar na operação. Carne nos dentes, dedos a puxá-la. Uma autêntica vergonha para o meu público chinês, que me observava sempre divertido e com curiosidade. Esta moça é uma selvagem!, deviam pensar, ao ver-me. E agora, guardanapos? Não há guardanapos. Tinha de sacar dos lenços que rapidamente aprendi a levar comigo, na bolsa da cintura. E eles, tranquilamente, a rir e a conversar nas mesas ao lado, tão delicados com os seus pauzinhos. Lembro que os ocidentais eram raríssimos por aqui. Em todas as refeições que tomei durante estes 25 dias (exceto nos voos internacionais) – pequenos almoços, almoços e jantares – apenas uma vez tive um casal ocidental sentado na mesa ao lado. De resto foram sempre orientais. Não digo “chineses” porque tive oportunidade de constatar mais tarde que existiam muitos estrangeiros orientais, quando tivemos de formar uma fila diferente, na entrada de um museu em Pequim. Voltei a estar rodeada de orientais, mas finalmente percebi que não eram chineses, dado estarem na fila dos estrangeiros. Existe diferença no formato dos olhos, que eles próprios sabem detetar bem, mas eu não sou perita de todo.

Mas voltando às refeições: também não existem sobremesas. Nem fruta, nem doces, nem nada. Nestes 25 dias, em tantos restaurantes, nunca encontrei uma lista (um menu) com sobremesas. Não existe esse conceito, pelos vistos. Pelo menos em Yunnan e Pequim não existe. Mas existem bons doces na China, e terei oportunidade de prová-los algumas vezes, mas fora das refeições. Eventualmente ao lanche ou ao pequeno almoço, quando comia bolos.

Para sobremesa vou ter mais uns bolinhos de rosas. Cá está: numa loja diferente, e por opção minha.

<< >>