08 – 5º dia, gatos e pinturas
Hoje é 14 de julho de 2023, 6ª feira. É o 5º dia da residência.
São 5h56. Eu e o pescador cá estamos todos os dias. No entanto ainda há um terceiro elemento, sentado noutras mesas, noutra parte da casa. Este hotel tem várias casas, e numa delas vive a dona, com o marido. Ou se calhar são os dois donos, não sei. O marido também aparecia bem cedo, sentado noutra mesa, noutra ala, atrás dos vasos da minha mesa habitual. Tomava um café e fumava um cigarro. Ele ouvia os cliques constantes da minha máquina fotográfica. A certa altura comecei a cumprimentá-lo; estas três almas todos os dias no silêncio das 6 da manhã. E fotografei-o, irá aparecer numa crónica futura.
São 6h41, hoje começo bem cedo a pintar. Uma destas pinturas será a melancia, que mostrei na crónica 6.
Hoje o Krisko apareceu a coxear da pata dianteira. Nesta foto está com a pata levantada porque está magoado. O que terá andado a fazer esta noite, para agora estar assim? Terá andado à luta com outros gatos? Terá saltado de um telhado muito alto?
RUNA, “O Krisko magoou uma pata”, 2023. Acrílico e óleo sobre papel, 49 x 30 cm (19,3 x 11,8 polegadas)
Ainda por cima tem a orelha com a ferida maior.
Já depois de regressar a Portugal, e ao rever estas fotos, arrependo-me de não ter ido à farmácia comprar Betadine. São frascos grandes demais, aquilo acaba por ir fora. Deviam vender frascos muito mais pequenos. E ainda teria de comprar algodão também. E eu seria capaz de apanhá-lo? Ele deixaria colocar o Betadine? Ainda se assanharia, e eu é que ficaria toda arranhada.
Devia ter-me mexido, de qualquer forma. Falhei nisto.
Supostamente estes são dois dos quatro filhotes do Krisko.
Hora de almoço. Desta vez nem fotografei o que comi. Isto já é a sobremesa, três queijos disponibilizados no frigorífico do terraço, pela Water Tower Art. Acho que um deles é um creme de barrar. Está tudo em búlgaro e nem perdi tempo a traduzir, provei tudo. A banana também foi oferecida pela residência.
O frigorífico do terraço, com a comida oferecida pela residência artística. A carne não é para comer agora, está guardada para um jantar do grupo. Creio que esta carne já teve despesas divididas entre os que participaram nesse jantar.
Recordo que eu tinha um frigorífico dentro da casa onde eu residia. Os alimentos comprados por cada um dos residentes, para seu consumo próprio, eram guardados nos frigoríficos privados dos quartos. Este frigorífico era comum, e estava no terraço, disponível para todos.
Tive que voltar ao supermercado para comprar mais leite, para o pequeno-almoço de amanhã.