Dia 25 – No sul da Arménia – teleférico & Mosteiro de Tatev
Hoje bati o recorde: dormi 10 horas entre as 21 e as sete da manhã. Ontem foi um dia muito cansativo, sete horas de carro, uma irritação pelo meio, o stress de não saber se consigo apanhar os transportes, ninguém falar inglês…
Adormeci com uma vaquinha a mugir ao lado do hotel, ao anoitecer. É música tranquilizante para os meus ouvidos.
O programa das festas, hoje, é o seguinte: apanhar o teleférico até Tatev, visitar o mosteiro que fica mesmo ao lado, e depois fazer uma caminhada de 5,5 quilómetros, pelo meio das montanhas, até à atração seguinte: “Devils Bridge”, uma ponte natural de calcário, por cima de um desfiladeiro, com grutas calcárias.
O pequeno-almoço é servido tarde, perto das 9. Estando habituada a comer cedo, pedi para ficar com leite e o iogurte arménio, no frigorífico que tenho à entrada do quarto. O iogurte serviram-mo ontem ao jantar – só depois me lembrei que as dolmas são acompanhadas por este iogurte. Aqui na Arménia chama-se “matzoon”. É delicioso, cheio de lactobacilos. Não é suposto misturar açúcar, e o Jivan estranhou o meu pedido de açúcar, mas já com o iogurte búlgaro foi a mesma coisa, no ano passado, na Bulgária – também não se mistura açúcar. Eu já vos mostro, meus amigos, se se mistura ou não. Aquilo é amargo que se farta. É um iogurte natural, amargo como todos.
Aqui na Arménia, o matzoun também pode ser diluído com água e sal para criar uma bebida refrescante conhecida como “tan”. O matzoun é uma boa fonte de proteínas, cálcio e vitaminas do complexo B.
E a fruta foi oferecida pelo hotel, ontem à noite. Ficou no frigorífico durante a noite.
A vista do meu quarto. Está a chover. A janela tem uma rede anti mosquitos. Eu trouxe de Portugal dois frascos de spray anti mosquitos, ainda não usei, nem me lembrei de trazer para aqui. Mas por enquanto não vi mosquitos nenhuns.
A Alvart foi apanhada de surpresa; depois ela riu-se.
Ainda não tinha aparecido uma aranha arménia, nestas crónicas.
Repare-se nas nuvens, tão baixas. Ou nós é que estamos altos: Halidzor está a 1300 metros acima do nível do mar. Dão chuva até as 10 / 11 horas, mas noutra meteorologia diz que é até à uma da tarde, e depois fica nevoeiro. Hoje, com a caminhada que tenho para fazer, até calha bem não fazer sol quente. Mas também calhava bem não chover…
São 8h57. O doce de damasco é o negócio da Alvart. Tem uma galinha, os ovos são desta. Não tem vacas. O tomate, ontem, é de Yerevan, aqui só há tomates verdes, explica-me o Jivan. O resto é tudo cultivado aqui. Não é manteiga, é creme de barrar. O queijo é extremamente salgado e muito difícil de comer por causa disso. Perguntei se era possível experimentar outro queijo amanhã.
O Jivan diz-me que vai fazer um assado de porco esta noite com batatas e legumes, eu dei o ok.
Existem outros dois hóspedes no hotel: nesta foto vê-se a Olga, que é russa: anda a fazer uma viagem de sete dias pela Arménia, com um guia privado, arménio. A Olga está alojada no quarto ao meu lado, no 1º andar. O seu motorista, que se chama Artur, está alojado no 2º andar. São silenciosos, porque dormi dez horas seguidas e ninguém me incomodou.
O Jivan, o Artur e a Olga.
São 10h45 e a Olga vai fazer o mesmo caminho que eu: também vai no teleférico até Tatev, visitar o mosteiro, pelo que aproveitei a sua boleia desde o hotel até ao teleférico: é uma grande subida, com mais de 2 km. Durante este tempo, desde que tomei o pequeno-almoço até agora, estive no quarto e deitei-me vestida e tapada na segunda cama. Estivemos todos a aguardar que parasse de chover. Este frio faz-me logo produzir expetoração nasal. (Ranho!, entenda-se). Fui responder às mensagens de WhatsApp da Vlada (que conheci na crónica 16, e que entretanto já está na Rússia), da Nelly (da churrascaria de Mush, crónica 13, que me está a perguntar se está tudo bem) e da Milena, que entretanto reagendou o meu táxi partilhado entre Yerevan e Mush, pois eu decidi sair de Goris no autocarro das 15 horas, em vez do das 9 da manhã. Expliquei à Milena o porquê da minha alteração de planos: quero dar uma volta aqui na aldeia, amanhã de manhã, e quero o pequeno-almoço que é servido às nove.
Temperaturas em graus Celsius, para hoje e para os próximos dias. Por aqui ainda é pior que Gyumri.
O teleférico fica lá em cima.
Lá em baixo está Halidzor, e dentro do círculo verde, o hotel.
Cá estou eu novamente. O Artur está na bilheteira, a Olga está lá ao fundo, de branco. Quando fui comprar o meu bilhete, as senhoras da bilheteira perguntaram-me, em inglês, como é que eu resolvi ontem a situação. Elas ainda se lembram de mim! (Pergunto-me agora se alguém alguma vez esquecerá, entre os funcionários do teleférico, a zanga e os gritos que eu dei, furiosa, neste átrio).
São 11h40.
6500 drams são 15,48€. Este é um bilhete apenas de ida. O regresso tem o mesmo preço. Um bilhete ida e volta, junto, ficaria mais barato, mas eu não sei como vou regressar, nem a que horas. O bilhete exige que marquemos uma hora. Este bilhete é válido apenas até ao teleférico das 11h45. Não é reembolsável.
É possível comprar um bilhete mil drams mais barato, através do website dos teleféricos, na véspera, mas é obrigatório marcar uma hora – entre 10 e as 11, por exemplo – e a minha vida é demasiado incerta, neste momento, para comprar um bilhete nestas condições. Ontem eu disse isto ao Luca, o turista italiano – que ele teria um bilhete mais barato se o comprasse através da internet, e ele também não sabia disto.
Este teleférico sai caro, portanto, 31€ ida e volta. Regressar de táxi é o mesmo preço. Normalmente ninguém anda entre os dois pontos – Halidzor e Tatev – de táxi, porque é uma volta enorme cheia de curvas, pelas montanhas; vai tudo direto no teleférico.
Este teleférico é conhecido como “Asas de Tatev” – ou mais comumente chamado em inglês “Wings of Tatev”. Foi inaugurado em 2010 e a viagem dura aproximadamente 12 minutos. É o teleférico reversível mais longo do mundo, com uma extensão de 5,7 km.
Um “teleférico reversível” é um tipo de teleférico em que duas cabinas se movem simultaneamente em direções opostas ao longo do mesmo cabo. Quando uma cabina sobe, a outra desce, e vice-versa. Este sistema é eficiente em termos de energia, pois o peso de uma cabina a descer ajuda a puxar a outra para cima. Ao contrário de outros sistemas de teleférico em que várias cabinas circulam continuamente num loop, os teleféricos reversíveis têm apenas estas duas cabinas que alternam os trajetos, de ida e volta, entre os pontos de partida e de chegada. Este tipo de teleférico é ideal para percursos mais longos ou terrenos mais acidentados, como é o caso do teleférico de Tatev.
Grande Ermida de Tatev (ou em inglês: Great Hermitage of Tatev), fundada por monges em 1608–1613.
O desfiladeiro do rio Vorotan.
Já se vê o mosteiro de Tatev.
O sistema deste teleférico possui um cabo de tração, que se movimenta em sincronia oposta: um puxa enquanto o outro solta. Além disso, para garantir a estabilidade, há também dois cabos fixos (cabos portadores) que sustentam as cabinas. Cada cabina é suspensa por dois cabos portadores, mas a movimentação em si é feita pelo cabo de tração.
Portanto, cada cabina do teleférico de Tatev tem três cabos: dois cabos portadores para estabilidade, e um cabo de tração para movimentação. Este sistema de três cabos é comum em teleféricos de alta capacidade e longa distância, pois maximiza a segurança e o conforto dos passageiros, garantindo uma viagem suave e estável, mesmo em condições difíceis.
Mosteiro de Tatev, fundado no século IX. Durante a sua época de ouro, entre os séculos IX e XIII, o mosteiro abrigou uma universidade medieval. Esta universidade foi um dos maiores centros de aprendizagem da Arménia, onde se estudavam disciplinas como filosofia, teologia, ciência e arte.
O nome “Tatev” deriva de uma lenda local. Diz-se que, ao terminar a construção do mosteiro, um dos seus arquitetos pediu a Deus que lhe desse asas para poder contemplar a sua criação do céu. Em arménio, “Ta Tev” significa “Dá-me asas”.
Turistas muçulmanos, estrangeiros, talvez do Afeganistão ou Paquistão, que vêm visitar o mosteiro cristão. As crianças e o marido vestem-se normalmente, as mulheres têm que usar o niqab. (A burca cobre todo o rosto com uma malha na área dos olhos, enquanto o niqab cobre o rosto, mas deixa os olhos descobertos).
Estive uma hora sentada aqui dentro, a observar. Fui tirando as fotos sem flash, e com um zoom relativamente grande, porque eu estou sentada num banco um pouco longe. O padre vai rezando e abençoando todos os que o desejam. Sabe que eu estou a fotografá-lo, e já olhou para mim, mas não se importa. Gosto de gente assim, que não é fanática. A sua figura é impressionante, não me canso de tirar-lhe fotos.
Sinto-me bem aqui dentro, neste ambiente tão solene, tão antigo, e ao mesmo tempo tão dinamicamente turístico, com o corrupio constante de turistas que chegam e partem rapidamente.
São agora 13h31 e eu sigo para o meu próximo destino: “Devil’s Bridge” – a Ponte do Diabo, que se situa no desfiladeiro do rio Vorotan. Este desfiladeiro vê-se nas fotos acima, durante o trajeto do teleférico. São 5,5 km de distância com 588 metros de desnível. Eu vi na internet vários testemunhos de caminhantes, nesta zona, dizendo que é uma experiência espantosa. Desta vez não venho de bicicleta, e farei trekking. A aplicação Maps.me diz-me que é previsto fazer este percurso em 2 horas e 12 minutos.
A aplicação Maps.me manda-me saltar este rail e seguir em linha reta até à estrada que se vê lá em baixo.
Mas não deu. É uma ravina muito íngreme, tive que voltar para trás e seguir pela estrada até lá.
Agora manda-me meter-me por este caminho em frente.
Estou no caminho certo. Na linguagem do trekking, este sinal é uma marcação de trilho. Especificamente, esta marcação branca e vermelha é utilizada em caminhos de grande rota (GR), que são percursos de longa distância.
Tenho duas complicações neste percurso. Aliás, tenho várias. Mas as principais são o clima – as nuvens começaram a descer, e ficou cerradíssimo, cheio de nevoeiro que me encharca a roupa e o cabelo, parece que estou a andar debaixo de chuva; e acima de tudo, o próprio percurso, que, apercebo-me, não é utilizado há muito tempo. A vegetação é mais alta do que eu, e tem picos cerrados. E se repararem, está tudo molhado. E eu estou a ficar igual. Os meus ténis e as meias estão completamente ensopados – os pés chapinham dentro dos ténis, a cada passo que dou. Este tempo trocou-me as voltas. Eu tinha visto testemunhos na internet alertando para o facto de estar muito calor e de ser necessário levar água em abundância para fazer estes caminhos. Ora eu não tenho calor nenhum, estou com um pullover de lã, e tenho água até demais, estou a ficar com o cabelo todo molhado, e os ténis estão encharcados.
Estive aqui uns minutos a decidir o que fazer. Ainda baixei toda esta vegetação que se vê na foto, com a sola dos ténis. Existem cardos de um lado e de outro, eu tinha que afastá-los para conseguir passar. E efetivamente baixei-os e deixei o caminho aberto para o próximo caminhante. Mas todo o caminho à minha frente é igual, depois de eu ter passado esta parte. Será que há outro caminho mais usado, que não este que a app do Maps.me me está a dar? Fui espreitar aqui à volta, a ver se destrinço algum caminho. Afinal de contas, logo no início, estão os três traços pintados na pedra – eu estou mesmo num caminho de trekking. E estamos em julho, mas não há ninguém.
Hoje – já depois de regressar a Portugal – solto uma gargalhada ao ver esta foto. Eu estou completamente emaranhada na vegetação, não há caminho nenhum, nem consigo ver mais de cinco metros à minha frente, com as nuvens tão baixas. E não é suposto andar com roupa da mesma cor da vegetação. Se porventura eu caio, por exemplo, primeiro que me encontrassem, seria pior do que encontrar um soldado em guerra, com o camuflado, no meio da vegetação. Quando preparei a minha roupa em Mush, antes de vir para o sul da Arménia, nem me lembrei disto. Eu devia estar de vermelho, ou amarelo, uma roupa que se visse até do teleférico. Mas de qualquer forma, depois de ver os testemunhos e algumas imagens na internet, eu esperava um caminho para trekking mais suave, não esta coisa totalmente selvagem.
Tive que desistir e voltar para trás. Por esta altura tenho 1,8 km feitos, metade por estrada. E estou a ficar toda molhada com as nuvens.
Agora tenho de fazer um quilómetro por aqui acima, com os ténis as meias encharcados, e a ameaçar uma grande chuvada, além das nuvens. Era bom encontrar alguém que me desse boleia para cima.
Fui observando os carros que passam, para ver se têm famílias dentro – com mulheres e crianças. Enfim, não vou entrar num carro só com homens. Mas nada. Até as pessoas têm medo de mim, assim sozinha no meio das brumas. E só me veem quando estão em cima de mim, nem têm tempo de pensar, em segundos já desapareceram e deixaram de ver-me.
Pois este desgraçado – do carro da frente – não teve alternativa senão parar ao pé de mim porque o carro avariou-se. Eu fiquei parada a olhar. (Será que podem dar-me boleia?). Ele olhou para mim e não me ligou nenhuma, foi direto ao capot do carro. Isto foi logo na primeira curva, depois de eu sair do caminho de terra.
E num instante chegou o carro de trás, que veio ajudá-los. Ena bem, que confusão se arma aqui na estrada, no momento em que eu vou a passar. E enfim, com esta gente toda, será que alguém me dá boleia?
E eles aceitaram e mandaram-me sentar no banco de trás, no segundo carro. Eu estou a ficar cada vez mais molhada, com nuvens tão cerradas, e tenho a máquina fotográfica ao pescoço, dentro de um saco de plástico. Mas tirei-a do saco para tirarmos esta foto. A senhora chama-se Lucy, e a menina chama-se Milena. Então e não é que a Milena é a menina que estava a ser batizada, numa das fotos acima, com o padre à sua frente? Se repararem, a tshirt é a mesma.
No banco de trás está um rapaz dos seus dez anos que fala um pouco de inglês comigo. Explicaram-me que são quatro carros, três arménios e um quarto carro também com arménios, mas a viver em Moscovo (que é a Lucy e a família). Deram-me boleia até lá acima. O carro da frente também foi, terá que ir para a oficina.
Trocámos de WhatsApps, e já depois de eu estar em Portugal continuamos a trocar mensagens ocasionais. Estão agora a ver as crónicas, pois claro. Este foi um episódio totalmente insólito, com dois carros a caírem de paraquedas, ao meu lado.
São 15h36 e chove. Está difícil de concretizar os meus planos, nestas terras. Ontem foi uma luta para chegar a Old Khndzoresk, hoje é outra luta para chegar à Devils Bridge.
Esta senhora chamou-me e emprestou-me o chapéu de chuva. Disse-me para eu ir visitar o mosteiro com ele, e depois à saída, devolvo-lho. É simpática, e quer com certeza que eu preste atenção às iguarias que vende. Já cá volto.
Regressei ao meu banco do mosteiro, duas horas depois de aqui ter estado, desta vez com os ténis e as meias completamente encharcados, e o cabelo todo húmido. O padre já deve pensar que eu quero viver aqui.
Quais são os planos, Rute? O que queres fazer?
Não tenho grande alternativa: o tempo está mau para ir a Devils Bridge, e – acima de tudo – eu não posso arrefecer, tenho que manter-me quente e em movimento.
Saí rapidamente, desta vez. Vou regressar no teleférico, ao hotel. Tenho que tomar um duche bem quente e calçar umas meias secas. Felizmente o hotel disponibilizou uns chinelos de cortesia, de papel e pano.
Estes doces apresentei-nos na crónica 17, quando estive no mercado arménio, em Yerevan. Chamam-se “sweet sujukh” em inglês, ou “chouriço de nozes” ou “chouriço doce” em português. É uma sobremesa tradicional arménia feita com nozes ou amêndoas, cobertas com um xarope de açúcar cozido com sumo de romã e aromatizado com especiarias como cravo, canela e cardamomo. A mistura de nozes é moldada em formato de linguiça e mergulhada várias vezes no xarope de açúcar para criar uma camada cristalizada doce por fora.
Por dentro tem uma linha, tal como uma vela, ao longo de todo o doce, que a senhora puxou e tirou. (Aliás, a linha vê-se nesta foto).
Além de romã, os outros são de uva, damasco, e kiwi.
E fazer uma viagem de teleférico, com tudo cerrado? Coitadas destas pessoas, se calhar tinham o bilhete marcado. Ou então precisam mesmo de deslocar-se para o outro lado. Porque de panorâmico esta viagem não teve nada – não se vê nada!
Que belo dia eu escolhi para vir ao sul da Arménia. E agora tenho 2,5 km para fazer até ao hotel. Não há táxis. Está tudo deserto. Não há Yandex Taxis. Um funcionário – acho que era jardineiro – ainda me perguntou quanto é que eu dava por um táxi. Para fazer 2,5 km? Uns 700 drams. Ele fez-me um gesto dizendo que era impossível. Tem que vir um táxi de Goris, são 5.000 drams. Alguma vez eu vou pagar 5.000 drams para fazer 2,5 km?…
Fui-me embora a pé, com os pés a chapinhar dentro dos ténis.
Será que alguém me dá boleia?…
Ou tenho que avariar outro carro?…
E consegui outra boleia! Fiz poucos metros e passaram alguns carros, eu a observar quem ia dentro, para ver se era de confiança. Passou este carro, com um homem e uma mulher, e eu fiz o sinal de boleia, com o polegar. Apanharam-me.
E vim a descobrir mais tarde que a senhora é irmã do Jivan, o dono do hotel.
O Garik, de 52 anos (é militar e os outros chamam-no de general) ensinou-me a jogar. O jogo chama-se “Nardi”, como expliquei na crónica 3. Os homens arménios estão sempre a jogar este jogo. Temos que atirar os dados, e os números que saem, são as casas que eu avanço. As minhas peças são as pretas. Mas não consegui perceber o objetivo do jogo e cansei-me de ver as peças a andarem. E tenho os ténis encharcados, quero ir tomar um banho quente. Ri-me e desisti do jogo; deixei-o retomá-lo com o seu amigo.
São 16h42. A Olga e o Artur já regressaram também do seu passeio. Foram a Devils Bridge, de carro. O Artur perguntou-me porque é que eu fui a pé. Enfim, há quem goste de fazer trekking pelas montanhas; o tiro saiu-me é pela culatra. Amanhã de manhã é a primeira coisa que faço: ir a Devils Bridge. Vamos ver quem é mais teimoso.
E vou ter é um belo assado para este almoço ajantarado.
Tomei banho com os ténis e as meias. As meias ficaram tão encardidas que nem com um banho quente ganharam a cor original. Sequei os ténis o melhor possível com uma toalha, e usei o secador de cabelo. Durante a noite secarão o resto. É o único calçado que trouxe, é bom que sequem.
Entretanto a Alvart arranjou-me estes chinelos.
Beringela, tomate, pimento assado – tudo cortado aos pedaços pequenos por cada um de nós. Depois: cartoska (batatas assadas) e carne de porco. Este é o assado tradicional arménio.
São 6 da tarde e o dia acabou muitíssimo bem, depois de todas as atribulações que passei hoje.