Dia 20 – De bicicleta até Meghrashat

Hoje é sábado, 20 de julho de 2024.
Acordei às 3 da manhã, sem sono, mas depois voltei a dormir. Não me atrapalhei: estive a analisar percursos no telemóvel, nas aplicações Maps.me e Yandex Go; este é um trabalho inesgotável. Dão chuva para as cinco da manhã, e efetivamente às 4h30 começaram as trovoadas. Voltei a dormir das cinco às sete, e completei as habituais sete horas de sono. Hoje quero ir de bicicleta até à povoação de Meghrashat, e não faz mal partir um pouco mais tarde, porque muito cedo não há ninguém nas ruas, as pessoas ainda estão a dormir ou fechadas em casa, e há cães na rua que vêm a ladrar atrás de mim, por estranharem a hora matinal. E entretanto para de chover. Dão sol para toda a semana exceto esta chuva de hoje.

São 7h40.

São 8h17 e eu parto. O meu destino é onde se encontra a bandeira axadrezada; fica a 19 km de distância.
Já estive em Marmashen, em Horom, e em Aghin. Hoje vou até Meghrashat. É uma aldeia tão pequena que nem aparece o nome dela, neste mapa. No mapa anterior fui eu que a acrescentei. Meghrashat não aparece em lado nenhum – o que é maravilhoso, tenho sempre boas surpresas nestas pequenas aldeias.

Mal saio dou conta que o meu selim se moveu – baixou a parte da frente. É muito desconfortável pedalar assim, e com certeza fará mal à coluna. Agora tenho de seguir assim.

À esquerda, a estátua da “Mãe Arménia”, que visitei na crónica 4. À esquerda também fica o quartel militar da Rússia. Aquela bandeira é russa.

Recordo que aqueles ferros fazem parte da infraestrutura de distribuição de gás natural.

Esta foto foi tirada muito ao longe, com o zoom no máximo, e ficou desfocada, mas mantive-a.

O rio Akhurian. Apresentei-o na crónica 10.

Ali de bengala está o Vachiq, de 75 anos, que me convidou para entrar e tomar um café. De tshirt branca vai o Hovannes, de 15 anos, a fugir da fotografia. E depois aquele vizinho, que não cheguei a saber o nome, retirou-se.

A Lolita, de 50 anos, ficou surpreendida com esta inesperada visita que o seu pai lhe trouxe, mas rapidamente preparou um café.

O Hovannes com a irmã Flora.

Estive aqui uns minutos, conversámos um pouco com o tradutor Google, não bebi o café todo, como é hábito, porque não estou habituada a beber café, e deixa-me elétrica. Mas acho que quando regressar a Portugal, depois de tantos cafezinhos com a população arménia, já devo estar um pouco habituada.

Aqui apanhei um valente susto. Cerca de 10 cães enormes vinham lá de baixo, de uma propriedade, atrás de mim, atacar, e foi um homem que lhes deu um berro e mandou parar. Cães enormes, como é hábito, os cães arménios parecem ursos. Aqui estou fora da aldeia, já ninguém me vê.
Dois cães ainda se aproximaram. Os outros ficaram para trás, mas estes dois vinham a perseguir-me. O homem entretanto desapareceu. Eu gritei “help!”. Os cães quando me ouviram gritar, acalmaram, pararam e deixaram de seguir-me. Que estranho. É assim tão simples? Basta gritar “help” e eles param? Eu nem esperei para ver se eles ficaram convencidos: desapareci dali a toda a velocidade. Ainda por cima a subir, eu com a bicicleta pela mão.

Ali é Mush 2, onde eu estou alojada. O terceiro prédio de trás, à direita, é o meu.

Um túmulo, isolado à beira da estrada. Aparentemente é de uma pessoa russa, pela estrela. Será que houve um acidente de carro aqui? A Leila (da crónica 8) disse-me que nesta zona viviam muitos azeris (do Azerbeijão), durante os anos de guerra na década de 1990, que fugiram. Será que esta pessoa ficou para trás?

Parece-vos um caminho no meio do nada? E se eu vos disser que há câmeras de vigilância aqui?

A câmera está ali em cima do ombro da Qnar. Ao seu colo está o Ashod.
Vou conhecer agora esta família.

A menina de tshirt preta chama-se Arpi; e de tshirt lilás é a Angela.
São 10h22.

Este cão ladrou tanto que até nos impedia de nos ouvirmos uns aos outros. Se esta corrente se tivesse quebrado, quando eu aqui apareci, ele ter-me-ia devorado viva.

O avô Hovannes estava sentado no sofá e não queria tirar fotos, mas depois viu-nos tão animadas, que se levantou e veio juntar-se a nós.
Estive aqui um pouco com esta simpática família, bebi café, comi bolachas e bombons, fomos conversando através do tradutor Google.

Agora são 11h05 e vou conhecer esta família. Creio que só pedalei uns 300 metros entre as duas casas!
A senhora com quem eu estou a falar, com um vestido turquesa, chama-se Lusine, tem 42 anos, e é professora de inglês! Fala inglês comigo!

O Ashod está a apanhar groselhas.

Ao meu lado, de casaco turquesa, é a Annie. Na ponta está a Satenik.
Repare-se no lavash – o pão tradicional arménio – que está em cima da mesa, enorme. Foi o lavash que mostrei numa das obras expostas no Centro Arménio de Arte Experimental Contemporânea, em Yerevan.

Provei o queijo, é muito bom.

Passei outra meia hora com esta família, também muito simpática; foi bom falar sem necessidade do tradutor Google. Quiseram dar-me algo, pareceu-me lavash, mas eu não quero andar carregada e agradeci, não pude aceitar.

São 11h38 e faltam 8 km para o meu destino.

Eis o Misha.
Eu disse-lhe o meu país e o meu nome, apontando para mim, e depois apontei para ele. O Misha disse-me várias vezes “Arménia” e “Cristian”. Eu já pensava que se chamava assim, Cristian, até que ele fez o sinal da cruz e eu percebi que estava a falar da religião. Finalmente percebeu que eu queria o seu nome e disse-me em inglês: “My name is Misha”.

Não sei como é que as coisas se proporcionaram, naqueles 2 ou 3 minutos, mas de alguma forma aconteceu: eu disse-lhe, por gestos, que o selim estava com uma inclinação indevida. Creio que o Misha estava a dar-me o ok à bicicleta, e eu respondi que não estava lá muito ok porque o selim está a inclinar-se. E ele foi ao seu carro, que está estacionado dentro do quintal (vê-se na foto acima) e trouxe umas chaves para regular a inclinação. E fiquei com o selim arranjado. Esta foi boa. Tudo isto se passou em três minutos. O nome e o selim.

Aqui aconteceu outro episódio relâmpago: eu apresentei-me e disse que sou de Portugal, chamo-me Runa. E depois eu continuei a minha apresentação: Sou artista. E a Milena respondeu-me: “Eu também!”.
Ao fundo está a Anna, a sua mãe. E ambas me convidaram a entrar em sua casa.

São 12h29 e a Anna está a preparar o almoço. A Anna também é professora de inglês, como a Lusine que visitei há pouco, na casa anterior, o que é ótimo, uma vez mais não foi necessário usar o tradutor Google. Falamos inglês fluentemente, e a Milena também.
Repare-se na panela amarela em cima da mesa: são peras cozidas. É o “kompot”: bebida preparada cozendo frutos num grande volume de água. Adiciona-se mel ou açúcar a gosto. É servida quente ou fria, e já tinha aparecido na crónica 8, quando visitei a Leila. Esta está quente, foi acabada de fazer e tem groselhas também.

Foi fantástico encontrar a Milena, que completou agora o 1º ano de Belas-Artes, na Universidade de Gyumri. (A fachada da universidade pode ver-se na crónica 2). Estuda Artes Gráficas, disse-me. A Milena – que tem um brilhante no dente, a foto não dá para ver bem – esteve a mostrar-me os seus lindíssimos trabalhos, e este é um deles. O Vahagh Ghukasyan, que me recebeu na crónica 1, é professor da Milena na universidade.

A Milena mostrou-me também um livro publicado com as suas ilustrações. São várias páginas, sempre com ilustrações suas, belíssimas.

Entretanto chegou o Aram, irmão da Milena, que foi direto ao computador. Tivemos nós que ir ter com ele, para fotografá-lo. Terminou recentemente os dois anos obrigatórios do Exército, e é formado em Programação Informática.

Depois chegou este carro que anda a vender legumes e fruta, porta-a-porta. Que maravilha, eu não precisar de ir à frutaria, e vir um carro vender-me à porta! Era bom, ter isto em Lisboa.

E a Anna gentilmente convidou-me para almoçar com eles. O Aram está a comer em frente ao computador.
Como podem calcular, tendo eu estado em três casas antes, a petiscar constantemente, não tenho grande fome, mas naturalmente que aceitei e comi um pouco.

Arroz de frango, legumes salteados, queijo de vaca feito com leite da sua vaca. A Anna tem três bezerros, e daqui a pouco vou vê-los. Repare-se na minha bebida – o kompot de pera e groselhas, ainda quente. E eu que adoro bebidas quentes. Bebi este copo e servi-me de mais, é delicioso, doce. Estava tudo muito saboroso, este almoço foi maravilhoso, na companhia da Milena e da Anna, a conversarmos em inglês.

A estufa da Anna em frente à sua casa.

A cadela está escondida, e estes são os 4 filhotes. A Milena diz-me que agora vão dá-los. Entretanto a Anna teve que ir comprar ovos e ausentou-se mais de meia hora; eu e a Milena ficámos sentadas à mesa a conversar. Falámos de muita coisa e trocámos de músicos e bandas preferidas: a Milena ensinou-me que os elementos da banda musical “System of a Down” são todos arménios. Eu nem queria acreditar, pensava que eles eram dos EUA, onde vivem. E eu que ouvi trezentas mil vezes uma das suas músicas, e ainda hoje me arrepio ao ouvi-los: “Toxicity”. Fica aqui o link para quem não conhece os System of a Down.
A Milena também me ensinou que o Charles Aznavour (1924 – 2018) era arménio. O seu nome de nascença, arménio, era Shahnour Vaghinagh Aznavourian. Os pais de Charles Aznavour fugiram da Arménia em 1922, devido ao genocídio [sobre o genocídio arménio, ver crónica 16], e estabeleceram-se em França, onde Charles Aznavour nasceu em 1924.

A Milena conta-me também que leva 30 minutos para chegar à faculdade, e outros 30 para voltar, na marshrutka, que passa de de 2 em 2 horas. Tratam os professores na faculdade por “amigo”. Não tratam por professor. É o “amigo Vahagh”. Mas em inglês dizem “professor”.
A faculdade custa quase mil euros, por ano – isto disse-me a Anna, posteriormente. E em Yerevan ainda é mais caro. Dois alunos da sua turma têm a faculdade grátis por serem alunos de excelência. Eu achei caríssimo, para o poder de compra da Arménia.
Eu perguntei se existe algum cinema em Gyumri. A Milena respondeu-me que fechou há 2 meses, e que há um teatro aberto.

A Anna tem que ir trabalhar, e eu e a Milena seguimo-la.

A Milena e o Aram não querem saber das terras, é a Anna que cuida de tudo sozinha. A certa altura dei conta que eu e a Milena – ambas de tshirt amarela – estávamos especadas a ver a Anna a trabalhar. “Aqui estão duas artistas a olharem para uma trabalhadora”, disse eu. E rimo-nos as três. (Eu, como artista, trabalho loucamente, meus amigos, não se deixem enganar pelas minhas palavras trocistas – troçando de mim própria).

A Anna orgulha-se de ser mulher, de criar a sua família, de ter os dois filhos na universidade, e de cuidar das suas terras e dos seus animais. “És uma super-mulher!”, disse-lhe eu.

São 15h03 e eu parto. Passei duas horas e meia com esta família, e a conversar com a Milena. Foi bom encontrar alguém das Belas-Artes.
A Anna, que entretanto regressou, quis dar-me dois pepinos, mas eu não quero andar carregada e fiquei com apenas um, pequenino.
Faltam 4,8 km para o meu destino: a povoação de Meghrashat.

A fronteira com a Turquia. Recordo que a Arménia e a Turquia têm relações diplomáticas cortadas desde 1993.

Sobre os System of a Down (SOAD), encontrei depois, na internet, um estudo académico feito numa universidade do Brasil, sobre como a sua música recuperou a memória do genocídio arménio. Fazendo pesquisa na internet, encontrei bastante informação: canções como “P.L.U.C.K. (link) (“Politically Lying, Unholy, Cowardly Killers” – Assassinos politicamente mentirosos, ímpios e cobardes), do álbum de estreia da banda, é uma referência direta aos perpetradores do genocídio arménio. Esta canção chama à responsabilidade os que continuam a negar ou minimizar o que aconteceu:

Elimination, Elimination, Elimination
Die, Why, Walk Down, Walk Down
A whole race Genocide
Taken away all of our pride
A whole race Genocide
(SYSTEM OF A DOWN, 1998)

Tradução para português:
Eliminação, Eliminação, Eliminação
Morre, Porquê, Desce, Desce
Um genocídio de toda uma raça
Tiraram todo o nosso orgulho
Um genocídio de toda uma raça

A Turquia continua a negar o genocídio, e ameaça os que querem reconhecê-lo.
O Parlamento Europeu reconheceu o genocídio em 1987. Em abril de 2021, o Ministro das Relações Externas turco disse que qualquer movimento feito pelo presidente dos EUA, Joe Biden, para reconhecer o massacre de arménios cometido pelos otomanos em 1915, como genocídio, prejudicaria as relações entre os dois membros da NATO. Nesse mesmo ano, o Presidente Joe Biden reconheceu formalmente o genocídio arménio. Em 2015, durante uma missa no Vaticano que marcou o centenário do genocídio, o Papa Francisco referiu-se aos eventos de 1915 como “o primeiro genocídio do século XX”. Esta declaração causou grande impacto global. Como consequência, a Turquia retirou o seu embaixador em Roma.
O reconhecimento do genocídio arménio é uma questão sensível e continua a ser um ponto de discórdia em várias relações internacionais, especialmente no que diz respeito às relações com a Turquia.

São 15h38 e estou a chegar ao meu destino final: Meghrashat. Estes passeios de bicicleta são o exemplo perfeito de que o que interessa nem é tanto o destino final, mas todo o caminho que percorremos até lá chegar.

A Gayane está a apanhar groselhas.

Este cão anda muito contente por aqui a brincar sozinho. Perguntei à Gayane se é seu, ela respondeu-me que não.

E aqui tive um sobressalto. Apareceu um homem muito desconfiado comigo, pegou-me na máquina fotográfica, ao meu pescoço, e queria que eu lhe mostrasse as fotos. Ao que parece já toda a gente nesta vila sabe que eu tirei uma fotografia à fronteira com a Turquia. Ele andava à procura dessa fotografia. Efetivamente um carro foi atrás de mim, depois de eu ter tirado a fotografia, e os dois homens que iam nele abordaram-me enquanto eu pedalava (eu parei). Um deles estava fardado. Mas não teve consequências, eu disse que andava a passear, continuei o meu caminho, e eles continuaram o deles.
Querem ver que vamos ter outro episódio como o da crónica 12, quando eu ia a caminho da Basílica de Yereruik e fui pedalando ao lado da fronteira? Desta vez já não estou tão amigável e retirei-lhe a máquina das mãos com maus modos.
E o homem não vai de meias medidas: telefona para os militares e aparece logo um jipe branco, com dois militares dentro, e um deles sai para falar comigo.

Que stress tão grande, esta fronteira. Mas não deveriam ser os turcos a estarem preocupados que eu passe a fronteira para a Turquia? Já viram os turcos, a terem que aturar a Rute Norte? Eles é que deviam estar preocupados, não os arménios. Não consigo perceber este stress. Foge para a Turquia, foge, leva a bicicleta e deixa-nos em paz! – era o que os arménios deveriam dizer. Não, aqui andam eles atrás de mim com medo que eu salte o arame farpado. Mas o que é os arménios querem que eu faça à fronteira, com uma fotografia?

Hoje eu recordo as palavras que a Leila viria a dizer-me mais tarde: sê misericordiosa, disse-me ela. E sabendo tudo o que já sei sobre a história da Arménia, eu tenho que compreender esta situação que estou a viver neste momento, com um carro militar parado ao meu lado, na bicicleta, a investigarem a minha presença aqui. O povo arménio sofreu tanto, mataram-nos à fome, afogaram-nos, queimaram-nos, assassinaram as suas crianças. O trauma ainda não passou. A Turquia, aqui mesmo ao lado, por detrás deste arame farpado, continua a ameaçar potências internacionais pelo facto de reconhecerem o genocídio. Se não atacou já a Arménia, foi porque a Rússia sempre teve tropas aqui estacionadas e não o permitiu.
Eu tenho que saber compreender todo este jogo.

Os militares pediram-me o passaporte. Desta vez fui mais cautelosa – começo a ganhar experiência nestas coisas, e perguntei se são arménios. Claro que são arménios, eu conheço-lhes as fardas. Mas quis deixar isto bem claro. Eu mostro-vos o meu passaporte porque vocês são arménios.

Quem veio salvar esta situação toda, deste ambiente desgraçado que aqui se instalou, foi o Suren, nesta foto – o pai da Gayane – que me convidou para tomar café em sua casa. Como se percebe pela foto, o ambiente desanuviou bastante.
Pois o Suren, que tem 63 anos, é um militar reformado. Está habituado a estas coisas dos militares, portanto, e repetiu-me pelo menos três vezes, ao longo deste lanche: “Está tudo bem”. “Everything ok” – dizia-me ele, em inglês, para tranquilizar-me.
Ao lado está a sua mulher Irina, de 56 anos; dia 3 agosto voam para Moscovo, vive lá o filho, irmão da Gayane.
E finalmente a Gayane, que tem 40 anos, é enfermeira, mas atualmente não exerce, tendo optado por ter um negócio de manicure.

O prato branco contém um queijo típico da Arménia. O Suren disse-me para eu cheirar o queijo. Cheira a peixe, e como tal inicialmente eu pensava que era uma iguaria feita com peixe. Ensinaram-me a comê-lo: abrir o pão, colocar o queijo e as verduras (alface, salsa ou coentros? ou as duas coisas? Não faço ideia, nunca consigo distinguir salsa de coentros). Fechar o pão e comer. Pois é delicioso, posso dizer, muitíssimo bom, com esta mistura de vegetais. Fica muito exótico.

Também me ensinaram a comer as groselhas assim, pois são um pouco ácidas.

E eis que chega o taxista Bagrad, cujo contacto me foi dado ontem pela Nelly. Eu pensava que podia chamar um Yandex Taxi aqui em Meghrashat, para levar-me de volta a Mush 2. Mas não dá – o Yandex Taxi não funciona nas pequenas aldeias. Então enviei uma mensagem ao taxista Bagrad perguntando-lhe se ele podia vir buscar-me.

A bicicleta ainda deu luta para entrar no carro. O táxi tem uma grande coluna de som no porta-bagagens, com fios ligados, claro, que não pode ser removida.

São 17h27 e parto de Meghrashat. Hoje de manhã parti na bicicleta às 8h17. Os 19 km de hoje fi-los em nove horas!
Foi um belo dia, mesmo com os militares atrás de mim. Nunca tinha tido militares atrás de mim – se não contarmos com um namorado que tive, há uns anos.

A última foto do dia é da Gayane, a senhora que faz a contagem do gás. Eu ia a chegar com a bicicleta (a subir 5 andares com a bicicleta…) e ela tinha ido bater à minha porta. Contou o gás no meu estúdio, e depois pediu-me para contar o do estúdio ao lado – eu abri-lhe a porta. Alguém alguma vez fotografou a pessoa que conta o gás? Daí o seu entusiasmo.

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