Dia 1: A viagem, o apartamento e ruas à volta

Os voos correram bem, com algumas horas de atraso pelo meio, mas sem consequências. Fiz os voos durante a noite: parti com a TAP Air Portugal (um voo de 3h05), fiz escala em Frankfurt (2h45) e depois parti com a Lufthansa até Yerevan, a capital da Arménia (um voo de 4h10). Aterrei às 4h30 da manhã, hora local. A viagem entre Lisboa e Yerevan, com as escalas, era suposto durar dez horas, mas a Lufthansa teve problemas técnicos – e vimos a equipa técnica a passar, para dentro do avião – e atrasou-se 1h30.
Estes voos noturnos e chegadas de madrugada são sempre violentos, transtornam completamente os sonos, mas para Yerevan só existem voos assim. Pesquisei muito até encontrar estes voos, com uma boa ligação, com boas companhias aéreas e com bom preço.
À chegada, no aeroporto, comprei um cartão de telemóvel com internet ilimitada e 2 mil minutos de chamadas nacionais, por cerca de 12€. É um cartão para turistas, tive que apresentar o meu passaporte, e é válido apenas durante um mês. Antes disso converti euros em drams, a moeda local. Às 5h da manhã está tudo aberto, no aeroporto. Paguei o cartão de telemóvel já com drams. 1€ equivale a 420 drams.

Tirei esta foto em Frankfurt por graça, por ver um avião às riscas verdes. E havia outro às riscas vermelhas.

São 6h15 da manhã e eu até estou com tonturas por não ter dormido nada durante a noite – não consegui dormir nada de jeito nos aviões – mas parece que estou muito contente. Quem me tirou esta foto foi o taxista. Venho cheia de roupa, porque me esperam 10 e 11 graus Celsius de temperatura, de manhã, em Gyumri (50 Fahrenheit). Depois à tarde fazem 27 ou 28 graus (82 Fahrenheit). Tive que vir carregada com roupa para temperaturas frias, e roupa para temperaturas quentes. Isto ocupou-me imensa bagagem: a minha mala grande vem com 23,7 kg, também carregada com material de pintura.

Depois é necessário apanhar um táxi até ao Studio 20, da Art Basis, no centro de Yerevan, onde um dos responsáveis pela residência artística me espera. Entretanto fez-se dia – amanhece cerca das 5h30. Tinham-me dito que o táxi anda pelos 3.000 drams (7€) e leva cerca de meia-hora. Tinham-me falado também da app “Yandex Taxi”, para chamar um táxi. Mas eu nunca imaginei que no aeroporto já fosse necessário usá-la. Normalmente há sempre táxis nos aeroportos, pelo que eu saí com as bagagens à procura da paragem de táxis. Ainda dentro do aeroporto, fui abordada por este taxista, no meio de várias pessoas que assistiram a tudo, e falaram com ele inclusivamente (em arménio), que me perguntou se eu queria um táxi. Sim, quero.
Ora vim a descobrir que cometi um erro crasso: os táxis na Arménia só podem ser contratados através da app “Yandex Taxi”. O resto é burlas para cobrar dinheiro. Então este taxista que se vê na foto estava a pedir-me 10.000 drams (24€) quando o táxi custa 3.000 (7€). Esta profissão de taxista é tramada; são conhecidos mundialmente por burlarem as pessoas, é uma coisa incrível. É uma pena para os verdadeiros profissionais – pois também apanhei durante esta viagem bons profissionais. Mas a fama ninguém lhes tira, por causa destas pessoas. E não existe nenhum controlo destas burlas por parte das entidades nacionais, na Arménia. Em Portugal, por exemplo, seria impensável alguém fazer-se passar por um táxi (e taxista) e apanhar passageiros desta forma.

Acabou por sobrar para o Momik Vardanyan, um dos fundadores da Art Basis, que me recebeu, e que teve uma discussão enorme com aquele pobre diabo. Para acabar com a discussão eu cedi metade do valor que ele pedia: 5.000 drams (12€).
São 7 da manhã.
A outra fundadora da Art Basis é Mary Mikaelyan, quem tratou de tudo comigo, por email e por videoconferência, antes da minha chegada, e que vive na Alemanha.

O Studio 20.

O Momik bebe uma cerveja, pois ele ainda nem se deitou, fez noitada; e eu bebo leite, que entretanto fomos comprar ao supermercado.

São 8 da manhã e agora tenho quase duas horas de viagem, neste táxi partilhado, até ao distrito de Mush-2, que fica na cidade de Gyumri. A Art Basis tem aqui – em Mush 2 – quatro apartamentos com estúdio, para residências artísticas. São 123 km de distância. A viagem num táxi partilhado tem um preço fixo, independentemente do número de pessoas que vão dentro: 1500 drams por pessoa (3,57€). Como eu tenho bagagem a ocupar um lugar, paguei outros 1500 drams. Estes táxis partilhados são os transportes públicos existentes nesta zona entre Gyumri e Yerevan. Eu poderia ir num táxi só para mim, e a viagem ficaria em 37€. Também existe o comboio, pelo que vejo na internet é três vezes ao dia, mas a viagem é demorada: um pouco mais de três horas.

O meu apartamento fica neste prédio: as seis janelas do último andar, que fazem esquina, são minhas.

A receber-me, com as chaves do apartamento, tinha o gentil Vahagh Ghukasyan, diretor da Academia Nacional de Belas-Artes em Gyumri, que me trouxe esta bicicleta no seu carro, e ajudou-me a subir tudo para o quinto andar. O prédio não tem elevador. A azáfama foi de tal ordem, que me esqueci de tirar-lhe uma foto; mas irá aparecer amanhã.

Conheci a primeira pessoa no meu prédio: a Gemma, que não fala inglês, mas desta forma consegue explicar-me que o seu neto fez este desenho com certeza com um dos artistas que aqui esteve, antes de mim.

900 drams são 2,14€; 200 drams são 0,48€.

Outro transporte público na Arménia: os minibus, ou as “marshrutkas”, como são chamadas aqui. A palavra “marshrutka” é de origem russa e refere-se a uma pequena carrinha ou minibus usado como transporte público. A palavra é um diminutivo de “маршрутное такси” (marshrutnoye taksi), que se traduz como “táxi de rota” ou “táxi de percurso”. As marshrutkas seguem rotas fixas e são comuns na Rússia e outros países da ex-União Soviética, como a Arménia. O bilhete tem um preço fixo: 100 drams (0,24€).

Não existem cafés ou pastelarias na Arménia, é um hábito que não têm. Vi apenas um café (um estabelecimento comercial, com bebidas e bolos) numa zona altamente turística, onde irei estar mais à frente. O habitual aqui na Arménia é beber café nestas máquinas de rua.

A rua principal tem uma farmácia e dois supermercados, além de pequenas lojas. Comprei produtos nos dois supermercados.
As ruas estão muito limpas, não há lixo no chão.

São 2 da tarde e eu comi o que encontrei, em Mush: a minha primeira Shawarma, de porco, por 900 drams (2,14€). Também vendem de frango, vim a saber mais tarde.

250 drams são 0,60€. O euro é poderoso na Arménia.
Esta senhora explicou-me através do tradutor Google que foi a sua filha de 19 anos que decorou a parede da loja.

São agora 14h30. Eu dormi quase duas horas, no apartamento, entre as 11h30 – e deixei despertador para as 13h15, senão dormia a tarde toda. Aqui na Arménia são três horas a mais, ou seja: em Portugal são 11h30 da manhã, aqui são 14h30. Estou com os sonos completamente baralhados, e continuo com tonturas devido ao cansaço dos aviões, aeroportos e táxis, mas continuo muito contente, está visto, sobretudo com bolinhos destes a 60 cêntimos.

Escola.

Bananas 240 drams (0,57€).
Os damascos – que são o fruto nacional da Arménia, e que estamos precisamente na temporada deles – 80 drams (0,19€).
O garrafão de água 420 drams (1€).

Ainda tenho comida que trouxe de Portugal: um ovo cozido, uma sandes de queijo, dois queijos, chocolates, figos secos, nozes. Durante os voos não serviram comida.

Às 15h estou no apartamento e não saio mais. Estou cheia de sono.
Às 19h as crianças andavam a brincar nas escadas do prédio e vieram bater à minha porta e fugiram. Depois vieram tentar abrir a porta, se calhar pensavam que eu não estava cá dentro. Conversavam entre si, riam-se, corriam escadas abaixo.
Em breve irei conhecer-vos, meus amigos, mas agora nem me aguento em pé.

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