Dia 29 – Exposição final de pintura

Hoje é 2ª feira, 29 de julho de 2024.
A minha exposição está aberta entre as 8 e as 20 horas.

São 6h57. Hoje dormi umas seis horas apenas, acordei às 5h30, mas fiquei deitada até às 6.

Flocos de aveia para o pequeno-almoço. Já estavam cá na residência, num dos armários. Os meus cereais estão a acabar.

Enquanto eu tiro fotos junto às minhas pinturas, vejo os corvos a pousarem na janela e a levaram o pão.

São 10 horas e os primeiros visitantes de hoje são a artista do apartamento ao lado, Boglárka Balassa, que acabou de chegar, junto com o seu companheiro Gergő. São da Hungria mas vivem na Alemanha, perto de Estugarda. Fizeram escala em Viena de Áustria e chegaram às 4h45 a Yerevan. Estão estonteados com a viagem, tal como eu estava, quando cheguei, e vieram visitar a exposição antes de irem descansar um pouco.

São agora 13h. Ao meu lado, o Ashod, que apareceu na crónica 3; depois o Arman e o David, quem eu cumprimento com um aperto de mão, frequentemente, nas escadas e na entrada do prédio.

Agora com a Ruzanna também.

Agora com a Nare.

Às 13h25 começo a almoçar. Encomendei no restaurante cuscuz com cogumelos, mas não têm. Tive de ir escolher outra coisa e voltar a ligar. Escolhi então uma espetada de fígado de vaca (650 drams, 1,55€), batatas assadas com cogumelos (650 drams também), mais a entrega (500 drams, 1,19€), total 1800 drams (4,29€). O estafeta ligou uns 20 minutos antes de vir – fala arménio comigo – e eu fui para a rua, pensando que ele tinha chegado. Mas não, voltou a ligar-me e não sabe falar inglês. Eu passei o telefone a um rapaz que ia a passar na rua. Foi este rapaz, que eu nem fotografei pois não tinha a máquina comigo, que explicou ao estafeta onde é o meu prédio. Certamente estava a descrever isto. Eu fiquei na rua à espera, e como o estafeta nunca mais chegava, liguei-lhe e foi a Ruzanna e o Ashod que falaram com ele ao telefone. E depois nós – eu, a Ruzanna e o Ashod – falámos através do tradutor Google. Ele informou que iria chegar dentro de cinco minutos. Esperámos que ele fizesse a entrega, e subimos todos para o meu estúdio. Tirámos as fotos que estão acima.

Nas pontas estão a Anna e a Milena, da crónica 20, e ao meu lado, a Anahit, que me visitou, juntamente com a Milena, na crónica 23.

Da esquerda para a direita: a Ruzanna (que é muito fotogénica e quis que eu lhe tirasse três mil fotos em todas posições e mais algumas), a Anahit com a sua irmã bebé, eu, a Nare e a Angelina.

E chega a Leila, da crónica 8.

A Leila conta-me que ela, o marido e uma terceira pessoa (chamada Asmik) partem depois de amanhã para a Rússia; vão lá passar sete dias com um dos filhos. Eu parto para Portugal, a Leila parte para a Rússia.

A Sofia, do 2º andar.

O Marat e a Sofia, que são vizinhos entre si.

A Sofia convidou-me para tomar um café em sua casa. Enquanto chegam e não chegam novas visitas, eu acedo.

Depois chega a Goharit, da crónica 12, junto com o seu marido Aram e o filho Ruben.

O Ruben é tímido e foge das fotos.

O Gevor e o Narek.

O Narek com a sua avó Gemma, que apareceu na crónica 1.

A Gemma convida-me para tomar café em sua casa.

Os periquitos da Gemma.

O taxista Bagrad, das crónicas 20 e 22.
Também convidei o taxista Rubo. E também convidei o pessoal do supermercado.
Esta foto e as seguintes foram tiradas no dia seguinte, 3ª feira, mas junto-as aqui, nesta crónica.

A Nelly, da crónica 13.

As prendas que a Nelly me trouxe. O lencinho foi feito pela sua avó, que já não é viva, explica-me.
Outras pessoas também me trouxeram chocolates e bombons, irão aparecer na próxima crónica.

Acompanhei a Nelly até ela desaparecer entre os prédios de Mush 2.

A Gohar, da crónica 5, a primeira pessoa a receber-me em sua casa, nesta viagem pela Arménia.

Também fiquei a ver a Gohar a afastar-se, até desaparecer no meio das crianças, dentro da marshrutka.
Foi altamente emotivo, rever todas estas pessoas, sem esperar.

E no final senti tristeza. Vi-as partirem, acompanhei-as até o último minuto, sabendo que nunca mais voltaremos a ver-nos. Quer a Nelly quer a Gohar perguntaram-me se eu voltaria à Arménia, talvez para o ano que vem. Eu respondi que nunca repito um destino, que as viagens são tão grandes e tão caras e que há tantos países para conhecer. Senti tristeza por saber que nunca mais nos veremos. Foram pessoas onde existiu afinidade imediata; acolheram-me em suas casas e esforçaram-se por nos entendermos de outras formas, já que não falamos a mesma língua. Isto é a humanidade a funcionar.

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