Dia 21 – Dia inteiro de estúdio
Hoje é domingo, 21 de julho de 2024.
São 6h55.
Hoje não tenho nada para lhes dar!
A cervejaria do Rubik fecha aos domingos.
Às 11 horas encomendei por telefone o almoço no link do restaurante que o Hakob me deu (na crónica 13). Disseram que levavam 40 minutos a entregar, e quando se aproximou a hora, eu vim sentar-me aqui em baixo, na entrada do prédio. São agora 11h51. Afinal levaram hora e meia e eu esperei 50 minutos aqui sentada. Fui tirando fotografias entretanto. Aqui está o Ashod, à esquerda (já tinha aparecido na crónica 3, quando demos uma volta de bicicleta) e o outro menino eu ainda não conheço, e acabei por não ficar com o seu nome.
Ao meio-dia e meia chegou um Mercedes, muito velhinho, com o estafeta que eu já conhecia. Felizmente foi o mesmo – da crónica 14, e assim ele já soube o caminho.
Lahmajun (400 drams, 0,95€), e legumes salteados (800 drams, 1,90€). Com a entrega de 500 drams (1,19€) ficou em 1700 drams (4,05€).
O lahmajun é um prato tradicional da culinária arménia. É uma espécie de pizza. O meu tem carne, queijo e cogumelos. Os legumes salteados estavam bastante bons.
Estive a ver os pratos disponíveis neste restaurante – “Food Time” – que faz entregas ao domicílio. Também têm um separador dedicado à comida vegetariana.
Chakhokhbili é um prato tradicional da culinária da Geórgia, conhecido por ser uma espécie de guisado de frango com tomates e especiarias. Geralmente é feito com frango, cebola, alho, tomates, pimentões, coentro, vinho e especiarias como paprica e pimenta. O chakhokhbili é um prato saboroso e aromático, com um toque adocicado dos tomates e uma combinação de temperos que o tornam muito apetitoso. É comumente servido com arroz ou pão.
Chana masala é um prato vegetariano típico das culinárias da Índia e do Paquistão. O ingrediente principal é o grão-de-bico. Trata-se de um prato relativamente seco e picante, com um sabor ligeiramente cítrico. Para além do grão, os ingredientes incluem cebola, tomate, cúrcuma, semente de coentro, alho, malaguetas, gengibre e garam masala.
O que eu comi no restaurante no centro de Gyumri, na crónica 4: dolma com folhas de videira. Dolma é um prato tradicional em muitas cozinhas do Mediterrâneo, do Oriente Médio, do Cáucaso e do Norte da África. Consiste em folhas de videira recheadas com uma mistura de arroz, carne (geralmente cordeiro ou vaca), cebola, especiarias e ervas, cozidas num caldo aromático. Depois de cozido, o dolma é frequentemente servido com iogurte, limão ou molho de tahine.
Pode ser consumida quente ou fria. As folhas de videira adicionam um sabor único e uma textura leve ao prato.
Dolma com folhas de couve
Esta virei a experimentar mais à frente, no sul da Arménia.
O Khachapuri é um prato tradicional da culinária da Geórgia. É um pão recheado com queijo e pode ter diferentes variações dependendo da região. Geralmente, é feito com uma massa macia e recheado com queijo derretido.
Pelmeni é um prato tradicional da culinária russa, composto por pequenos bolinhos de massa recheados com carne picada, geralmente uma mistura de carne bovina e suína. Os bolinhos são cozidos em água e tradicionalmente servidos com creme de leite, manteiga derretida, vinagre ou molho de tomate. Os pelmeni são semelhantes aos pierogi poloneses ou aos raviólis italianos, mas com uma forma e sabor únicos. É um prato popular na Arménia e em outros países da antiga União Soviética.
O Pozharsky é um prato tradicional russo. Os principais ingredientes incluem frango, manteiga, pão (migalhas de pão, muitas vezes mergulhadas em natas ou leite, são misturadas com a carne para dar volume e leveza) e especiarias. A mistura é então moldada em forma de costeletas, coberta com uma camada de migalhas de pão secas e frita em manteiga até ficar dourada e crocante por fora, mas macia e suculenta por dentro.
Tabule, também conhecido como tabbouleh, é uma salada tradicional da culinária do Médio Oriente, especialmente do Líbano. É feito principalmente com trigo bulgur, salsa picada, tomate, pepino, cebola, hortelã, azeite de oliva, suco de limão, sal e pimenta. Esta salada é leve, refrescante e muito colorida.
Uzbek Plov, também conhecido como pilaf ou pilau, é um prato tradicional do Uzbequistão É um prato de arroz cozido em caldo de carne ou legumes com carne, como cordeiro, frango ou carne bovina, e temperado com especiarias como cominho, canela, cravo e pimenta.
Durante o dia, entre as 10 da manhã e as 5 da tarde, estive em intensa troca de mensagens com a Milena (que conheci ontem – crónica 20) a planear os transportes até ao sul da Arménia – até Halidzor. E depois o regresso. São 360 km de distância desde o meu estúdio até lá. A Milena esteve a ajudar-me; fomos vendo os horários, os percursos, e ofereceu-se para fazer-me as reservas. Ainda perguntei à Milena se ela queria ir comigo, ela nunca lá esteve; nem nunca organizou uma viagem até lá, está a descobrir tudo pela primeira vez, como eu. Foi necessário todo este tempo de pesquisa, para descobrirmos os transportes públicos com alguma certeza. A Milena, sendo arménia, consultou sites em arménio, inclusive o Instagram, onde as empresas de marshrutkas têm perfis abertos. Existe um site para turistas sobre os transportes públicos na Arménia: link. Mas recordo o que contei na crónica 18: eu experimentei telefonar para o número da marshrutka 607, que consta neste site, (é o minibus que vai de Yerevan para o sul), e perguntei “Do you speak english?” A senhora que me atendeu respondeu que não (ainda me disse “no” em inglês!) e desligou-me a chamada na cara. Claro que tive de pedir ajuda, e seria a Milena a telefonar daqui a uns dias e reservar-me um lugar. É dramático, ninguém falar inglês na Arménia, mesmo em locais turísticos. As línguas utilizadas são o arménio e o russo: todos os arménios são fluentes nos dois alfabetos, arménio e russo, escrito e falado. Os arménios acabam por ficar isolados do mundo por não conseguirem comunicar com mais ninguém além dos russos, e naturalmente que sentem receio do que não compreendem, e podem ser hostis, como esta senhora que me desligou a chamada na cara. Não foi a única. Até mesmo no restaurante – este, onde encomendei hoje – daqui a uns dias uma rapariga, gritou, enervada: “English no!”, e desligou-me também a chamada na cara. Felizmente ligaram-me de volta – ligou-me a rapariga que me atende habitualmente, e aceitou o meu pedido.
No meio desta azáfama, ao mesmo tempo estou a ultimar os pormenores com o taxista Bagrad, para a minha viagem amanhã até ao Lago Sevan. Vamos de manhã e voltamos ao final do dia. Estou em troca de mensagens com a Milena, para ir a Halidzor, e com o taxista Bagrad, para ir a Sevan. Neste último, estou a ver o perfil de elevação durante todo o percurso, para perceber que partes do caminho eu farei de bicicleta. E estou a explicar ao Bagrad. Eu escrevo em arménio, ele responde-me em português. Com a Milena falamos em inglês.
E ainda é preciso organizar tudo que vou fazer em Halidzor. A viagem é muito demorada, exige a alocação de três dias para ela. Tenho que estudar o que há lá a visitar. Vocês sabem o que há a visitar em Halidzor?
Pensavam que viajar era fácil? Viajar é uma arte e dá muito trabalho. Claro que há sempre a possibilidade de inscrição naqueles programas de grupo, com pacotes feitos, em que vai um guia à frente, com o chapéu de chuva aberto, para as pessoas não se perderem e seguirem-no como cordeirinhos.