Dia 7 – Dia inteiro de estúdio
Comecei hoje a pintar com óleo. Até agora tenho pintado com acrílico e materiais inodoros, como a barra de óleo ou o pastel de óleo. No caso de cheirar muito, irei colocar as pinturas no apartamento ao lado. Estou a trabalhar com a janela da frente aberta, para arejar, e ao mesmo tempo o aquecedor ao meu lado a bombar ar quente diretamente para mim. Fazem 22° às 11 da manhã (72 Fahrenheit).
São 8h35.
Leite quente com mel. Não há um copo grande aqui no estúdio, pelo que me sinto um gato a beber da tigela.
Encomendei à Nelly, por WhatsApp, duas costeletas de borrego para as 13h15, 1700 drams (4€); a Nelly avisa-me logo do preço, depois de pesarem as costeletas.
São 12h45 e eu saio para ir buscar o almoço. O Gevor e a Fenya passaram a manhã toda a brincar com água, nas escadas e na entrada do prédio. Eu estava a ouvi-los, no meu estúdio. As escadas estão cheias de água, e eles próprios estão molhados. Com a minha constipação, eu já teria morrido com tal brincadeira.
Comprei aqui damascos, 300 drams (0,71€). Dei uma nota de mil para pagar. A senhora da loja, que já me conhece, perguntou-me algo em arménio, e não propriamente de forma simpática. Pressupus que ela me estivesse a perguntar se eu não tenho algo mais pequeno. E eu respondi em português: “Não tenho trocos”. É assim a vida, falam comigo em arménio, eu respondo em português e ninguém se entende. Receber bem um turista é uma arte, e nem todos têm talento. Já na residência da Bulgária aconteceu o mesmo: havia uma rapariga no restaurante que repetia vezes sem conta uma palavra, com o montante a pagar, como se à força da repetição nós aprendêssemos búlgaro.
No supermercado. Pressuponho que isto seja tudo para fritar?
(Nota: vieram a ensinar-me, mais tarde, já depois de regressar a Portugal, que este alimento se chama “pelmeni” – no plural, ou “pelmen” – no singular. Consiste num recheio envolto numa massa fina. O recheio pode ser carne picada, batatas, cogumelos, legumes, etc. São cozidos, e por vezes há quem lhes dê uma fritura, posteriormente).
Hoje são costeletas de borrego. O lavash (o pão arménio) sabe bem com a carne, desta vez comi um pouco. Recordo que não há restaurantes em Mush, e a churrascaria que vende esta carne assada na brasa não vende o acompanhamento: arroz, batatas, ou seja o que for. Mais tarde ou mais cedo eu terei que começar a cozinhar.
À tarde já não liguei o aquecedor e livrei-me das meias, já sinto calor, significa que estou a melhorar. Está um pouco nublado e fazem 24° (75 Fahrenheit).
No entanto às cinco da tarde experimentei abrir uma janela para arejar as pinturas a óleo e deu-me um ataque de tosse violento; tive que fechar imediatamente a janela. As pinturas fui colocá-las no apartamento ao lado, nestas circunstâncias. Mas não posso ficar eternamente no ambiente protegido do estúdio, amanhã quero dar uma volta de bicicleta.
Já pintei tanto e ainda está tudo numa fase tão incipiente.
A esta hora, seis da tarde, faz grande ventania de nordeste novamente. 26 km/ hora e rajadas de 48 km/hora. A minha mãe disse-me ao telefone que em Lisboa também faz muito vento, e que as temperaturas são semelhantes.
São 20h. Passaram dois ciclistas com equipamento profissional; só fui a tempo de fotografar este.
Desliguei o pequeno aquecedor elétrico da tomada: podem haver relâmpagos durante a noite, e ainda mo estragam com uma descarga elétrica. Este pequeno aquecedor é precioso, tenho de ter muito cuidado com ele.