Dia 13 – No estúdio & de bicicleta em Mush

Hoje é sábado, 13 de julho de 2024.
Dormi oito horas; acordei às 5h30 sem despertador.
Temperaturas para hoje: 15° de mínima (59°F) e 27 de máxima (81°F). Grandes ventanias.

São 6h05. Se Mush é uma povoação extremamente limpa, podem agradecer a estas duas pessoas: esta senhora de colete laranja; e o que me parece ser um homem, de colete verde, que aparece nas imagens abaixo.

Eis a espiã de Mush.

Claro que depois de tanto cor-de-rosa ontem, hoje eu tinha que pintar bicicletas cor-de-rosa.

São agora 11h48 e aqui está a Nelly, que praticamente todos dias fala comigo por WhatsApp, por causa do meu almoço. A Nelly sabe algumas palavras em inglês, então escreve-me em inglês e português. E de vez em quando também me manda mensagens faladas, em inglês, que é mais prático. É formada em Contabilidade na Universidade Nacional Politécnica da Arménia, em Yerevan.
Já temos mil e uma mensagens trocadas, e a Nelly é muito querida, manda muitos bonecos animados com corações, beijos e flores. Falar consigo todas as manhãs é sempre um prazer.
A Nelly tem 45 anos e vive aqui mesmo no prédio, onde trabalha; tem um filho de 15 anos, que vive consigo, e uma filha já casada, de 25 anos, e dois netos, um com 5 anos, outro com 5 meses, a viverem em Yerevan, a capital.
A Nelly andava na 4ª classe quando se deu o terremoto de 1988. Este terramoto ocorreu às 11h41 da manhã, no dia 7 de dezembro. As crianças estavam na escola, e a Nelly também. Ficaram debaixo dos escombros. Das 38 crianças que constituíam a sua turma, 21 morreram. Tal como referi na crónica 10, quando falei deste terramoto, 514 mil pessoas ficaram desalojadas, 20 mil ficaram feridas e 25 mil perderam a vida. É uma bênção eu estar aqui a abraçar a Nelly hoje.

Hoje estive ocupada a destruir algumas das pinturas que pintei até agora. Não estou contente com elas, a coisa tem que dar uma volta.

Pintei até às 14h30 e fui dar um passeio de bicicleta por Mush, nesta tarde solarenga. Estes rapazes perguntaram se eu torço por Inglaterra ou por Espanha. Nem sei do que estão a falar. Do final do Europeu!, disseram-me. Ah. É-me indiferente! Talvez Espanha, pronto, que é minha vizinha.

Tarde solarenga, mas muito ventosa.

Enquanto eu tirava fotografias com as crianças, esta senhora perguntou-me se eu queria um café. Aceitei.

A Gayane tem 41 anos e fala um inglês praticamente perfeito. Perguntei-lhe onde é que aprendeu, e a Gayane disse-me que foi a mãe que a ensinou. Tem duas licenciaturas, uma em Economia e outra em Psicologia, na universidade em Gyumri.
A Gayane trouxe-me um café e um bolo com queijo, que se vê ali em cima da mesa, e que eu pedi para cortar metade, pois almocei agora mesmo, e não consigo comer mais.

Entretanto surge o seu filho, Hakob, de 19 anos, um rapaz alto e espadaúdo, que também não quer ficar a sorrir na foto, como o Alexander da crónica 8. Mas o Alexander tirou uma segunda foto. Esta é a única que eu tenho do Hakob, não tirou outra, pelo que não tenho alternativa senão apresentar esta. Mas deixo também a sua foto no Whatsapp, pronto:

O Hakob não quer seguir os estudos na universidade, quer ir para a Europa, para já em regime de voluntariado, e já anda a candidatar-se. Quer ir para Itália, entre outros países.
E eis que o Hakob talvez venha a revolucionar a minha alimentação aqui em Mush: passou-me dois links de restaurantes no centro de Gyumri que fazem entregas ao domicílio. Resta saber se eles falam inglês, quando eu lhes telefonar a encomendar, e disser a minha morada de entrega. O Hakob disponibilizou-se para me ajudar, disse que se eu tiver alguma dificuldade, que ligue para si, que ele falará com as pessoas do restaurante. Também me disse que existe outra churrascaria em Mush, ao lado da escola, que eu nunca cheguei a encontrar.

Agradeci à Gayane o convite e o lanche, deixei-lhes o convite para visitarem o meu estúdio, e prossegui o meu passeio por Mush.

A Susana cuida dos seus malmequeres. Queria dar-me três damascos, que apanhou ali no momento, da árvore, mas eu expliquei que tenho receio que me sujem a mala, e fiquei apenas com um na bolsa da cintura.

A Marina na bicicleta rosa; a Larisa na bicicleta verde, e entretanto apareceu a menina da bicicleta lilás, que se juntou a nós na foto, e eu esqueci-me do seu nome!!

O senhor da camisa aos quadrados só sabe uma frase em inglês, e tratou de dizê-la: “I Love you!” Fez-nos rir a todos.

E eis que encontro pela terceira vez a Rima e a Aida! (na ponta direita) que desta vez estão com duas amigas: a Asmik (de calças), e a Seda (de vestido azul).

Da esquerda para a direita: a Meri (que já apareceu na crónica 3); a Angelina; e a Fenya (que andava a brincar com água nas escadas do prédio, na crónica 7).

São agora 20h04 e bebo leite quente com mel e canela. Foi um dia suave e agradável, hoje.

<< >>