Introdução

Durante esta extraordinária residência artística na Arménia tive oportunidade de explorar plenamente a minha vertente de artista-viajante, e pude concentrar-me intensamente no envolvimento interpessoal com a população local.
Deixei para trás todas as distrações, como redes sociais, noticiários, conflitos globais, e mergulhei profundamente neste contexto único que é a Arménia. Tive a minha estreia absoluta nesta região: eu nunca tinha estado neste país, nem nos países vizinhos.
Durante os 31 dias desta residência artística, a qual decorreu durante o mês de julho de 2024, estive sempre na posse de uma bicicleta, que foi gentil e gratuitamente disponibilizada pela organização, e a qual facilitou a interação com a população local. No entanto, a forte interação que ocorreu jamais teria sido possível se eu não tivesse sido tão calorosamente acolhida pelos arménios. A generosidade e hospitalidade por si demonstradas possibilitaram um envolvimento significativo e experiências enriquecedoras, como convites para entrar em suas casas e partilha de refeições tradicionais. Apesar da barreira linguística – praticamente ninguém fala inglês na Arménia, país onde o turismo é ainda “emergente“ – a abertura e o calor humano demonstrados por cada pessoa foram essenciais para aprofundar o entendimento da cultura e das tradições locais, tornando possível uma imersão significativa que fomentou o processo criativo subsequente.
Posso dizer que a entrega e o envolvimento emocional nesta experiência de viagem e criação artística foram intensos.
Espero agora, através destas crónicas, dar a conhecer um pouco mais deste país asiático – que fisicamente se encontra no continente asiático, mas que na realidade possui uma alma tão europeia. Frequentemente me esqueci que pedalava no continente asiático, com paisagens, religião e gentes tão semelhantes às europeias, e em particular à portuguesa. Colocar uma criança arménia ao lado de uma criança portuguesa, a distinção diria que é impossível.

Esta residência artística foi idealizada e promovida pela ONG Basis for Contemporary Art, em conjunto com o Hayastan All Armenian Fund, um fundo de desenvolvimento arménio.
Todas as despesas desta residência artística – voos, transportes, estadias, alimentação, materiais de pintura – foram generosamente suportadas pelo programa “Culture Moves Europe“, financiado pela União Europeia e implementado pelo Instituto Goethe.

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