200 – Passeio de Bicicleta pelas Ruas de Cochim & Deus Kamadeva

E já agora completamos – e encerramos – o passeio pela mitologia hindu com Kamadeva, o deus do amor e do erotismo. Kamadeva é o cupido hindu.
As origens deste deus não são claras, ou melhor dizendo, são várias. Já nos Vedas (ver crónica 196) existem referências a Kamadeva, contudo é nos Puranas onde é mais citado.

Ainda me faltou falar nos Puranas. Saímos daqui com um curso completo. São escritos religiosos por alguns eruditos considerados o quinto Veda, e estima-se que tenha sido o sábio Vyasa, o narrador do Mahabharata, a compilá-los. Falam da criação e destruição do universo, contam as genealogias dos reis e dos sábios, e abordam igualmente a criação dos primeiros seres humanos. Os Puranas contêm a essência dos Vedas e apresentam uma versão simplificada destes, apresentando exemplos concretos, mitos, histórias, lendas, vidas de santos, reis e heróis, bem como alegorias e crónicas de grandes eventos históricos. Normalmente são dezoito, os Puranas, se bem que não sejam sempre contados da mesma forma. Há versões que apontam para vinte, o seu número. São dedicados ao deus Brahma, Vishnu e Shiva.¹

Kama (que é um deva, ver crónica 189 – os devas são descendentes dos deuses) tanto é filho de Brahma, como filho de Vishnu e Lakshmi, como filho de Krishna e Rukmini. Na realidade o deus do amor carnal é inicialmente filho de um dos deuses – Brahma ou Vishnu. Conta a lenda que os deuses sob a liderança de Indra (ainda nos falta este, mas ficará para outras crónicas que não estas… fiquemos apenas com a nota de que Indra era o rei dos deuses, no período védico, e que o seu papel no hinduísmo foi apagado com a crescente importância dada à trindade – Brahma, Vishnu e Shiva), conta a lenda que os deuses sob a liderança de Indra, atormentados pelo demónio Taraka, foram ter com o criador pedindo-lhe que os livrasse daquele monstro. Indra respondeu-lhes que apenas a semente de Shiva produziria um guerreiro capaz de derrotar o demónio. Shiva perdeu-se em profunda meditação. Foi então pedida ajuda a Kamadeva, o deus do amor, para que retirasse Shiva daquela penitência. Kamadeva ficou muito lisonjeado e gabou-se que conseguiria conquistar a mente de Shiva rapidamente. Consultou a sua mulher Rati, a qual o repreendeu pela sua temeridade, mas consentiu em acompanhá-lo e ajudá-lo a perturbar a meditação de Shiva. Partiram juntos para os Himalaias, acompanhados do seu amigo Vasanta, o deus da primavera.

(Continua).

Kamadeva

Cheguei a Cochim às 11 da manhã, e o hotel onde estive no primeiro dia teve a gentileza de fornecer-me outra bicicleta para eu entreter-me durante a tarde, até ir para o aeroporto. O motorista Thaha apanhar-me-ia no hotel, mais às bagagens. Ora entre as onze da manhã e as cinco da tarde ainda vou dar uns valentes giros por estas bandas.

Tribunal de Cochim.

Cemitério cristão.

Parque onde se tiram aulas de condução.

Mesquita. Os altifalantes no telhado sempre a entoarem música religiosa.


¹ Sivananda, Sri Swami (2004), “The Puranas”, 17 de Outubro. Página consultada em 9 de Março de 2010, <http://www.dlshq.org/religions/puranas.htm>.

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