199 – 29º Dia, Regresso a Cochim

Falei no Mahabharata, vamos agora muito brevemente ao Ramaiana.
Este é o segundo grande épico sânscrito, o qual descreve os deveres existentes numa relação. Retrata personagens ideais como o rei ideal, a mulher ideal, o servo ideal, o irmão ideal. Explora os princípios da existência humana e o conceito de dharma (o dever, a virtude).
Ou seja, tal como os cristãos têm a Bíblia, os hindus têm o Mahabharata e o Ramaiana, bem como os Puranas. A importância destes escritos antigos não se revela apenas nos aspetos religiosos do hinduísmo, revela-se também no campo político. O movimento independentista, por exemplo, bebeu muitos dos seus argumentos nestes épicos. Gandhi utilizou-se das instruções do Bhagavad Gita como instrumento legítimo de fé e contou com forte apoio popular. As instruções de Krishna para Arjuna, no campo de batalha de Kurukshetra, dizendo, por exemplo, “levanta-te e luta!”, foram fortes estímulos ao povo oprimido.¹ Gandhi interpretou a batalha como uma alegoria na qual o campo de batalha é a alma, e Arjuna os superiores impulsos humanos lutando contra o mal.²

Acabou-se o passeio no barco-casa e é hora de regressar a Cochim. Entro no último dia desta viagem. Hoje à tarde vou apanhar o avião de volta a Portugal.


¹ Wikipédia(s.d.), “Krishna”. Página consultada em 9 de Março de 2010, <http://pt.wikipedia.org/wiki/Krishna>.

² Wikipédia(s.d.), “Bhagavad Gita”. Página consultada em 9 de Março de 2010, <http://en.wikipedia.org/wiki/Bhagavad_Gita>.

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