171 – Bisbilhotemos-lhes o Dia-a-Dia
Uma autêntica terrorista, a menina dos caracóis. Deve ser mal dos caracóis, só pode. Que eu me lembre nem nunca tinha visto um indiano (ou neste caso, uma indiana) com tantos caracóis. Nem a avó nem eu já dávamos conta do recado. Eu praticamente fugi. Aquele diabrete não me largava a bicicleta, não me largava a mim, já a avó a zangar-se com ela, mas qual quê.
Estive quase um quarto de hora sentada em frente a estas casas, depois de ter seguido o caminho, estrada fora. Sem que me ligassem nenhuma. De vez em quando alguém espreitava pelas portas e pronto. À falta de melhor fui fotografando as galinhas.
Esta foto foi negociada: só depois de eu oferecer um kit de escova de dentes e pasta de dentes, trazido de um hotel, é que me deixaram tirá-la, em troca. (Há que saber negociar… Eu andava sempre com estas armas de troca, pelo sim, pelo não…)
Templo. Não me perguntem mais porque não sei. Ia sozinha a andar de bicicleta e este local de culto estava à beira da estrada. Desconfio que se trata de um templo dedicado ao deus Shiva, tal como o da crónica anterior. Este deus é representado muitas vezes por um “lingam”, um símbolo fálico, que pode ser substituído por uma pedra oval, normalmente negra. Mais adiante falarei de Shiva, não percam as cenas dos próximos capítulos 🙂
Meti a máquina fotográfica pela pequena janela e disparei. O senhor que estava lá dentro foi apanhado de surpresa, com o flash a iluminar-lhe subitamente a loja, mas não se aborreceu, pelo contrário: riu-se e chamou outro homem que estava lá dentro para ver a turista que andava a fotografar-lhe a loja… Diga-se de passagem que eu estava preparada para fugir, tal como aconteceu com o ferreiro em Dhamli. Deixei a bicicleta a postos e tudo.