178 – Almoço & Chegada ao Hotel em Periyar
Ganesh possui normalmente quatro braços, embora existam representações com dois, seis, dez, doze e até dezasseis. Os quatro braços de Ganesh representam os quatro atributos do corpo não físico, que são: mente (Manas), intelecto (Buddhi), ego (Ahamkara), e consciência individual (Chitta), a qual compreende a consciente, o subconsciente e inconsciente. Ganesh representa a “Consciência Pura” – o atman – que permite que estes quatro atributos funcionem em cada um de nós.
Os objetos que Ganesh segura nas mãos são múltiplos e têm inúmeros significados. Os mais usuais são a sua presa partida, um machado, uma flor de lótus, um laço, um aguilhão e um prato de doces.
– O machado simboliza a destruição dos obstáculos. Como “destruidor de obstáculos” Ganesh precisa de uma arma para cortar e abater. Com essa arma Ganesh destrói os desejos e as ligações, os quais trazem dor e sofrimento.
– O laço, ou o nó, serve para apanhar as ilusões. Este nó também representa a avidez, a escravidão da alma. O nó permite erguer-se para além das limitações humanas e chegar cada vez mais perto do seu próprio eu.
– O aguilhão, ou o gancho para conduzir elefantes, é símbolo da soberania sobre o mundo. O aguilhão simboliza também raiva. A raiva fere-nos como um aguilhão. Curiosamente a raiva representa igualmente o conhecimento mais elevado, o qual permite a libertação das paixões.
– O prato de doces é o mais famoso e o mais constante dos atributos de Ganesh. Suportado pela mão inferior esquerda, é um bolo chamado “modaka”, o doce favorito de Ganesh, feito de leite e açúcar. Em algumas regiões são oferecidos outros doces: “laddu”, por exemplo (um doce em forma de bolinhas, feito com farinha de grão, manteiga e açúcar). A tromba de Ganesh toca em algumas representações no prato de doces, pois é sabido que Ganesh os aprecia muito. Os doces são a recompensa de quem procura a verdade, são a recompensa de quem vai evoluindo espiritualmente.
– A terceira mão, que está em direção ao devoto, está numa pose de bênção, refúgio e proteção.
– A quarta mão segura uma flor de lótus, e ela simboliza o mais alto objetivo da evolução humana, a realização do seu verdadeiro eu.
Outros objetos que Ganesh poderá agarrar nas múltiplas mãos são uma romã, um kamandalu (pote para água sagrada), um alaúde, um livro, etc. A figura de Ganesh como deus aparece desde o século IV ou V DC, se bem que existam dúvidas sobre aparências anteriores, já desde o século I AC. Muitas representações, com múltiplos objetos, foram feitas desde então.
O guia da plantação de especiarias levou-me a esta loja de especiarias e chás. Tem comissão, claro, Continua a velha história das comissões e das lojas, para as quais me falta a paciência. Coitados, não comprei nada, naturalmente. E ainda apanhei uma seca. Na próxima viagem que fizer vou tentar controlar isto melhor. Vamos ver quem manda… Há quem goste, e há quem não goste, é preciso adaptar isto ao gosto freguês.
Um belo almoço, muito ocidentalizado: “Supreme de Votaille”: chicken breast stuffed with mushroom duxelle served with green pepper corn sauce. O restaurante chamava-se “Jardim das Especiarias” e serviram este peito de frango de uma forma bastante saborosa e original, com alecrim. “Rosemary”, em inglês. E tinham mousse de chocolate. Que saudades já tinha de uma mousse de chocolate! Esta era um bocado estranha, de qualquer forma, era muito rija, e acabei por comê-la de garfo. Mas o chocolate soube bem, desde que cheguei à Índia acho que ainda não tinha comido chocolate.
Chegada ao hotel, onde fui recebida com um chá de cardamomo. Estamos na terra das especiarias, são restaurantes e lojas e comidas e chás feitos com mil e uma plantas. Os sabores, portanto, são um dos aspetos mais exóticos de quem viaja ao sul da Índia.
Aqui vê-se o meu impermeável azul. Andei algumas vezes com ele, mas felizmente acabaria por nunca o usar, não foi necessário. E no dia seguinte irei ter trekking novamente.