163 – De Regresso ao Hotel
Mais outra boleia. Não existem transportes públicos nestas montanhas, mas sim viaturas particulares. Fui então questionada pelo Senthal sobre se desejava dar boleia a esta senhora. Venha daí, aos trambolhões dentro do jipe. Conduzir aqui é uma autêntica aventura. Caminhos estreitos de terra e pedras, em declives bem acentuados. E quando se cruzavam carros? Um para cima, outro para baixo? Tínhamos de fazer marcha atrás (ou nós ou os outros) até encontrarmos um nicho onde ficar, e assim dar espaço ao outro para passar. O declive vertiginoso ali ao nosso lado.
O motorista do jipe ia parando constantemente a meu pedido. Se há coisa que não tenho é pressa. Para o motorista, para o guia Senthal, paro eu, e para a senhora da boleia. Tenham paciência mas eu estou a gostar disto e não quero ir a correr embora. Aqui, por exemplo, ficaram todos sentados dentro do jipe, pacientemente, enquanto eu me ia empoleirar numa rocha para tirar esta foto. Vocês vêem as fotos mas nem vos ocorre estes pormenores. Vêem o jipe e imaginam-me lá dentro, não? Se calhar até pensam que vai em andamento? E reparem a altura da foto, ainda escalei um bocado da montanha para chegar ali, eu e as minhas sandálias supersónicas 🙂
Uma vaca! Depois de ter visto tantas no norte da Índia, no Rajastão, a ponto de já nem as fotografar por estar cansada de tantas vacas, agora não pude deixar de fotografar esta. Aqui no sul são mais raras.
“Chicken clear soup”. Foram quatro destas. O empregado já me olhava de lado. A comida deste hotel era muito fraca, pelo que usei e abusei desta bela sopa, tão simples, com frango e legumes, quente e líquida, depois de um dia inteiro a caminhar. Infelizmente não era self-service, tive de chamar o empregado as quatro vezes. À quarta já tinha passado dos limites, é certo, mas foi o meu jantar, com um lassi de manga (mau também, nem a treta de um lassi sabem fazer como deve ser) mais as sobremesas. Estas sim, estavam boas.
Este hotel foi o pior em que fiquei, nesta viagem. Não mudavam as toalhas das mesas, por exemplo. Que coisa espantosa. Na primeira refeição andei à procura de uma mesa com uma toalha limpa, e como não encontrei, chamei o empregado e pedi-lhe para renovar uma. Fê-lo prontamente. Como estive dois dias e meio em Munnar, deu para aperceber-me que era sistema deles não mudarem as toalhas. As pessoas sentavam-se à mesa com as toalhas cheias de nódoas, sujas dos clientes anteriores. E ao pequeno-almoço idem. As toalhas sujas ainda do jantar. O hotel e as instalações até eram bonitos e confortáveis, não se justifica isto. Será que têm falta de água? Ou de máquinas de lavar roupa?