162 – Fábrica de Chá

Hoje é domingo e a fábrica não está a trabalhar, mas o Senthal conhece as gentes locais e pediu-lhes para a abrirem. Fomos visitando sala após sala, o Senthal foi-me explicando todo o processo do fabrico de chá e ainda colocou algumas máquinas a trabalhar, para eu ver.

Um dos erros em que normalmente se cai é confundir “chá” com “infusões” ou “tisanas”. Bebidas chamadas de “chá de ervas”, “infusão de ervas” ou “tisana”, na verdade nada têm a ver com a planta do chá. Elas são feitas simplesmente da infusão de frutas secas ou ervas em água quente. Temos por exemplo ervas como a camomila, a hortelã, a salva, o tomilho e o alecrim, que costumam ser usadas em infusões. Temos também a bebida de mate, feita por meio da infusão em água quente de folhas de erva-mate, muito popular na América do Sul e que nas crónicas da Argentina fui falando bastante.

Falemos então da produção do chá. A maioria do chás é colhido à mão para que se possa conseguir mais qualidade, já que as máquinas tendem a danificar as folhas. Assim que os trabalhadores recolhem quantidades suficientes de folhas de chá, estas são levadas rapidamente para uma fábrica próxima da plantação. A fábrica fica localizada próximo da origem das folhas porque, a partir do momento em que a folha é colhida, a oxidação começa. É como descascar uma maçã – esta começa imediatamente a mudar de cor, a ficar escura.

O chá preto passa então por cinco etapas:

  1. Drenagem – as folhas são espalhadas em grandes grupos e drenadas para libertar um pouco da sua humidade.

2. Rotação – as folhas são giradas para que a humidade restante seja libertada. Neste método as folhas de chá costumam ficar inteiras. Existe outro método, porém, que corta, tritura e concentra as folhas de chá. O resultado é uma substância parecida com pó.

  1. Oxidação – as folhas são separadas novamente, desta vez num ambiente frio e húmido, e o processo de oxidação continua. A coloração original da folha de chá é verde, mas à medida em que o oxigénio reage com o tecido celular ela irá ficar com uma coloração cobre.
  1. Secagem – as folhas são secas com ar quente e as suas cores mudam de cobre para castanho ou preto.

  1. Triagem – o processo final envolve a seleção das folhas de chá de acordo com o tamanho e a qualidade.

Já no chá verde o processo é diferente: tem cinco etapas também, mas a oxidação é substituída pela vaporização. Depois das folhas serem drenadas e perderem um pouco da sua humidade, elas são imediatamente vaporizadas ou colocadas em bandejas quentes. Isso interrompe o processo de oxidação antes que ele realmente comece. A vaporização “congela” a folha de chá no seu estado atual, mantendo a coloração verde.
O chá de oolong, conforme referido numa crónica anterior, fica entre o chá verde e o preto. Ele só é parcialmente oxidado; assim nunca alcança o mesmo estágio do chá preto.
O chá branco é especial e um tanto raro, colhido apenas em dois dias por ano, quando os botões da planta ainda não estão completamente abertos. A sua cor é parecida com a do chá verde, pois o processo de oxidação é interrompido cedo, mas o sabor é mais suave e menos parecido com o de ervas. A raridade do chá branco faz que seja um pouco mais caro do que os outros.
Os maiores produtores de chá, no mundo, são a Índia e a China. As plantações de chá dão-se bem em zonas subtropicais ou tropicais, com clima de monções, e em grandes altitudes.

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