160 – Cuidado com as Sanguessugas

A famosa “Marcha do Sal” foi um ponto de inflexão decisivo. Os hindus eram proibidos de produzir sal: o sal utilizado no quotidiano das famílias tinha a produção e a circulação monopolizadas pelos britânicos. Gandhi incita os hindus a desobedecerem. Do centro da Índia, em 1930, faz saber ao primeiro ministro britânico que se dirigiria ao mar para produzir sal num gesto de desobediência civil, ativa, provocativa e contudo pacífica. A marcha começou dia 12 de Março de 1930, com um grupo de 78 pessoas, mas a este se foram agregando cada vez mais significativas massas humanas. No fim, dia 5 de Abril de 1930, a história regista que milhares de pessoas andaram mais de 320 km a pé. Este contingente imenso de seres humanos chega à praia e começa a fazer sal.
O controle do sal estava na raiz do controle de toda a economia hindu pelos britânicos. Tão depressa Gandhi começa a fazer sal e a ser imitado, a dominação é colocada em xeque. Os ingleses já não controlam os indianos. Estes estão prestes a tomar o seu destino nas suas próprias mãos.

Em 1934 afastou-se do partido, mas nessa altura as suas linhas de ação haviam já deixado uma marca indelével na consciência nacional indiana. Em grande parte por causa da infatigável atividade pública e política de Gandhi, a Índia ascende à independência em 1947. Esta deu-se contudo em moldes inesperados: contra a vontade de Gandhi o território do país é dividido entre a Índia – predominantemente hindu, e o Paquistão – predominantemente muçulmano. No dia da transferência de poder, Gandhi não celebrou a independência com a restante população da Índia, mas ao contrário, lamentou sozinho a partilha do país, em Calcutá.
E apenas alguns meses mais tarde, em Janeiro de 1948, Gandhi é assassinado a tiro, em Nova Delhi, por um fanático hindu.

Gandhi defendia dois ensinamentos, tão antigos quanto o hinduísmo: AHIMSA – “não violência” ou, como Gandhi preferia dizer, “persistência pela verdade” e SATIAGRAHA – viver em santidade. Gandhi pregava a resistência pacífica (não confundir com passiva; a não violência deve ser ativa e provocativa); e o não concordar em se submeter ao mal e estar disposto a dar até a vida se necessário, para provar que se está do lado do que é justo, bom e correto.
Gandhi era vegetariano. Ser vegetariano fazia parte das tradições hindus e jainistas.
Gandhi renunciou ao sexo quando tinha 36 anos de idade e ainda era casado, uma decisão que foi profundamente influenciada pela crença hindu do brachmacharya, ou pureza espiritual e prática, largamente associada ao celibato.
Albert Einstein, seu contemporâneo, saudou-o como “porta-voz da humanidade”.¹

Excrementos de elefante. Estamos no seu caminho, portanto.

Sanguessuga. O guia Senthal colocou-a no seu braço e imediatamente ela começou a sugar-lhe o sangue. Eu não consegui impedir-me de dar um grito e disse-lhe para a tirar depressa. Contou-me que uma vez foi mordido várias dezenas de vezes, que foi parar ao hospital e teve febre.

Plantações de chá cobrindo as montanhas.


¹ Fontes
As três crónicas sobre Gandhi foram escritas com informação retirada das seguintes fontes:

Infopedia (Online: Porto Editora, 2003-2010), “Gandhi”. Página consultada em 6 de Fevereiro de 2010, <http://www.infopedia.pt/$gandhi>.

Wikipédia (s.d.), “Mahatma Gandhi”. Página consultada em 6 de Fevereiro de 2010, <http://pt.wikipedia.org/wiki/Mahatma_Gandhi>.

Vidas Lusófonas (s.d.), “Mahatma Gandhi”. Página consultada em 7 de Fevereiro de 2010, <http://www.vidaslusofonas.pt/mahatma_gandhi.htm>.

Cultura Brasileira (s.d.), “Mahatma Gandhi (1869 – 1948)”. Página consultada em 7 de Fevereiro de 2010, <http://www.culturabrasil.pro.br/gandhi.htm>.

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