154 – Parto para um Dia de Trekking nas Montanhas
É domingo de manhã, já não há tanta gente a passear nas ruas, nem trânsito. Agora tive relativo silêncio, e nesta foto ao fundo estão dois elefantes selvagens, que só os consegui ver bem com os binóculos do guia Senthal. Estávamos parados no jipe à beira da estrada.
Subimos até 1.800 metros de altitude, no jipe, e começámos a caminhada a partir daí até ao segundo pico mais alto de Munnar, de 2.637 metros. Foi uma caminhada sem grandes subidas, portanto, e sim de suaves ondulações. O pico mais alto está fechado, é uma zona protegida, e só os cientistas ou os estudiosos, contou-me o Senthal, conseguem obter autorizações para lá ir.
Nesta foto vêem-se as plantações de chá que cobrem todas as montanhas dos arredores. São 24.000 hectares de plantações de chá. Antes pertenciam à Tata (em breve falarei desta), agora pertencem à KDHP – Kanan Devan Hills Plantation Company Private Ltd. Aqui se produzem 21 milhões de kg de chá por ano, e os cerca de 13.000 empregados são acionistas da companhia, lê-se no seu website (www.kdhptea.com), além de mo ter contado o Senthal também.
Ao meu lado está o guia Senthal, e ao seu lado está o guarda florestal que é obrigatório levar nestas caminhadas pela montanha. Existem animais selvagens como elefantes; se bem que eu não o tenha visto com nenhuma arma. Enfim, só sei que é obrigatório levar um guarda connosco, se calhar para verificarem que não prejudicamos a natureza, mais do que propriamente pelo receio de sermos atacados por algum animal. Este paciente e silencioso guarda (só falava com o Senthal porque não sabia inglês) fez o favor de levar na sua mochila o saco com a minha comida, fornecida pelo hotel, bem com o meu recém-adquirido impermeável azul. Eu levava apenas a bolsa à cintura, com água, e a máquina fotográfica ao ombro. Também a comida foi tanta que a dividi com eles. E no fim dei-lhe dinheiro, claro, como agradecimento.
Pegadas de leopardo. Pelo menos foi o que o Senthal me disse – que eram pegadas de leopardo. De facto existem leopardos na Índia, e não deixei de ficar com algum receio de que nos deparássemos com algum pela frente. O Senthal disse que não, que eles não se aproximam dos humanos. Esperemos que não…
Pegadas de chacal, disse-me o Senthal. Bastante diferentes, mais redondas e sem as garras à frente.
Eu estava delirante com o dia de trekking pela frente. Acabou por não chover durante o dia, foi uma sorte.