155 – E Aí Vamos Nós

Continuemos o tema iniciado na crónica 145.
Na sua noite de folga, Pundir dá umas baforadas num cigarro no T.G.I. Friday’s, numa zona comercial daqui. Foi uma semana típica no Convergys – jantares de clientes com os ingleses e os americanos, sessões de treino com os indianos. A principal obra de literatura inglesa que tem lido é “The Cat in the Hat” e “Green Eggs and Ham”, mais vezes do que poderia contar; “eles ajudam a ensinar os sons das consoantes”, diz Pundir. Nesta noite de sábado, ela queria relaxar.
“Vou querer um LIT,” disse ela ao empregado de mesa, um jovem decorado com a assinatura do Friday’s, riscas vermelhas e dúzias de botões carregados-de-atitude, incluindo um proclamando-o de “muito sexy”.
O chá de Long Island [LIT – Long Island tea] mais o peixe com batatas fritas totalizou 13 dólares, um pouco mais do que o salário semanal médio na Índia. Mas Pundir, a filha de agricultores de manga, ganha cerca de $20,000 mensais. “É um bom dinheiro ao fim do dia,” diz Pundir, que abandonou os seus estudos para um MBA porque viu uma melhor carreira nos call centers. “Em 4 anos e meio, tenho subido na hierarquia.”
Depois de jantar, Pundir dirigiu-se para o Elevate, uma discoteca popular e local habitual do BPO [“Business Process Outsourcing”], a quem se juntaram Khaneja e o seu primo.
No seu primeiro emprego num call center, Khaneja utilizou o nome de “Steven Mallory”, tirado do seu livro preferido, “The Fountainhead,” de Ayn Rand. O seu supervisor considerou que “Howard Roark”, o nome do protagonista do romance, seria demasiado óbvio. Agora como gerente, Khaneja usa o seu nome verdadeiro. No ano passado ele combinou os seus ganhos no call center e um empréstimo de 10 anos para comprar à sua mãe e à sua irmã mais nova uma casa em Nova Delhi.
O trio entrou no Elevate depois da uma da manhã, para encontrar uma furiosa festa “Hip Hop Hustle” patrocinada pelo VH1. Khaneja dirigiu-se ao bar e pediu a primeira rodada.
“Tenho a certeza de que encontraremos alguém conhecido”, disse Pundir, bebericando um vodka com laranja. Dentro de poucos minutos, encontraram Manav e Radhika, dois antigos funcionários da Convergys que mais tarde casaram.
Depois de algumas bebidas, algumas danças e de algumas discussões, Khaneja e Pundir separaram-se, cada qual indo para casa após a 5 da manhã. Mesmo no seu dia de folga, eles mantêm a sua hora de dormir habitual.¹


¹ Kalita, S. Mitra (2005), “Hope and Toil at India’s Call Centers”, The Washington Post, 27 de Dezembro. Página consultada em 17 de Janeiro de 2010,
<https://www.washingtonpost.com/archive/politics/2005/12/27/hope-and-toil-at-indias-call-centers/2e0a2067-e79c-4352-823d-3e303337a4cc/>

<< >>