121 – As Lojas de Jaipur para Turistas & Infanticídio Feminino

E provavelmente não só, se calhar também são para os locais, apesar de estes com certeza terem melhores preços.

Vamos continuar o nosso tema da seleção de sexos, e ficamos desta vez com um portal indiano: Rediff.com, fundado em 1996 e sediado em Bombaim, com mais de 250 empregados, o qual divulga notícias, informação, entretenimento e compras. Interessa-nos agora um extenso artigo publicado nele, sobre este tema, com o título:

Nascidas para Morrer
Fiquei deitada na cama, fraca, depois de ter dado à luz. A minha sogra agarrou na bebé e começou a alimentá-la com leite. Eu sabia o que ela estava a fazer. Chorei e tentei impedi-la. Mas ela já lhe tinha dado o seu leite misturado com yerakkam paal [o suco venenoso do oleandro]. Em minutos, o bebé ficou azul e morreu, diz Karuppayee em tom casual.
Foi o meu primeiro encontro cara-a-cara com o infanticídio feminino. O meu primeiro instinto foi a descrença. Podia uma mulher falar tão desapaixonadamente sobre o assassínio da sua própria criança? Uma vida que transportou na sua barriga durante nove meses… Não sabia na altura o quão pouco controlo ela tinha sobre a sua vida, quanto mais sobre a sua barriga.
Agora, quase dez anos depois, ouço os alarmes a tocar novamente. De acordo com o último census, o infanticídio feminino, feticídio e qualquer outra forma de genocídio de crianças do sexo feminino, parece estar bem vivo. O sex-ratio nacional caíu para o valor mais baixo de sempre: 933/1000. Em alguns estados, a situação é desesperada. Haryana, por exemplo, tem 861 mulheres para 1.000 homens. Chandigarh tem 773. Damão e Diu, 709. Punjab, 874. O sex-ratio entre as crianças dos 0-6 anos não é melhor. Enquanto o número geral da Índia é de 927/1000, é de 793 no Punjab e em Haryana. Tamil Nadu é uma pequena e isolada luz ao fundo do túnel, com 986/1000, mais alto do que a média nacional.
Voltando à minha história, conheci a Karuppayee à porta de uma pequena casita na vila de Alligundam, no distrito de Tamil Nadu. Corria o ano de 1993. (…) Um escoadouro malcheiroso gorgolejava ao nosso lado. A Karuppayee tinha acabado de vir dos campos. Sem chegar ainda aos 25, ela carregava o seu filho de dois anos à cintura, enquanto a sua filha de quatro anos se pendurava no seu gasto sari de algodão. Esta pobreza abjeta não podia ser mais abismal. A criança que tinha sido morta era o seu terceiro filho. Se tivesse sido um rapaz, ter-lhe-ia sido permitido viver.
Penn sisu kolai, significando infanticídio feminino, como é conhecido no idioma local, é um fenómeno generalizado e socialmente aceite nesta área. Falar disso a alguém de fora, é todavia, tabu.¹

Mostraram como se estampava o tecido, com várias cores e motivos.

Joalharia.

O almoço foi mutton shai korma: boneless pieces of mutton cooked in cashew nut sause, mughal style, with rice. A novidade aqui é ser “mughal style”, ou seja, ao estilo muçulmano. Um mistério, claro. Venha daí. Mas já nem tirei fotos, a aparência é sempre a mesma, basta ver as das refeições anteriores. O que vemos aqui é a sobremesa: gulab jamun (browned dumplings served in hot sugar syrup), bastante conhecida e que eu já tinha comido várias vezes em Portugal, nomeadamente em restaurantes nepaleses.


¹ Aravamudan, Gita (2001), “Born to Die”, Rediff.com, 24 de Outubro. Página consultada a 2 de Dezembro de 2009, <http://www.rediff.com/news/2001/oct/24spec.htm>.

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