125 – Vou ver um Filme de Bollywood!!!

Bom, vamos deixar as notícias tristes, e vamos alegrar isto. Passámos por um período negro nestas crónicas, porém a divulgação impõe-se. Acabou-se agora. Ainda teremos outros temas também menos positivos, nem tudo são flores na vida, mas estes capítulos foram sem dúvida os mais negros.

Para já vamos sair, vamos espairecer, vamos aproveitar o que existe de bom na Índia. Nunca pensei vir a dizer isto de Bollywood, mas depois desta experiência vim de lá encantada.
Tive sorte. Foi pura sorte. Apeteceu-me ir ao cinema – deu-me na cabeça ir ao cinema – precisamente quando estava na cidade onde existe o melhor cinema de todo o país, vim a saber mais tarde. Nem imaginava tal, nem ninguém me disse nada (faziam eles ideia, nomeadamente o Kailash, que eu gostava de cinema e que queria ir ao cinema na Índia…) Deve ter sido um sexto sentido cinéfilo.
Quero ir ao cinema esta noite, disse-lhe, ao Kailash.

E lá foi a Rute jantar num restaurante para turistas, escolhido pelo Kailash, que me deixou à porta, e onde comi algo simples e maravilhosamente bom: garlic naan (pão indiano com alho), uma substancial sopa indiana de espinafres, e um lassi de banana. Depois foi hora de rumar para o cinema.
E foi com um nervoso miúdo que me dirigi à bilheteira para comprar o bilhete. Tenho paixão por cinema, em Lisboa vou mais do que uma vez por semana, é uma experiência importante ir agora em plena Índia assistir a um filme de Bollywood.  O termo “Bollywood” surgiu da fusão de duas palavras: Bombaim, a cidade onde se concentra a maior indústria de cinema indiano, e Hollywood, nome da indústria cinematográfica americana. Recordo-me com perfeição de estar no Powerhouse Museum, em Sydney, na Austrália, e haver uma divisão dedicada a Bollywood. E eu perguntei à rapariga que lá estava numa secretária a acompanhar a exposição temporária, o porquê do nome “Bollywood”. Não soube responder-me.
Mas voltemos à Índia e ao Raj Mandir.
Eles que não me perguntem que lugar quero eu, ou em que parte do cinema quero ficar. E provavelmente nem sabem inglês, afinal de contas os cinemas indianos não estão à espera de turistas estrangeiros; saber inglês não será com certeza um requisito para se ser contratado. O homem da bilheteira, porém, não mostrou qualquer espanto ao ver-me. Deu-me um bilhete de 70 rupias e fez-lhe uns riscos. Vim depois a descobrir que os riscos eram “X1” – primeiro lugar da última fila, o qual ficava mesmo junto à porta. Já está a adivinhar que eu vou sair rapidamente… Havia bilhetes de 70 rupias e outros de 110 – eram os camarotes.
O cinema esteve longe de encher. Mas para grande surpresa minha estava cheio de crianças e bebés de colo. Os pais querem ir ao cinema e não têm onde deixá-los. E ao fim de meia hora do filme ter começado, continuava a entrar gente. Constantemente. Enfim, não estão muito preocupados em perceber a história. Ou então logo encarrilam nela – mais meia-hora, menos meia-hora…
(Continua).

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