127 – Adeus Jaipur
O que é o Aata-Saata?
O jornal “Indian Express” explica o que é. E o portal Terra Networks já se deu ao trabalho de traduzir a notícia, pelo que vamos ficar com este último:
Falta de mulheres faz com que noivas sejam raridade na Índia
As consequências do desequilíbrio no número de homens e mulheres começam a ser notadas na Índia, onde em certas regiões os homens não podem casar-se sem terem uma irmã para trocar pela sua futura esposa.
A falta de mulheres no estado desértico do Rajastão, no norte da Índia, está a criar novas tendências matrimoniais, já que os pais das jovens em idade de casar começam a recusar-se a dar as suas filhas em casamento a um homem cuja família não tenha também uma moça que possa casar-se com um irmão solteiro da futura noiva.
Segundo informou hoje o jornal “Sunday Express”, este é o novo preço do casamento em várias regiões do estado: um casamento em troca do outro.
Num país onde a maioria dos casamentos é arranjada e onde uma vida de solteiro ou sem filhos é inconcebível, a falta de mulheres representa um problema difícil de resolver.
A preferência pelos meninos e o aborto seletivo de meninas fizeram com que na Índia haja 32 milhões de mulheres a menos do que homens, o que significa que há o mesmo número de homens solteiros, muitas vezes por falta de opção, já que o casamento é uma instituição social quase obrigatória na Índia.
Segundo o último census, para cada 1.000 homens na Índia há apenas 933 mulheres, uma proporção que cai para 927 entre as meninas com menos de seis anos e que em regiões do país como os territórios de Daman e Diu, chega a números alarmantes de 710 mulheres para mil homens.
O sistema de troca de noivos, conhecido como “Aata-Saata” ou casais duplos, transformou-se numa prática comum na região de Shekhawati, que inclui os distritos de Jhunjhunu, Churu e Sikar.
“Cerca de 30% dos casamentos do ano passado em povoações desta região foram realizados com este sistema de trocas”, disse o deputado regional Rajenda Rathore.
A proporção de mulheres para mil homens no estado de Rajastão é de 922, mas em algumas povoações não chega a ser sequer de 500, o que transforma a busca por uma esposa numa aventura para as famílias.
A falta de noivas está a causar uma reviravolta na situação habitual do país, onde as famílias das futuras esposas geralmente pagam um dote para conseguir casá-las. Agora, as famílias das jovens podem negociar e ditar os termos da união.
“Agora não há meninas. Se há alguma numa casa, o pai é como um rei. Pode pedir o que quiser”, afirma Prahlad Singh Gill, morador do povoado de Bhorki.
A mudança não fez com que os casamentos sejam definidos pelos noivos ou por amor, simplesmente alterou as negociações e abriu espaço para novas regras. Agora, na região de Shekhawati uma jovem bonita e com educação pode ser trocada por até duas moças analfabetas.
O dote virou coisa do passado nesta região e, ao contrário do que manda a tradição e acontece no resto do país, a família do noivo agradecido deve pagar todas as despesas do casamento, a festa colorida que geralmente se estende por uma semana na qual terminam as negociações.¹
O restaurante do hotel, que desta vez usei apenas para o pequeno-almoço.
¹ Terra Networks (2006), “Falta de mulheres faz com que noivas sejam raridade na Índia”, 3 de Abril. Página consultada em 5 de Dezembro de 2009, <http://noticias.terra.com.br/mundo/interna/0,,OI946778-EI294,00.html>.
A notícia no jornal inglês Sunday Express, referida pelo Terra, já não está disponível, porém a fonte de ambos poderá ter sido o jornal indiano “Indian Express”, com a mesma notícia na véspera:
Sharma, Sandipan (2006), “In this Rajasthan village, if you don’t have a sister, you won’t get a bride”, 2 de Abril, Indian Express.com. Página consultada em 5 de Dezembro de 2009, <http://www.indianexpress.com/news/in-this-rajasthan-village-if-you-dont-have-a-sister-you-wont-get-a-bride/1638/0>.