102 – Breve Passeio por Bikaner & Jantar no Palácio

De facto o tremendo investimento do governo indiano no Nirodh não foi bem sucedido.
Enquanto passeio e janto, continuemos o tema do Nirodh, desta vez ligado mais especificamente ao da SIDA, através de um artigo da Harvard Health Policy Review, da Universidade de Harvard:

No Estudo Nacional de Vigilância Comportamental do HIV, em 2001, apesar de 76% dos inquiridos estarem conscientes do que é o HIV/SIDA, apenas 46% indicaram que o preservativo pode preveni-lo, e apenas 49% dos homens indicaram ter utilizado preservativo numa relação recente, não regular. Outros estudos realizados com mulheres casadas e adultos da comunidade, revelam que entre os homens sexualmente ativos, 74% a 98% nunca usaram preservativo. Isto mostra que continuam a ser prioritários os esforços para implementar o uso de preservativo como medida de prevenção do HIV na Índia.
O primeiro caso de HIV foi detetado no país em 1986. Desde então, mais de cinco milhões de adultos foram infetados. Apesar deste número numa população de mais de um bilião de indivíduos revelar uma prevalência baixa, a epidemiologia da infeção pelo HIV traz consigo a necessidade de aplicação de medidas de prevenção que evitem extensos números de novas infeções. A Índia é um país com uma população de 1,2 biliões de indivíduos residentes em trinta e cinco estados e territórios da união. Destes, 82% residem em áreas rurais. As infeções pelo HIV foram reportadas em todos os estados e territórios, com os mais altos números no sul. A transmissão heterossexual é o modo dominante de transmissão, contabilizando 85% das infeções.
2% das infeções a nível nacional atribuem-se ao uso de drogas injetáveis.
Homens que têm sexo com homens estão também a receber uma maior atenção como grupo de risco no país. Entre estes, estudos indicam que 8,7% são seropositivos.
As profissionais sexuais femininas constituíram um importante foco no esforço de prevenção do HIV. Estas são mulheres que oferecem serviços sexuais em troca de dinheiro ou bens, ou sob coerção, ou devido às suas más condições económicas. Um estudo recente estima que existam entre 1 e 16 milhões de profissionais sexuais femininas na Índia, e a prevalência do HIV é projetada nos 15%. As intervenções junto destas tiveram largo sucesso ao motivá-las a pedirem insistentemente aos clientes que usassem preservativo e capacitando-as a recusarem serviços se ele não for usado.
Os fatores de risco são bem conhecidos. Talvez o mais importante seja o fracasso na utilização do preservativo durante as relações sexuais. O uso do preservativo foi promovido na Índia, no programa de planeamento familiar do governo, desde 1952, como uma barreira masculina contracetiva. Se bem que o preservativo da marca comercializada pelo governo (nirodh) seja hoje um nome bem conhecido, o programa de planeamento familiar na Índia sofreu muitos reveses devido à má gestão, foco excessivo na esterilização e alvos inadequados. Além do mais, a associação do nirodh ao falhado programa de planeamento familiar, bem como a mudança gradual no ónus do planeamento familiar do homem para a mulher, diluíram ou negaram por completo qualquer progresso prévio em habituar o homem a usar regularmente o preservativo.¹

(Continua na próxima crónica).

São agora umas cinco da tarde, já se começa a ver gente nas ruas.

Faculdade de Veterinária.

Restaurante do hotel, com animação musical, como é hábito. Desta vez haverá uma série de hóspedes, todos indianos.

O jantar foi peixe masala e a bebida um lassi doce. (É um iogurte natural com açúcar…) Ao pescoço, meio torto, tenho o colar feito com osso de camelo.
Estava um calor enorme, trintas e muitos graus. Uma coisa espantosa.


¹ Sivaram et al.: “HIV Prevention in India” (2006). Harvard Health Policy Review. Página consultada em 15 de Novembro de 2009 <www.hcs.harvard.edu/~hhpr/publications/current/Sivaram_et_al.pdf>

<< >>