075 – Chegada ao Resort Manvar
Face a esta desilusão com as agências no mercado português, não tive alternativa senão virar-me para as indianas. Já se passou quase um mês, entretanto, com esta jigajoga de consultas e de esperar pelas respostas. Ainda andei a navegar por páginas de agências estrangeiras – espanholas e inglesas, mas estas vão buscar os programas às indianas, e portanto (estrangeira por estrangeira) mais vale ir à raiz. É arriscado contactar pela internet agências de viagens desconhecidas. Será que existem mesmo? Que não é nenhum engodo? Ouve-se falar de tantas coisas… de pessoas que ficaram apeadas em países longínquos, sem o dinheiro… Não tenho alternativa senão consultar agências indianas, mas tomarei todas as previdências para me garantirem que existem e que são fiáveis. E agora é que começou o verdadeiro trabalho. (Continua).
O resort de Manvar fica no deserto, explicaram-me. Ah, e a autoestrada ali ao lado também fica no deserto…, pensei eu a ouvir passar os carros. É um resort para turistas urbanos que gostam de ver areia… Tem 21 quartos e 40 tendas de luxo, estas utilizadas nos períodos de maior afluxo. E tem sabonetes transparentes de limão, que eu receio serem de glicerina, e como tal lavo as mãos com shampoo, para ver se a borbulhagem miúda me deixa de vez. Vinguei-me na piscina. Ainda faltou dizer que sou a única hóspede. Piscina só para mim, novamente. Mergulhei à uma e um quarto, saí às cinco da tarde. Estão 45 graus, estou no semideserto, não há nada em redor, e só se está bem dentro de água (quente, claro!) Nem me recordo de alguma vez na minha vida ter estado tanto tempo dentro de água. Fiquei com a pele dos dedos engelhada, claro. E pelo meio almocei. Trouxeram-me o menu à água. Tive ali uma autêntica crise aquática, está visto. O empregado que mo trouxe estendeu-me a toalha, a meu pedido, para eu limpar as mãos, antes de agarrar no menu. O que tenho então hoje para almoço? Comecemos com uma “sweet corn soup” (que já não está na foto abaixo…) Depois pode ser uma “chicken murg malai tikka”. Em inglês explicava o que era: “boneless chicken marinated with hung curd, cheese & selected indian spices, grilled in clain hoven”. Fiquei na mesma, o meu ingles culinário não é famoso. Só sei que é frango sem ossos, óptimo. E tem ar de apetitoso, venha daí… (É sempre uma aventura, escolher a comida). Finalmente, como sobremesa, pode ser um gehun ki roti ka choorma. Este nem explicação em inglês tem, mas também não devia ajudar muito. Seja, venha também, vou experimentar isso. (Está ao lado da cola, na foto). Gostaria de almoçar aqui na piscina, disse eu ao empregado, devolvendo-lhe o menu. Eu dentro de água, com os pés dele em frente à minha cara. Não é possível, só servimos no restaurante, respondeu-me lá do alto. Tenhamos bom senso: sou a única hóspede; o resort está deserto; o restaurante fica mesmo ao lado da piscina; e é a primeira vez que não me põem completamente à vontade. Mas não seja por isso. Ele foi-se embora, transmitir o meu pedido ao cozinheiro, e eu tratei de improvisar uma esplanada, ali debaixo da árvore, com uma das mesas que estão ao lado das espreguiçadeiras, e uma cadeira que fui buscar num dos cantos, a uma mesa grande que lá estava. E quando ele voltou e anunciou que a refeição estava pronta, saí da água, calcei-me e fui em biquíni buscar eu mesma o prato. Claro que eles não permitiriam nunca, num resort de luxo, que uma hóspede carregasse o prato para trás e para a frente. Agarrou-lhe de imediato e ofereceu-se para levá-lo. Ah bom, afinal sempre servem na piscina.
Estava tudo delicioso. Comi e voltei para dentro de água, como manda a lei. Se tiver de morrer, que morra feliz e quente, a fazer a digestão, numa piscina de um resort de luxo.