065 – Passeio Matinal de Bicicleta

Claro, agora tomei-lhe o gosto, não quero outra coisa. Me & my bike through India.
Vou um pouco mais longe: agora que é dia, ao menos já vejo as estradas. E ainda faz fresco (uns trinta graus, coisa pouca…)

Digam-me lá que eu não pareço uma matulona ao pé deles? Eu, fraca figura aqui na Europa, magrita… ao pé da população portuguesa que já é das mais pequenas do continente europeu… Nem quero imaginar o que é um gigante alemão, por exemplo, ao pé deles. Deve ser Golias e os Sete Anões.

Este ferreiro pediu-me dinheiro, e como não lho dei (nem sequer tinha nada comigo, e faço-o propositadamente, como já falámos, pois se começasse a dar dinheiro – ou coisas – seria a partir daí perseguida por um bando de crianças impossíveis, sem qualquer sossego) como não lho dei, levantou-se e ameaçou perseguir-me com o ferro em brasa. Claro que eu estava montada na bicicleta e foi só começar a pedalar para afastar-me de si. Não sem antes lhe ter tirado uma foto. Se ele percebesse inglês até lhe dizia que tinha um brinquinho cheio de style… (Isto é o meu orgulho ferido a falar… ter de fugir à frente dele não foi algo muito agradável…)

Regresso ao forte para tomar o pequeno almoço. Tudo caseiro, novamente. Mel com chapata (parecem panquecas e estão quentes). Manteiga, iogurte, manga, melão, chá e sumo de maçã. Está qualquer coisa atrás do sumo, mas não me recordo o que é.
Os bocadinhos de limão que estão na mesa, também, têm uma história engraçada. Os indianos não sabem o que é chá de limão, vim a descobrir. Perguntavam-me que chá queria eu. Eles estão habituados a chá fortíssimo, mas eu não. Aquilo dá-me uma pujança desnecessária; eu já sou enérgica por natureza, se bebo café ou chá daqueles, deve ser do género do Red Bull, ganho asas. Ora eu pedi algumas vezes algo mais suave, um chazinho de limão. Então todos – sem excepção (até que desisti) me traziam o mesmo chá preto, e os bocadinhos de limão à parte. Pronto, não há chá de limão. É o esparguete, é a carne de vaca, e agora o chá de limão. Não se pode ter tudo na vida.

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