055 – Passeio Matinal de Bicicleta (cont.)
Todos os homens seguiam para o trabalho com um pequeno recipiente na mão. O almoço, certamente?
No canto inferior direito deste enorme rochedo vê-se um templo. E com grandes cantorios religiosos, como é hábito, ecoando por todo o lado.
Foi algo muito comum, ver lavar os dentes na rua.
Regresso a Narlai Rawla, após o passeio de bicicleta, para tomar o pequeno-almoço.
Falemos de música indiana, hoje.
Ou melhor, falemos de alguns autores apenas, pois seria uma presunção falar nestas pequenas crónicas de um tema tão abrangente, num país tão grande, com uma riqueza cultural e musical tão vasta.
Fiquemo-nos por quatro autores, que são os que eu conheço; e fico desde já aberta a sugestões.
Em primeiro lugar, um dos mais conhecidos internacionalmente: Ravi Shankar.
Nasceu em 1920 em Varanasi, no estado de Uttar Pradesh. (Eu ando a visitar o estado do Rajastão, e entrarei em Uttar Pradesh para ver o Taj Mahal, na cidade de Agra).
O pai de Ravi, Shyam Shankar, um administrador do Marajá de Jhalawar, foi para Londres trabalhar numa firma de advogados e aí se casou novamente. O pequeno Ravi foi criado pela mãe em Varanasi, e apenas conheceu o pai aos oito anos de idade. Era o mais novo de oito irmãos, dos quais cinco vivos aquando do seu nascimento.
Com dez anos, Ravi Shankar foi a Paris com o grupo de dança do seu irmão, o coreógrafo Uday Shankar, e aos treze passou a fazer parte dele, aprendendo a dançar e a tocar instrumentos indianos, nomeadamente o sitar. Não confundir com “cítara”: o sitar é um instrumento musical desenvolvido no subcontinente indiano na era Mogol, ou seja, tem origens árabes. O nome “sitar” provém do persa, e significa “de três cordas”, o que é uma alusão à forma original do instrumento. Atualmente o sitar apresenta um maior número de cordas, em geral dezoito.
Ravi Shankar, juntamente com o grupo de dança do seu irmão, correu a Europa e a América durante alguns anos, e Ravi acostumou-se à cultura e sociedades ocidentais. Regressado à Índia, Ravi Shankar estudou música clássica indiana e seguiu carreira nesta área, tenho recebido ao longo dos anos uma série de prémios internacionais.
Shankar casou-se em 1941 com a filha do seu principal mestre, Annapurna Devi, e em 1942 nasceu o primeiro filho. Ainda nos anos 1940 separou-se daquela e teve uma relação com Kamala Shastri, uma bailarina. Posteriormente um caso com Sue Jones, uma produtora de concertos nova-iorquina, levou ao nascimento de Norah Jones, em 1979, cantora também por demais conhecida. E em 1981 nasce Anoushka Shankar, filha de Sukanya Rajan, uma empregada bancária que Ravi Shankar conhecia desde os anos 1970.
Depois de se separar de Kamala Shastri em 1981, Shankar viveu com Sue Jones até 1986, tendo depois casado com Sukanya Rajan em 1989.
Shankar é hindu. Vive atualmente com Sukanya na Califórnia.
Experimentem ouvir a sua música (para quem ainda não a conhece) e render-se-ão aos encantos quentes e sedutores da música clássica indiana. Não admira o rol de mulheres que teve na sua vida, o rapaz é quente por natureza.
Ravi Shankar
E daqui passamos para o segundo autor – que é uma autora: a sua filha Anoushka Shankar. É uma família talentosa.
Anoushka nasceu em Londres, como referido acima – em 1981, e dividiu a sua infância entre esta cidade e Delhi. Anoushka aprendeu a tocar sitar com o pai, deu o primeiro espetáculo aos treze anos, e aos dezasseis assinou o primeiro contrato com uma editora. Em 1998 é editado o seu primeiro álbum: “Anoushka”.
Neste momento, enquanto escrevo, ouço a sua compilação de 2001, “Live at Carnegie Hall”.
Duas opções agradáveis para ter nos vossos Ipod’s, portanto, ou então nas vossas estantes e aparelhagens caso ainda prefiram o suporte físico. Com os dois Shankars têm a garantia de qualidade e de ficar a conhecer muito positivamente a música clássica indiana.
Fica o website de ambos:
Ravi Shankar: http://www.ravishankar.org/
Anoushka Shankar: http://www.anoushkashankar.com/
Numa das próximas crónicas falarei dos outros dois autores. Esta já vai longa e é importante que prestem atenção…