047 – Esparguete à Bolonhesa… com Carne de Cabra
A caminho de Narlai, a próxima povoação, comentei com o Kailash que já tinha saudades de comer esparguete. Na Índia não se vê esparguete em lado nenhum. E a minha vida sem esparguete não é a mesma.
Imaginem a minha surpresa ao chegar a Narlai Rawla (o forte onde iria pernoitar), cerca de uma hora depois, e ler no menu, pela primeiríssima vez: “esparguete à bolonhesa”. Há cada uma que parecem duas. Se tivesse esfregado a lâmpada do Aladino a pedir esparguete, o resultado era capaz de não ser tão rápido.
Venha daí, venha daí. Paciência, neste oitavo dia de viagem não vou comer pela primeira vez comida indiana. Todas as refeições, sem exceção, até agora, foram de comida indiana. Ora ao fim de quinze refeições seguidas (na viagem de avião deram-me uma), as saudades do esparguete já são mais que muitas.
E puseram-me à frente um fumegante prato de esparguete. Mas… onde está a carne?… Que eu saiba, “à bolonhesa” implica a existência de carne picada, não? Normalmente de vaca… Senão não é esparguete à bolonhesa!… É esparguete só… Estes cozinheiros indianos não percebem nada disto…
É certo que ainda me questionei como iriam eles desenrascar-se com a carne de vaca… provavelmente iriam picar outra carne qualquer.
Desculpe!… Então e a carne?…, perguntei ao empregado que me servia. Eram duas da tarde, eu estava esfomeada, tinha acabado de chegar, foi só pousar as malas no quarto, lavar as mãos e descer ao restaurante. Era a única hóspede do hotel. O empregado, solícito, nem questionou nada, desapareceu atrás de uma porta e voltou algum tempo depois com um recipiente com pedaços de carne de cabra. Por esta é que eu não esperava… Mas não faz mal.
Digo-vos apenas isto: foi preciso ir à Índia para comer o melhor esparguete que alguma vez comi na minha vida. Que tempero absolutamente fenomenal tinha aquele esparguete. Devorei-o, e disse adeus ao esparguete nos próximos 23 dias de viagem.