037 – Uma Nora & em Viagem

Hoje arrependo-me de ter-me empoleirado na nora. Foi a minha mãe que me alertou, dado que eu, no meu divertimento e insensibilidade, nem dei conta da magreza evidente das vacas. Pobres animais, não lhes basta o esforço do trabalho, ainda mais carregarem com esta palerma. Ponderei se devia apagar a foto ou não. Deixemo-la. O mal está feito, resta arrepender-me.
De facto a magreza dos animais, ao longo desta viagem, é notória. Mas se já as pessoas vivem numa pobreza extrema, quanto mais os animais.
Segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas de 2008:

  • 80,4% da população vive com 2 dólares por dia. (Página 241 do relatório).
  • 20% da população da Índia é subnutrida. (Página 255).

Neste último relatório das Nações Unidas, Portugal aparece em 28º lugar no índice de desenvolvimento. Espanha em 13º. A Índia em 128º.

Segue a tradução parcial de um artigo do New York Times, que apesar de ter três anos continua atual e recomendo a sua leitura completa.

“(…) A malnutrição afeta metade das crianças na Índia e existem poucos sinais de que estejam a ser ajudadas pelas reformas de mercado no país, as quais se focaram na criação de riqueza privada, em lugar de expandirem o acesso à saúde e à educação. Apesar do crescimento da economia, 2,5 milhões de crianças morrem anualmente, o que corresponde a uma por cada cinco crianças em todo o mundo, e infra-estruturas para a educação primária colapsaram numa grande parte do país (a literacia de 61% inclui muitos que pouco sabem escrever o seu nome). No campo, onde 70% da população vive, o governo reportou que cerca de 100.000 agricultores se suicidaram entre 1993 e 2003.
(…)

A potencial existência de conflito – entre castas bem como classes – também cresce nas áreas urbanas, onde as cruéis disparidades sociais e económicas são tão evidentes quanto a sua nova prosperidade. A principal razão para isto é que o crescimento económico da Índia não tem providenciado empregos. Apenas 1,3 milhões de uma população ativa de 400 milhões estão empregados nas tecnologias de informação e negócios procedentes de indústrias que formam a chamada nova economia.

Nenhum boom em manufaturas intensivas em mão-de-obra, que impulsionou o crescimento económico de quase todos os países desenvolvidos e em vias de desenvolvimento, ocorreu ainda na Índia. Ao contrário da China, a Índia ainda importa mais do que exporta. Isto significa que ao entrarem mais 70 milhões de pessoas na força de trabalho nos próximos cinco anos, a maior parte sem os requisitos necessários para a nova economia, o desemprego e a desigualdade poderão provocar ainda mais instabilidade do que a que existe atualmente. (…)”

Fonte:
Mishra, Pankaj (2006) “The Myth of the New India”, New York Times, 6 de Julho. Página consultada em 16 de Agosto de 2009, <http://www.nytimes.com/2006/07/06/opinion/06mishra.html?pagewanted=1&ei=5090&en=63b065e1403c4316&ex=1309838400&partner=rssuserland&emc=rss>

Tirada de dentro do carro, em andamento, à pressa, mas mesmo não tendo ficado bem, mantive-a. Tive oportunidade de provar aquele tipo de doces, e até podem não parecer nada de especial, mas digo-vos: são mesmo algo de especial, são realmente bons.

<< >>