87 – Viagem de Regresso a Lisboa
Os restantes portugueses vão para o aeroporto apenas à noite, com exceção do Rui que ainda vai passear uns dias ao Uruguai. Relembrei a desavença inicial com a agência de viagens, que não conseguiu colocar-me nos mesmos voos – quer na ida, quer no regresso.
É-me irrelevante viajar acompanhada ou não – sou uma péssima companhia nos voos de longo curso, pois mal as rodinhas se mexem, deve dar-se um qualquer efeito anestesiante e adormeço de imediato. Acordo apenas quando vêm servir a refeição – e habitualmente muito contrariada. Gosto bastante de ver o avião levantar voo, gosto de sentir o impulso, e todavia vejo-me grega para manter-me acordada até esse ponto. Acordo depois, tomo a refeição e continuo a dormir. Se o voo dura 12 horas, pelo menos umas 7 ou 8 devo dormir. E nas restantes estou muito quietinha a ver os filmes que passam.
Portanto – como podem comprovar – sou uma péssima companhia durante estes voos.
O que quer dizer que o meu aborrecimento não se devia ao facto de viajar sozinha, mas sim ao facto de eu perder desta forma mais meio dia em Buenos Aires. Perdi meio dia à chegada, e outro meio dia à partida. Disse à agência que ia escrever um livro: “Um dia da minha vida em Buenos Aires” – perdido por uma falha deles…
Uma das espanholas foi, aliás, no meu voo até Madrid. Mas não nos vimos uma única vez durante todo o percurso. Pelo menos eu não fui visitá-la. Se ela me visitou, eu dormia, claro. Sobretudo estafada como ia. Já estava naquela fase de dormir em qualquer lado, a qualquer hora. E no dia seguinte ia já trabalhar. Deixem-me aproveitar todos os minutos de sono e de descanso.