81 – Buenos Aires, o Retiro
Deve o seu nome a uma grande mansão com o nome “El Retiro”, outrora localizada no que é hoje a Plaza San Martín, o seu principal espaço verde.
O Retiro é famoso por albergar o único porto de Buenos Aires (que termina na altura da Boca). Além de acostarem barcos de carga, também se encontra ali o serviço de passageiros que oferece vários destinos costeiros no Uruguai.
É muito importante como zona de transbordo de passageiros também ao nível de autocarros, dado que passam por ela numerosas linhas, e ainda estão aí localizadas três estações terminais de comboio.
Por esta altura eu já me tinha separado da Isabel e do Rui, com quem passei a manhã. Separámo-nos dentro do Museu de Belas Artes. Saí, após a visita, e aventurei-me sozinha, de mapa na mão.
Apetecia-me. Há 21 dias que andávamos juntos, era altura de caminhar sozinha. Sobretudo numa cidade cheia de movimento, cheia de gente, cheia de transportes. Todas as viagens que fiz até então fi-las acompanhada – com família, amigos, namorados – pelo que era altura de caminhar sozinha. Sobretudo estando na segunda maior cidade de um continente distante. Tantos milhões de pessoas, tanta gente desconhecida, tantas ruas desconhecidas, e eu, anónima. Por onde quero. Por onde me apetece. Ninguém me impede de nada.
Dá uma sensação de grande liberdade.
De qualquer forma eu tinha um objetivo em mente: encontrar um disco. Nada melhor do que juntar o útil ao agradável: o Flávio tinha-me dito que eu encontraria aquela preciosidade na calle Florida, que eu já conhecia do primeiro dia em Buenos Aires. E aí fui eu. Parei numa loja para comprar uma garrafa de água. Passei por três mil lojas de chocolates e rebuçados (na última foto abaixo vê-se uma delas. De facto não percebi qual o interesse dos portenhos em tanta loja de chocolate… A foto ficou desfocada, mas até a mantive). Assisti a espetáculos de rua.
O disco é dos famosos (na Patagónia) Hermanos Berbel, e chama-se “Pioneros”. Foi o tal que o guia Federico me gravou, porém estava riscado. Corri tudo, por toda a Patagónia e agora pelo centro de Buenos Aires, à procura do malfadado disco. Nada. Niente. Rien.
Quem me salvou foi mesmo o Flávio e o Walter, uma vez mais. Compraram-no em Bariloche (fica no centro da Argentina e é a cidade de turismo invernal mais importante da América do Sul – é lá que ambos vivem) e enviaram-mo por correio, para Portugal. Claro que não existem palavras de agradecimento possíveis para este gesto.
Tenho o disco disponível na internet, para quem estiver interessado. É evidente que não sai de minha casa (devia fazer-lhe um seguro…).
🙂