79 – Buenos Aires, La Recoleta

O seu nome provém do Convento de los Padres Recoletos, membros da ordem franciscana que se estabeleceram nesta zona nos começos do século XVIII, fundando um convento e uma igreja dedicada a Nuestra Señora del Pilar (La Recoleta) e junto a este o cemitério.
Quando na década de 1870 Buenos Aires sofreu terríveis epidemias de cólera e febre amarela, a população dispersou-se para evitar o contágio. Foi assim que, enquanto as classes populares se instalaram no sueste de Buenos Aires, as mais abastadas fizeram-no na Recoleta, zona de maior altitude e consequentemente redutora da presença de insetos transmissores da doença.
Estas famílias (algumas delas membros das elites governantes crioulas, consideradas por si mesmas de linhagem por descender de personagens destacadas durante o período independentista) construíram no bairro mansões e grandes edifícios de estilo francês. Por isso se aludiu à Recoleta como a Paris da América. Hoje em dia, alguns destes edifícios tradicionais coexistem com elegantes construções mais modernas.
Considerado assim um bairro rico da cidade, zona de embaixadas e hotéis de luxo, aqui estão localizados muitos atrativos, como é o caso do cemitério, onde se encontram os túmulos de numerosos protagonistas da história argentina, incluindo Evita Perón. Este cemitério contém uma extraordinária mostra de arquitetura funerária do século XIX e começos do XX, com panteões familiares e túmulos da alta burguesia e de antigos fazendeiros.

O bairro conta com numerosas estátuas e esculturas ao ar livre, em parques e praças. Afirmou-se, exageradamente, que “a Recoleta é o bairro que mais estátuas tem em todo o mundo”.

Paróquia Nuestra Señora del Pilar.

A mulher esculpida na pedra empurra a porta do seu próprio túmulo. O guia que nos acompanhou esta manhã (e foi apenas esta manhã – não me recordo do nome dele, era um rapaz novo) explicou-nos a história deste jazigo: a rapariga apanhou em flagrante o seu namorado com a mãe. O choque foi tal que morreu no momento. Foi sepultada. Contudo, tempos depois, quando abriram o jazigo, constataram que existiam arranhões na porta, do lado de dentro. Ou seja, a rapariga não tinha morrido, tinha entrado sim em catalepsia. Pelo que lhe construíram posteriormente um túmulo no qual ela própria abre a porta.

Jazigo de Evita Perón.

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