120 – Começa o Terceiro (e Grandioso) Dia em Pequim

Hoje vou ter a companhia do guia Li Bo, durante todo o dia. Contratei o seus serviços ainda em Portugal, através da internet. Vi muito boas referências suas. Apanhou-me às 8.30h da manhã numa das pontas do meu Hutong (recordo que um Hutong é uma rua estreita, pedonal, típica da China, e mais propriamente de Pequim) e levou-me no seu jipe. O programa de hoje – programa de dia inteiro – é ir à Grande Muralha da China. Um ponto alto desta viagem e mal contenho a impaciência.

O guia Li Bo disponibiliza vários tipos de programas, vários tipos de passeios – uns em grupo, outros individuais. Escolhi um percurso individual e dos mais complicados, ou seja, daqueles que exigem algum esforço físico e algum grau de risco. Nomeadamente resvalar e cair da Muralha abaixo : ) (Mas alguma vez eu não escolheria um programa de risco?)
(Estou a brincar, é um risco controlado – pelo menos sobrevivi e estou aqui a contar esta história, não?)

Vou conhecer determinada parte da Grande Muralha, a cerca de três horas de distância de Pequim. Para tal, o tempo tem de estar estável, não pode chover como ontem, senão o risco é excessivo. O guia Li Bo indica-me que não poderemos ir se começar a chover seriamente. Dado que ontem de manhã choveu torrencialmente (e visitei a Cidade Proibida debaixo de um autêntico dilúvio) as perspetivas hoje não são famosas. A meteorologia continua a dar chuva. Agora está a chuviscar e eu fiz os poucos metros até ao jipe do Li Bo vestida com um impermeável.
E agora? Fazer três horas de carro, chegar lá e começar a chover a sério?
Eu quero ir na mesma, disse ao Li Bo. Mas não pode ser, respondeu-me.
Bom, estivemos numa indecisão os dois até à última da hora. O guia Li Bo a conduzir o jipe, no meio do trânsito de Pequim. Hoje é domingo, felizmente está mais calmo. Voltámos a consultar a meteorologia nos telemóveis. Sim, dão chuva.

E por isso decidimos alterar os planos. Passamos a visita à Grande Muralha para amanhã, 2ª feira. Eu posso, o Li Bo pode também. É mais seguro porque já dão melhoria do tempo. E disponibilizou-se agora para levar-me no jipe até ao local que eu pretendo visitar agora. Efetivamente tenho planos para amanhã – que assim passam para hoje. E amanhã voltamos a encontrar-nos às 8.30h no meu Hutong.
Voltámos para trás, portanto.

Mas não. O céu está a clarear à medida em que a manhã avança. Se não choveu torrencialmente até agora, é pouco provável que piore durante o dia. A chuva costuma ser de manhã ou de noite.
Vamos, disse o guia Li Bo.
Vamos, disse eu.
E voltámos a seguir na direção da Grande Muralha.

Parámos pelo caminho para comprar comida, dado que na Muralha não há nada. O guia Li Bo comeu um hambúrguer (deviam ser umas onze da manhã) e eu optei por uma espécie de sandes, que se vê nesta foto, e um iogurte. Levei comigo pistachios e um pacote de leite com pedaços de morango.

Local onde Obama esteve em 2014, no âmbito do Fórum da APEC (Cooperação Económica Ásia-Pacífico). A China terá gasto cerca de 5 biliões de dólares para preparar esta zona – Huairou – para receber os ilustres membros do Fórum. Foram tomadas medidas rigorosas durante dez dias, incluindo restrições no tráfego automóvel, no aquecimento com carvão ou lareiras durante a noite, e foram encerradas fábricas em Pequim e arredores, de forma a garantir a existência de um céu azul, livre de smog. Uma série de serviços públicos foram encerrados, bem como escolas e jardins infantis, pequenos restaurantes e quiosques, mercados locais. Claro que a população não gostou. E foram instaladas várias centenas de câmeras de vigilância com reconhecimento facial.

O Li Bo pára o jipe para mostrar-me a Grande Muralha ali ao longe e dar-me algumas explicações sobre ela. Estamos quase a chegar.

A Grande Muralha já se avista lá em cima, no topo da montanha.

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