092 – Fugi (do Verbo Fugir)
Tenho a tarde por minha conta. O motorista Nong Bu e a guia foram-se embora depois de almoço. Já me entretive bastante tempo no templo Xing Jiao, a ler aqueles cartazes todos. Sabe-me bem encontrar as coisas em inglês, com muitas explicações e informações. Estou sedenta de informação.
Depois andei mais uma hora a passear pela vila, no meio da multidão de turistas orientais. Mas isto já é muita gente e muito comércio para meu gosto. Peguei na bicicleta e fui-me embora, para fora da vila. Ter uma bicicleta e poder fugir para relativamente longe, de forma rápida, é magnífico. Dá uma grande liberdade.
Curiosa, esta placa: “Abrigo de Emergência”. E voltei a ver outra mais à frente, noutra cidade. Muito interessante. É suposto abrigarmo-nos do quê? Será de uma chuvada torrencial? Ou serão mesmo bombardeios?!… Estes abrigos normalmente eram usados para bombardeios, na Europa.
Sentei-me aqui, em silêncio. A vila, a confusão, o barulho, o bulício – estão lá à frente. Assim passei hora e meia. Entretive-me a ler o manual de instruções da minha câmera fotográfica, para aperfeiçoar-me. Vi-me grega (ou chinesa?…), nestes dias cinzentos e de grande luminosidade, para apanhar fotos decentes do céu, pelo que fui relembrar alguns dos inúmeros menus da câmera. Ainda chuviscou. Tive até de proteger a câmera dentro da sua mala. Desde que apanhei a chuvada em Meiquan, no passeio a cavalo (crónica 28), a mala agora anda sempre ao ombro, para os casos de urgência. Tenho de comprar uma câmera resistente à chuva, está visto. Quando tiver dinheiro para isso.
Ao jantar, na companhia do motorista Nong Bu e da guia (tínhamos combinado encontrar-nos às 19h, no meu hotel, e daí iríamos a pé para um restaurante), temos “Fish Pot”, ou seja, mais um delicioso hot pot, desta vez de peixe. Um peixe local, do rio. Em cima, à esquerda, estão ovos cozidos com uma espécie de gelatina e pepinos, muito bom. O pepino não era cozido, pelo que não o comi. Já molhou o resto da comida, mas enfim, comi uns bocadinhos dessa comida, esperando que corra tudo pelo melhor. Tantas viagens feitas, já é altura do meu estômago se deixar de esquisitices. E lá estão as malaguetazinhas no meio dos brócolos, claro. O porco frito, no canto inferior direito, também está bastante picante.
Este é o mesmo cão da crónica 90 – o que ia na mota, sentado atrás do dono. Pelos vistos é um mimado e faz parte da vida dele. Aqui é um restaurante, e o dono do cão talvez seja também o dono do restaurante. Está cheio de clientes (não fotografei) e ainda tirei duas ou três fotos ao cão, com o flash a iluminar tudo e a chamar a atenção das pessoas, que já se viravam para trás a olhar para mim, até que desisti e fui-me embora. Mas mantive a foto. Há uma mesa reservada para sua excelência, portanto. Já tem um focinho branco, está a atingir uma provecta idade.
De regresso ao meu hotel.