066 – Novamente Pedalando

Estas quedas de pedras são muitíssimo frequentes. Várias por dia. Não fotografei nem um terço. Se fotografasse todas, teríamos uma foto destas por cada crónica. Claro que é um perigo. Sobretudo eu na bicicleta. Mas o que posso fazer? Cancelar a viagem com medo das pedras?

Aproveito esta foto para comentar uma questão muito importante: o assento da bicicleta. Este selim é meu. A bicicleta é alugada, pertence à guia, mas o selim comprei-o em Portugal e levei-o comigo. (Mais uma coisa na mochila a atrofiar os controlos dos raios-x, nos aeroportos. Sabem lá eles o que é aquilo, dentro da mochila, com ferros. É uma bomba artilhada!) Efetivamente no ano anterior, pela Europa Central, onde fiz 838 km de bicicleta com o meu namorado, sofremos desgraçadamente os dois, com os assentos das bicicletas. Ah pois é. Ninguém se lembra disso. Chegou a um ponto em que já andávamos em pé, nos pedais. Ao jantar até já queríamos jantar em pé. Torna-se muito complicado porque as dores são significativas e perturbam o bem estar da viagem. Portanto, este ano já não me apanham desprevenida. Em primeiro lugar: gel Thrombocid. Porém uma amiga minha, médica, que me aconselhou sobre estas coisas, disse sem rodeios: Rute, ou mudas o assento da bicicleta, ou não há Thrombocid que te valha.
Mudar o assento da bicicleta. O assento da minha bicicleta, em Portugal, é elegantíssimo, a condizer com as cores da bicicleta. E agora tenho de pôr um mostrengo para andar confortável. Ainda resisti durante alguns meses. Mas antes da viagem, resignada, fui à loja das bicicletas existente perto da minha casa. Diga-me lá que selins tem, por favor. E experimentei dois ou três, um deles de uma fealdade extrema (mas era um autêntico sofá) até que escolhi este, em gel.
Bom. É uma coisa revolucionária. Acabaram-se as dores. Aquilo é de um conforto e de uma suavidade extrema. E enfim, não é feio de todo, creio que até disfarça bem, não?…

Vejo a carrinha do Nong Bu parada, à beira da estrada, sem ninguém dentro, pelo que parei a bicicleta também. Eles estão para aqui algures. Há um corredor à minha direita que leva à entrada de uma casa. Espreitei à entrada desse corredor. E este pastor alemão vem em passo rápido ter comigo. O que irá acontecer? Vou levar uma lambidela ou uma dentada? Fiquei quieta a olhar, a vê-lo vir na minha direção, rapidamente. Bom, já não consigo fugir para lado nenhum, agora. Vontade não me faltou, ao ver um cão enorme daqueles vir tão decidido na minha direção, numa casa estranha, e quase a correr.
Pois o pastor alemão era um mimado – ou uma mimada, porque é fêmea – e veio buscar-me e pedir mimos, os quais lhe dei prontamente. Vim a saber que ela está habituada a estranhos, pois ali é precisamente uma Casa de Hóspedes vocacionada para cicloturismo, e vê-se uma das bicicletas à direita (aquela não é a minha, a minha está na berma da estrada, lá fora). A guia estava lá dentro a conversar com uma mulher, porventura a dona desta casa.

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