065 – Visita aos Terraços de Água de Bai Shui Tai
Pelo que soube existem uns semelhantes na Turquia, onde ainda não fui. É um cenário impressionante. Trata-se de uma rocha calcária formada ao longo de milhares de anos, através da sedimentação de carbonatos de cálcio trazidos pelas nascentes da montanha – a Montanha Nevada de Haba. Os terraços foram-se formando camada após camada, e são chamados pelo povo Naxi de Shi Pu Zhi, que significa “flores a crescer”. Aparentemente a religião Dongba, do povo Naxi, tem raízes aqui. Conforme referido na crónica 8, a religião Dongba tem origem numa antiga tradição tibetana anterior à chegada do Budismo. A mitologia Dongba baseia-se na relação entre o Homem e a Natureza. Conta a lenda que Dingbashiluo, o primeiro santo da religião Dongba, ficou fascinado pelo belíssimo cenário destes terraços, enquanto viajava do Tibete para Yunnan, e decidiu ficar aqui e rezar os sutras Budistas. A cor branca dos terraços é santa e auspiciosa.
O passeio a cavalo foi minúsculo, afinal. Se calhar uns duzentos metros. A partir de certa altura começa esta passadeira, com escadas, a qual constitui precisamente a maior parte do trajeto.
A parte má desta história: temos de esforçar-nos muito para não olhar lá para baixo, onde o governo chinês autorizou a construção de uns terraços em cimento, a imitar os verdadeiros. A fealdade é de tal ordem que quase estraga este passeio. Esforcei-me muito por tirar fotos sem se ver aquela parte lá de baixo, e esta deixei ficar para poder contar e explicar a situação. Esta foto não ficou mal de todo. Ao vivo, e com uma visão de 360 graus, é muito pior.
Atrás destas senhoras vê-se a passadeira vermelha, onde os visitantes de Bai Shui Tai caminham – eu inclusive, claro. Elas estão habituadas aos turistas e eram atrevidas, desta vez foram elas que se meteram comigo e me chamaram. Nihao! – cumprimentei-as. Perguntaram-me qualquer coisa, mas nada feito, a língua é um entrave.
Ele está a escrever caracteres Naxi, e mostrou-mos. O segurança do parque está sentado ao seu lado, a observá-lo, e nitidamente absorto.
Aparentemente isto será um poço dos desejos, ou algo que o valha, com incenso a arder à volta.
Uma das raras compras que fiz durante esta viagem à China: trouxe comigo uma daquelas pedras em camadas. As pequeninas são 15 yuans. Ainda hoje sinto dúvidas sobre se fiz bem ou não. Na volta andam a destruir os terraços, a arrancar bocados para venderem as pedras. Estive mais de um quarto de hora de volta delas e a fotografar o vendedor, bastante simpático, e a conversar com aquelas duas raparigas – a de preto sabia umas poucas palavras de inglês. Ele está a vender as pedras dentro do parque, onde existe entrada controlada e seguranças. Supostamente não é nada ilegal, mas enfim, depois de ver a a imitação destes terraços, com materiais baratos e feios, já acredito em tudo. Não devia ter trazido a pedra, afinal de contas aqui em minha casa não me faz falta nenhuma. Ficam-me estes dilemas na cabeça sobre um turismo responsável.
Terminada a visita a Bai Shui Tai, desci a pé. A senhora que me levou no cavalo está de costas, com um boné branco e uma camisa às flores. Estavam todas distraídas e na conversa. Tive de chamá-la para pagar os 30 yuans do minúsculo (mas mesmo assim agradável) passeio de cavalo, na subida.