064 – Almoço em Bai Shui Tai

Chegámos a Bai Shui Tai, onde vou visitar os famosos terraços brancos de água azul, nas montanhas. Antes disso, almoçamos. Nesta foto vê-se uma especialidade da zona: arroz vermelho. Hoje estou um pouco desconfortável do estômago, não faço ideia porquê, nesta altura do campeonato já não faço ideia porquê. Ainda por cima esqueci-me de trazer de Portugal as saquetas que se tomam antes as refeições, dissolvidas em água, para preparar o estômago. A guia diz-me que isso não se vende (nas raras farmácias) por aqui. Mas basta-me ter cuidado e passará rapidamente. Se não cometer nenhum deslize – fritos, picantes, molhos e temperos exagerados – comer apenas alimentos cozidos ou grelhados, isto passa rapidamente. Mas alimentos grelhados na China é coisa inexistente. Durante estes 25 dias vou comer uma única vez carne grelhada, e comigo ao lado da pessoa que está a cozinhar, a dar-lhe instruções sobre como fazer. E ela muito espantada. Nem sequer existe o conceito de grelhar carne ou peixe só com sal. Tem de haver sempre uns refogadozinhos e uns molhozinhos. Talvez noutras zonas da China exista esse conceito e esse hábito, mas aqui em Yunnan – e mais tarde em Pequim – não vi nada. Portanto a guia tentou mandar vir uns pratos ligeiros. Aqueles ovos mexidos com tomate são uma delícia. Mas são fritos e têm quase um litro de óleo misturado. Pelo que tive de conter-me, comi um garfada e pronto, mesmo sabendo tão bem. Aquela sopa de legumes com tofu também comi. O tofu vem crú, cortado com facas molhadas com água da torneira, e torna-me a coisa complicada, mas eu deixo o tofu e como os legumes cozidos e a água fervida, esperando que corra tudo pelo melhor. Na ponta oposta está um prato qualquer cheio de picante – para o motorista e para a guia, nesse não tocarei. Resultado: praticamente só comi arroz e sopa de legumes. O prato amarelo ao centro já nem me lembro o que é. É um legume frito no wok.

A comprar o bilhete para ir visitar os famosos terraços de água de Bai Shui Tai. Custa 30 Yuans (ao câmbio que estou a usar, 1 euro equivalente a 7 yuans, é cerca de 4,30€). O motorista Nong Bu e a guia ficaram sentados no restaurante, à minha espera. Esta visita leva cerca de uma hora, disseram-me.

Aqui fui abordada pelos locais: uma senhora perguntou-me se eu queria ir de cavalo até lá acima. Custa 30 yuans a subida, e se também quiser descer são 50 yuans. Não faço ideia se é preciso subir muito ou não. Olhei lá para cima, hesitante. Parece-me que sim. Faz um calor enorme, são cerca de duas da tarde, comi pouco, e estou a sentir este desconforto no estômago. Se calhar é melhor deixar-me levar em cima de um cavalo, em vez de pôr-me com caminhadas a subir montanhas. Aceitei a subida. Agora não tenho troco, só tenho uma nota de cem yuans. Se soubesse disto, teria destrocado ao comprar o bilhete. A senhora não tem troco, mas disse-me que me levaria lá acima, no cavalo, e depois quando eu voltasse para baixo, a pé, ela já teria arranjado troco para me dar. Assim foi.

Podem perguntar-me: mas como é que conversaram isto tudo? Em inglês? Claro que não. Nem eu própria sei como é que conversámos isto tudo. Mas conversámos e ficou tudo ajustado. Ela fazia-me o valor com os dedos. Três dedos para 30 yuans, cinco dedos para 50 yuans. Depois os gestos de ir e voltar. Enfim, o que é certo é que nos entendemos.

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