036 – No Belo Lago Napahai

Andava eu entretida a ver os porquinhos bebés, quando vejo a mãe porca em passo acelerado na minha direção, vinda da estrada. Naturalmente que montei a bicicleta e pisguei-me, antes que a coisa acabasse mal.

Aqui temos mais umas Lungtas, as bandeiras de oração, desta vez junto a um forno a lenha. Conforme referido na crónica 11, as lungtas – cujo significado literal é “cavalos de vento” – fazem parte do simbolismo tibetano, para o qual a mente está montada numa energia ou vento interior. É a força deste cavalo de vento que determina se a nossa mente é dominada por forças negativas ou positivas. Esta criatura mítica é frequentemente pintada nas bandeiras de oração, que voam ao vento para gerar mérito e aumentar a força interior de quem as pendura. As lungtas são a energia positiva e a sorte.

Ao fundo, do lado esquerdo, aquela construção branca é uma Estupa. Trata-se de um monumento funerário, por vezes sem espaço interior acessível, construído sobre os restos mortais de uma pessoa importante dentro da religião budista. Ou seja, são recetáculos para os corpos dos tibetanos considerados santos, e também recetáculos de relíquias, como os Sutras Budistas.
As estupas, que variam em tamanho, forma e adornos, estão localizadas sobretudo na Índia, Tibete, Nepal, Sri Lanka e regiões do sudeste asiático. Recordo que eu estou a poucos quilómetros do Tibete, e é patente toda a influência deste na região onde me encontro. No caso específico do Tibete, as estupas tomam o nome de “Chörten”. Os restos do Dalai Lama, por exemplo, são exumados num chörten de grandes dimensões, ou de ouro.

Este rapaz seguia de bicicleta, como eu, e entretanto parou e abordou este homem. Eu parei também, aproveitando logo a deixa para meter-me com eles todos e tirar-lhes umas fotos.
Descobri que está a viajar sozinho de bicicleta, num percurso de 10 dias, entre Lijiang e o Tibete. Pelo menos o pouco que falava, em inglês, percebi 10 dias. Não sei se ainda lhe faltavam 10 dias, por exemplo, ou se o total da viagem seriam 10 dias. Mas tendo em conta a distância entre Lijiang e o Tibete, provavelmente seriam 10 dias ao todo, com algumas paragens pelo meio. Ainda tentámos falar um pouco (mas ele quase não fala inglês), e depois pediu-me para tirar uma selfie com ele. Claro que tirei, e eu fiquei com esta como recordação. Reparei que ele vai com tanta roupa para o calor que faz, mas lembrei-me que os chineses não querem apanhar sol, não querem bronzear-se. E certamente aquele é equipamento próprio, que permite transpirar e evita o calor do sol.

Uma casa de banho. Paga-se 1 yuan e tem o sistema mais natural possível: vai tudo para o riacho que corre por baixo.

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