054 – Um Hospital Chinês
Já que não consigo subir uma montanha a pé, vou espiolhar a povoação. E meto-me em todo o lado.
Calculo que seja o Posto da Polícia. (Confesso que os polícias me provocam algum nervoso miúdo, seja em que parte do mundo for, e aqui na China então, dado o seu historial, garantidamente preferi manter-me afastada, pelo que me pisguei dali rapidamente. Ainda pensam que sou alguma espiã ocidental a bisbilhotar tudo e levam-me para interrogatório… primeiro que a embaixada portuguesa me conseguisse safar dali, deveria ser um sarilho).
Mas não, vim a descobrir mais tarde que se trata de um simples anúncio que refere “segurança, civilização, harmonia, trabalhamos junto para uma escola segura”. Efetivamente a Polícia – ou os Guardas – na China não usam as cores azuis e brancas, mas sim a cor preta.
O hospital. Estacionei a bicicleta ao lado das scooters e meti-me pelo edifício.
O hospital está deserto. São quase seis da tarde. Meti-me pelos corredores, subi ao segundo andar de dois dos edifícios. Não se vê vivalma. Experimentei algumas portas, estão trancadas.
Não há internados. Está tudo vazio. Estão todos saudáveis, pelos vistos. No terceiro andar deste edifício finalmente encontrei uma funcionária, à paisana, uma rapariga nova, não sei qual será a sua função. Ela andava a terminar o serviço e a fechar as portas. Naturalmente que ficou espantada com a minha presença ali, e se calhar até com algum receio. Eu já tinha visto tudo, fotografado o que tinha para fotografar, pelo que desci e fui-me embora. Já no pátio da entrada ela viu-me junto à bicicleta, e foi-se embora com outra rapariga (essa não sei de onde saiu) e foram a olhar para trás, de soslaio, intrigadas com a minha inusitada presença.