011 – O Planalto Mao Niu Ping

Templo budista.

Espreitei pela pequena janela da casa do templo, e não consegui ver quase nada, dada a escuridão. Mas percebi que havia gente lá dentro. Disparei a máquina com flash. E assim consegui ver tudo claramente : )

Um moledro, ou seja, um monte de pedras empilhadas; e ao fundo bandeiras de oração. É algo comum no Tibete, e vê-los-ei com frequência perto dos templos, bem como ao lado das povoações, estradas e rios. Eu estou a poucos quilómetros do Tibete, e é patente toda a influência deste na região onde me encontro.
O moledro chama-se “Ovoo” e as bandeiras “Lungtas”. Os ovoos são usados como altares e santuários, têm origem em práticas populares mongólicas, as quais viriam a ser adotadas pelo budismo tibetano, e prestam homenagem ao espíritos do céu e das montanhas, além de garantirem uma viagem segura. Por vezes são feitas ali oferendas, como fruta, doces ou bebidas.
Já as bandeiras de oração – as lungtas – cujo significado literal é “cavalos de vento” também fazem parte do simbolismo tibetano, para o qual a mente está montada numa energia ou vento interior. Esta energia é chamada de “cavalo de vento”. É a força deste cavalo de vento que determina se a nossa mente é dominada por forças negativas ou positivas. Esta criatura mítica é frequentemente pintada nas bandeiras de oração, que voam ao vento para gerar mérito e aumentar a força interior de quem as pendura. As lungtas são a energia positiva e a sorte.

À direita: iaques.

Conforme se pode ver nas fotos, o planalto Mao Niu Ping está quase deserto. Não sei onde se meteu aquela gente toda dos três autocarros que partiram comigo.
E existem avisos por todo o lado de que o gado pode ser perigoso. Ainda hesitei um pouco, mas pensei que estou numa zona turística, paguei uma pipa de massa pelo bilhete de entrada para este parque natural, e nunca ouvi notícias nenhumas de turistas mortos por iaques num parque natural da China. Mas pelo sim pelo não, agarrei num pau relativamente grande, o qual transportei alguns metros, enquanto estive mais próxima deles, nomeadamente de bodes (também havia bodes e cabras – levar uma marrada de um bode não será agradável, já tive um atrás de mim, em Portugal, e não achei graça nenhuma à experiência), até que me fartei e deitei o pau fora, e mantive-me afastada dos animais, sempre no caminho de madeira.

A minha velha técnica de tirar fotos a mim própria… deixo a câmera algures, em contagem decrescente, e vou a correr para o local onde é suposto ficar. Esta não foi à primeira, exigiu duas ou três tentativas, confesso. Mas tenho o tempo todo do mundo e gosto de estar aqui. A guia ficou à entrada do parque, entretida com o telemóvel, claro, à minha espera. Eu pedi-lhe expressamente para ir sozinha. Tudo é pretexto para demorar um pouco mais. Estou a usar umas calças que ela insistiu em emprestar-me, alegando que fazia muito frio lá em cima. Eu só levei sandálias, saias e calções, nesta viagem à China. Mas hoje faz um tempo maravilhoso, e eu cheia de calor arregacei as calças.

Mais iaques, lá ao longe.

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