024 – Espreitemos as Suas Casas
Restaurante onde estão a preparar o famoso “hot pot”, que eu provarei algumas vezes. Há vários “hot pots”, mas o princípio é o mesmo: põem-se brasas ou um pequeno fogão por baixo do recipiente, e assim se cozem os ingredientes, com água, azeite e vários temperos. À medida em que se vai comendo, vai-se deitando mais ingredientes e água para irem cozendo. É até ficarmos cheios!
A família que mora nesta casa está sentada lá fora (mas eu ainda não sei disso…) e como quem não quer nada, parei a bicicleta e entrei. Lentamente, a espreitar. Ninguém diz nada, ninguém aparece. Sentei-me lá dentro. Observei tudo à volta. Fui tirando fotografias (eu sentada, de capacete na cabeça). Até que percebi que eles estavam todos entretidos a ver-me lá de fora, do outro lado da rua, sentados eles próprios, juntamente com uns vizinhos. Viam-me de costas, e o capacete apenas, dado que eu estava sentada. O Jai Song e a guia já estavam com eles, e pelos vistos explicaram-lhes quem era eu e o que fazia ali. E que andava a bisbilhotar o interior do seu pátio, claro. Tive muita vontade de entrar para dentro das divisões, mas ainda não vai ser desta. Mais à frente terei uma série de oportunidades de entrar em várias casas, convidada. De certeza que aquela família não me colocaria problema nenhum, talvez até gostassem de receber-me, mas eu ainda estou no princípio da viagem, ainda é só o meu segundo dia de bicicleta, estou um pouco titubeante. Além de que prefiro estar sozinha, sem guias nem motoristas. Se não tivessem explicações nenhumas, estas pessoas viriam ter comigo, sentiriam curiosidade, fariam perguntas. Ou se calhar assustavam-se e enxotavam-me. Tudo menos aquela indiferença.