092 – Entremos noutra Casa de Timor Indonésio

Ela caminhava em direção contrária à minha, mas ao ver-me passar, fez-me sinal para eu parar. (Nem era preciso fazer sinal nenhum, eu estou sempre pronta para parar e ouvir o que têm para me dizer. Mesmo que não perceba patavina). Efetivamente não percebi nada do que a senhora me disse. Imitei-a, tentei repetir os sons das suas palavras. Ela riu-se. E eu também.

Certo. Há qualquer coisa lá ao fundo. Não faço ideia o quê.

Entretanto chegou o Valério na pickup e tirou-nos esta foto. De facto tirou-nos outra antes, em que eu tenho os calções todos arregaçados para cima (a minha tentativa desesperada de não ficar com a marca dos calções e do sol na pele…). Quando vi a foto é que me lembrei. Não posso ficar assim na foto. Vou baixar as pernas dos calções e temos de tirar outra. Então o Valério explicou à senhora que tínhamos de tirar outra foto, e pelos vistos ter-lhe-á explicado em língua indonésia o motivo, porque ela olhou para os meus calções e soltou uma gargalhada.

E o Valério também me traduziu o que a senhora queria dizer-me: ela apontava lá para o fundo, porque é onde fica a sua casa. Ela quer mostrar-me a sua casa. Ora que maravilha, vamos já. O Valério voltou para trás na pickup, tem de ir buscar qualquer coisa, nem percebi o quê. Deixou-me entretida com a senhora e voltou para trás durante uns minutos. E lá fomos as duas, eu com a bicicleta pela mão, e a senhora a caminhar ao meu lado.

Sejam do lado leste ou do lado ocidental de Timor, as crianças efetivamente são todas iguais. A alegria, as brincadeiras e as festas são sempre iguais. Seja de que continente for o ser humano, dá para perceber claramente ao viajar que é igual em todo o mundo, quando é pequenino. Depois cresce e começam as diferenças e os conflitos. É uma chatice.

O horroroso parque “Taman Wisata Alam Camplong”. Por favor não visitem este parque em Kupang. Já estamos no distrito de Kupang, na parte indonésia da ilha de Timor. Não percam tempo com isto, e muito menos pagar entrada, como eu fiz (ou melhor, estava incluído pela Timor MEGAtours, que me pagou a entrada, a meu pedido – pensando eu que ia ver uma coisa muito boa). Só se quiserem ir tomar banho nas águas paradas do lago artificial. Estamos numa ilha cheia de praias azuis e transparentes, creio que não é preciso ir tomar banho num lago verde opaco.

E o miserável crocodilo preso numa cela miniatura cheia de lixo. Creio que vou mandar alguns emails para as associações protetoras dos animais, pelo mundo fora, a ver se alguém descobre este infeliz e consegue soltá-lo. Ei-lo, o crocodilo mais infeliz do mundo, no meio de lixo e águas porcas.

E pronto, o parque é só isto. O interessante é mesmo cobrarem entrada. Se eu soubesse o que sei hoje, nem que me tivessem pagado a mim, quanto mais eu pagar a eles. Adiante, rápido, prossegue a viagem.

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