031 – Numa Aldeia Piscatória

Cerca das 9 da manhã chegamos à aldeia piscatória onde vão preparar-me o almoço para levarmos – não só o meu almoço, mas também o do Valério; o da Arminda; o do Daniel, que irá acompanhar-me na bicicleta enquanto o Valério conduz a pickup; e mais três crianças que quiseram ir connosco na pickup. Eu na bicicleta, eles todos na pickup, inclusive no tabuleiro. Uma verdadeira comitiva – vamos todos passear ao Loré. Efetivamente foi um dia bem agradável na companhia desta gente toda. Todos nos divertimos até ao final da tarde. Mas ainda são 9 manhã, agora, vamos com calma.

Aqui ainda não é a aldeia piscatória, ainda vamos a caminho. É outra povoação antes. O rapaz do boné está com frio e a esconder os braços dentro da t-shirt. Reparem nas calças dos rapazes, bem atualizadas, com o modelo “slim fit”. Se bem que agora estejam aí a voltar as calças com boca de sino – vi numas montras em Lisboa. Já não têm grande coisa para inventar, é só ir repondo modas antigas periodicamente.

Agora sim, chegamos à aldeia piscatória. Vou espiolhar tudo. Vamos estar aqui cerca de uma hora, enquanto o almoço é preparado. Quase não há rede de telemóvel, está constantemente a falhar.

Perguntei porque está o gato preso. Ele mia arrastadamente e puxa a corda. Disseram-me que é um gato para lutar. Valha-me deus. Então mas não bastam as lutas de galos, agora também as de gatos? Nem quis saber mais. As lutas de galos são proibidas em Timor. Mas fazem-nas sem qualquer controlo por parte das autoridades. As próprias autoridades têm galos para lutar. Qualquer dia alguém tem de pôr mão na barbárie. São as touradas em Portugal e as lutas de galos (e agora gatos também?) em Timor. Vão lutar vocês, donos medricas, escondidos nas vossas caminhas.

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