040 – Flores – Almoço em Santa Cruz
Prossigo para o meu segundo destino de hoje: Santa Cruz, sede do concelho, onde irei almoçar. Eu apontei o GPS para o Museu das Flores (e o trambelho era tanto que cortei a imagem).
Conforme referi antes, eu queria visitar o Museu da Fábrica da Baleia do Boqueirão, que se vê ali no mapa, mas está fechado. Telefonei duas vezes, em dois dias diferentes, ninguém atende, e na internet diz que está fechado, certamente devido à pandemia.
Efeitos do vento!!!
E eis que cai uma chuvada torrencial durante alguns minutos. Eu já aprendi a esperar, aqui nos Açores. Este clima é muito variável. Agora chove e faz frio, daqui a pouco faz sol e calor. Então abriguei-me debaixo duma árvore enorme e esperei. Empacotei tudo dentro de sacos plásticos, à pressa: o telemóvel e a máquina fotográfica. O power bank e a segunda bateria da máquina fotográfica estão sempre dentro dum saco plástico, no bolso da mochila. Com esses já não me preocupo. Mesmo com sol e calor, sempre no saco plástico.
Entretanto arranco novamente na bicicleta (voltou um grande sol!) e passa um carro por mim com todos aos berros lá dentro: “Força! Força!”
Era o grupo do Porto! 🙂
Repare-se na ilha do Corvo, lá ao fundo.
Santa Cruz à vista.
A pista do aeroporto.
Veja-se este vídeo de um avião a aterrar nesta pista com ventos cruzados. Vê-se o avião a aproximar-se da pista completamente de lado, mas depois os pilotos conseguem endireitá-lo e a aterragem é feita em segurança. A ventania aqui na ilha das Flores não é para brincadeiras.
Eis o Leandro. Anda a passear de bicicleta.
O Leandro foi mostrar-me as suas cabras, que estão mesmo ali ao lado, e contou-me uma grande história: que antes eram sete, depois o macho estava sempre a encavalitar-se nas fêmeas, e elas saltavam a cerca e eles nunca mais as viam. Agora são menos. Este é o resumo que eu registei, mas foi uma história longa, da vida e história deste seu rebanho de cabras. Foram uns dez minutos a ouvir as suas explicações.
O Leandro chamou-as, e elas, que estavam lá ao fundo, vieram ter com ele.
As bombas têm um papel afixado em português e inglês: “Don’t touch, wait for the employee”. É assim a vida em tempo de Covid-19. Não tocar!
Agora me lembro que me faltou ver os preços da gasolina e gasóleo, nos Açores. Estas duas bombas vendem gasolina sem chumbo 95, e gasóleo. No website do Governo dos Açores estão afixados os preços: 1,253€ a primeira, e 1,058 a segunda.¹
Cheguei ao meu destino traçado no GPS: ao meu lado direito fica o Museu das Flores. São 14h03. Parei a bicicleta e fui à porta ver se está aberto. Está fechado. Hoje é domingo, recordo. Os museus normalmente estão abertos ao domingo, mas com a pandemia se calhar complicou-se.
Prossegui caminho e abordei dois rapazes que iam a passar, sobre onde existe um restaurante bom e barato. Não quero restaurantes caros. Esta viagem é longa, 33 dias, com muitas despesas, não quero gastar dinheiro em restaurantes caros, quando posso comer bem e barato.
Eles hesitaram, disseram que existem vários restaurantes aqui em Santa Cruz e que andam todos pelo mesmo preço. Que depende talvez do tipo de comida que eu queira. Há um que tem pizzas. Pizzas não, estou a praticar desporto, não posso comer pizzas, preciso de comida a sério. Eles indicaram-me então um restaurante nesta rua.
(Eu tenho uma paixão por pizzas, atenção, mas não é boa altura agora).
Ia eu prender a bicicleta com o cadeado quando pára esta scooter ao meu lado. É o Luc Dansan, com quem me cruzei na crónica 33! Mora aqui em Santa Cruz. Perguntou-me como vai a minha viagem. Tudo maravilhoso, respondi. Amanhã parto para a ilha do Corvo, vou no barco semirrígido do Carlos Toste. O Luc é amigo do Carlos Toste, diz-me. E explica-me que o Carlos Toste é muito viajado, que já esteve várias vezes na Patagónia, por exemplo. É mesmo guia de viagens. O Luc também já viajou muito: fez três raids de BTT em Marrocos, dois trekkings no Nepal, esteve no Campo de Base do Evereste, fez cinco viagens nas Caraíbas, Miami, e viagens pela Europa, como Berlim, Londres, Córsega – em França. Recomendou-me Córsega. Tenho que ir investigar isso.
Eu pedi-lhe para tirar a máscara, rapidamente, só para a fotografia; a Elisabete hesitou, riu-se e teve receio de retirá-la, porque há regras estritas. É de São Miguel. Vive aqui há 19 anos. Só estávamos nós, mas entretanto chegaram quatro turistas precisamente de São Miguel.
O prato do dia é strogonoff. Mas o dono do restaurante (acho que é o dono, vê-se na foto acima com uma tshirt azul) convenceu-me a comer a sopa de peixe. Foi persistente. Eu não consigo comer tanta coisa. Será uma tigelinha pequena, disse-me. Ok, venha.
Pois foi a melhor sopa de peixe que alguma vez comi na minha vida. Deliciosa, muito bem servida, com grande quantidade de peixe e legumes, sem uma única espinha. Devia ter comido um prato grande desta sopa. Acabei por só comer a salada e a sopa de peixe; a carne do strogonoff ficou quase toda.
6,5€ o prato do dia. 2€ a sopa de peixe.
“Tabela de Preços em Vigor. Preços em vigor desde 01/07/2020” (s.d.). Secretaria Regional dos Transportes e Obras Públicas, Governo dos Açores. Página consultada a 12 Julho 2020,
<http://www.azores.gov.pt/Portal/pt/entidades/srtop-fracde/textoTabela/Precos_em_vigor.htm>