022 – Santa Maria – Vila do Porto, Forte de São Brás

Ermida de São Pedro Gonçalves Telmo, também conhecida como Ermida do Corpo Santo. Terá sido construída pelos séculos XV ou XVI, e ampliada no século XVIII.

Santa Maria foi a primeira ilha a ser povoada, em 1439. Vila do Porto foi a primeira vila a receber foral, em 1470, tornando-se então no primeiro município dos Açores.
A economia do concelho baseava-se na produção de pastel até o século XIX. De salientar a passagem de Cristóvão Colombo por estas terras, quando regressava da América, em 1493.
A ilha esteve excluída das rotas comerciais, dedicando-se quase exclusivamente à agricultura e à criação de gado até aos dias de hoje.
Com a construção do aeroporto internacional em 1944, assumiu um importante papel nas ligações aéreas através do Atlântico, sendo atualmente o centro de controlo de tráfego aéreo no Atlântico norte, conforme referido na crónica anterior.
A atividade cultural no concelho é marcada pelas festas do Espírito Santo. Estas festas remontam aos primeiros colonos, que assim pediam proteção contra os desastres naturais. O ritual inclui a coroação de uma criança, que usa o cetro e uma placa de prata, símbolos do Espírito Santo, tendo lugar uma grande festa no sétimo domingo depois da Páscoa.¹

Forte de São Brás, construído no início do século XVII para defender a Vila do Porto dos ataques dos corsários, os quais eram de várias nacionalidades: castelhanos, franceses, ingleses, e até argelinos.

Ermida de Nossa Senhora da Conceição da Rocha, ou Ermida de Santa Luzia. Esta foi a primitiva igreja paroquial, a primeira de Vila do Porto, e encontra-se referida por Gaspar Frutuoso:
“Logo, subindo pela ladeira, no princípio da Vila, junto do mar, sobre a rocha, está uma ermida de Nossa Senhora da Conceição, muito fresca, que de qualquer parte, que vem do mar de fora para o porto, não se vê outra casa primeiro que ela, por boa entrada e estreia.”

Quando do assalto de piratas em 1539, preparando-se os invasores para o desembarque no porto da vila, os marienses colocaram a imagem de Nossa Senhora da Conceição no chamado Alto da Rocha. Esse gesto tanto ânimo lhes incutiu que, arremetendo à pedrada sobre os atacantes, obrigaram-nos a recolher-se às suas naus e a retirar.
Aqui se venerava uma imagem de São Brás, padroeiro da fortificação. No século XX, por aqui ser venerada uma imagem de Santa Luzia, muitos conhecem a ermida por essa invocação. Restaurada, foi reaberta ao culto em fevereiro de 1965.²

A máquina ficou no parapeito em frente à Casa do Comando e Quartel da Tropa! Eu com algum receio que ela caísse dali para baixo, com a ventania.

Conforme explicado nesta placa:
A constante ameaça dos corsários foi uma realidade que marcou profundamente a história de Santa Maria, entre os séculos XV e XVII. A ilha vivia num estado de vigilância e contínuo sobressalto face à possibilidade de incursões deste tipo, com tudo o que isso podia significar de mortes, destruição e pilhagem de fazendas. No seu extremo isolamento, os marienses vigiavam com cautela a vastidão do horizonte, os olhos postos no mar, em que o avistamento de uma vela gerava sempre expetativa e tensão.

A diferença entre corsários e piratas:
Um corsário era um pirata formalmente autorizado pelo governo do seu país a pilhar navios e localidades costeiras de outra nação. Os corsos foram frequentemente usados como um meio de enfraquecer as potências adversárias, perturbando as suas economias e rotas marítimas sem, no entanto, entrar em guerra declarada. Muitas vezes, no seu país de origem, estes aventureiros eram considerados autênticos heróis nacionais, sendo recebidos pelo rei e compensados pelos seus feitos.
Uma vez que muitos piratas forjavam cartas de corso, sempre que um navio corsário era capturado o capitão tinha de ser levado a um Tribunal de Almirantado, para fazer prova de que a sua carta era verdadeira. Contudo, acontecia com frequência os corsários serem apresados e logo executados como piratas, sem grandes perguntas.
Santa Maria nunca foi, ao que se saiba, vítima de piratas que atuassem por conta própria, um tipo de assaltantes fora da lei mais frequente nos mares das Caraíbas.

O Convento de São Francisco, edificado por frades franciscanos a partir de 1607, e a Igreja de Nossa Senhora da Conceição (também conhecida como Igreja de Nossa Senhora da Vitória – estes marienses dão vários nomes a cada coisa) tem para ali umas obras que não me deixam vê-los.

Esta placa explica que o convento foi vandalizado e incendiado pelos piratas magrebinos em 1616.
Mas quem eram afinal estes temidos corsários argelinos que assolaram Santa Maria e puseram Vila do Porto a ferro e fogo?

O corso muçulmano
Os piratas da Barbária – como ficaram conhecidos na Europa os corsários muçulmanos – operavam a partir das costas do norte de África. O estratégico porto de Argel era a sua base estratégica na região, mas as cidades de Tunes e Tripoli constituíam também importantes centros de pirataria.

A sua ação, centrava-se, a princípio, nas embarcações europeias e nas povoações isoladas da orla mediterrância mas, a partir do século XVII, estes saqueadores dos mares começaram também a chegar com alguma regularidade às ilhas e às costas europeias do Atlântico, organizando razias em Portugal Continental, Galiza, Madeira, Açores, Canárias, Irlanda, ameaçando a navegação em todo o Atlântico Nordeste e pilhando as naus provenientes da Ásia, África e Américas.

Na primeira metade do século XVII, os atos destes corsários atingiram uma tal intensidade que passaram a constituir o mais sério perigo à navegação europeia, atacando anualmente centenas de navios e raptando, para resgate ou para venda como escravos, muitos milhares de europeus. Por volta de 1650 estimava-se que estivessem cativos em Argel cerca de 20.000 europeus.

Confrontado com esta ameaça, Portugal organizou armadas para patrulhar a costa e proteger as naus que demandavam os Açores, no regresso do Oriente. Uma frota de guerra – a “armada das Ilhas” – fundeava na Terceira, para escoltar os barcos da “carreira da Índia” e evitar que fossem abordados, mas nem assim os ataques foram impedidos.

Igreja do Recolhimento de Santo António, estima-se que seja do século XVII.

Bom, e é altura de preocupar-me com as coisas práticas do meu dia-a-dia, e eu preciso de comida no alojamento, nomeadamente leite, iogurtes e cereais para o pequeno-almoço. Não há bananas, só quando vier o barco, que pena. (Mais tarde ensinaram-me que eu podia ter encontrado bananas no estabelecimento do outro lado da rua, mas agora eu ainda não sei essas coisas).

Comprei uns iogurtes sem lactose, muito mais caros, sem dar conta. Foi involuntário.

Hoje fiz 23,7 km de bicicleta. Tempo total: 6h49. Tempo parada: 3h01. (O GPS está com um campo repetido, da velocidade máxima, devo ter sido eu que lhe toquei sem querer, dentro da bolsa, e ele desconfigura-se. Tenho de ter o monitor travado, para não sofrer alterações, mas às vezes esqueço-me). São agora 16h02 (ainda não alterei o horário do GPS – ainda tem o horário de Lisboa, mas em breve irei alterá-lo) e é altura de regressar de táxi, com as compras, a Santo Espírito, onde estou alojada.

Será o taxista Mário a levar-me.

Este senhor entretanto chegou e também quer um táxi para Santo Espírito. E tem uma máquina de lavar roupa para apanhar no caminho. Perguntaram-me se eu me importava de partilhar o carro, e de parar ali mais à frente para recolher a máquina. Claro que não. Acho que o carro nem está a fazer de táxi, é mesmo um carro que irá dar-me boleia juntamente com este senhor. Levará a máquina de roupa e também leva a minha máquina de pedalar.

Parámos algures por aqui para recolher a máquina, mas eu não saí do carro.

São 16h51, foram 15 km, e paguei 6,5€ divididos com o outro passageiro da máquina de lavar roupa.

São 18h24 e vem aí o nevoeiro. Lanchei um iogurte, e também um maravilhoso doce oferecido pelas Anas que moram em Santo António, na ilha de São Miguel.

Choveu bastante às 20h. Estou deitada debaixo de dois edredões, com três camisolas vestidas. Estou a tratar da operação diária de revisão e backup das fotos. Na meteorologia indicam 21 graus, mas acho que está menos. Isto é muito frio! O tempo em Santa Maria é diferente das restantes ilhas dos Açores. Santa Maria é uma ilha com baixa altitude, e é a que está mais a sul e mais a oriente, tem um clima seco, e um caráter distintamente mediterrânico, bastante diferente do resto do arquipélago.

O backup das fotos para o telemóvel durou uma hora e tal (e durante a noite será automático para a cloud), e eu adormeci entretanto, nem consegui chegar ao fim. Seriam umas 20 ou 21h. Afinal de contas acordei às 3 da manhã, hoje, para apanhar o avião.


¹ “Vila do Porto” (s.d.) Infopedia Online. Porto: Porto Editora, 2003-2020. Página consultada a 12 outubro 2020,
<https://www.infopedia.pt/$vila-do-porto>

² “Ermida de Nossa Senhora da Conceição (Vila do Porto)” (s.d.) Wikipedia. Página consultada a 12 outubro 2020,
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Ermida_de_Nossa_Senhora_da_Concei%C3%A7%C3%A3o_(Vila_do_Porto)>

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