016 - São Miguel - Farropo, Fenais da Luz, Bairro dos Baleeiros & Capelas

016 – São Miguel – Farropo, Fenais da Luz, Bairro dos Baleeiros & Capelas

Esta terra chama-se Farropo, diz-me o senhor do boné azul. Viu-me ontem em Remédios, imagine-se. Passou na carrinha por mim. Ele é de Lagoa, já venderam tudo e vieram aqui fazer a uma entrega.

Aqui já estou noutra terra: Fenais da Luz.

Cruzei-me com dois atletas lisboetas. Ou melhor, ambos vivem em Lisboa, estão de férias, mas ela é açoriana, é de São Miguel.

Faltam 5,1 km para o meu destino, e felizmente saio já da estrada principal. Recordo que a minha bicicleta é de montanha, pesada, de pneus largos, mais lenta. Não é uma bicicleta de estrada, leve, de pneus finos, para acelerar, como a dos ciclistas (supostamente açorianos!) da foto anterior.

Tenho a ponta dos dois dedos queimada. Foi a descer do Farol do Cintrão, na crónica 6. Depois de descer muito, sempre a travar, a bicicleta fazia um barulho estranho, e eu tive a fantástica ideia de tocar no disco com estes dois dedos, para ver se descobria alguma coisa. Ora o disco estava a ferver. Ando sem sensibilidade na ponta destes dois dedos, pois claro.

Vi muito lixo na beira das estradas. Os açorianos abrem a janela do carro e deitam o lixo para a estrada. Os lisboetas também. Não podem aguentar o pacotinho do sumo nem um segundo dentro do carro, até finalmente encontrarem um caixote do lixo. A espécie humana será porca por natureza?

O Bairro dos Baleeiros.

A baleação nas águas do arquipélago dos Açores iniciou-se na segunda metade do século XVIII, com a chegada dos navios baleeiros dos Estados Unidos da América, nomeadamente oriundos de New Bedford e de Nantucket. Arregimentavam homens aqui nas ilhas para completar as suas tripulações, e foi com eles que os açorianos aprenderam as técnicas e o domínio dos instrumentos, patente no uso do próprio vocabulário baleeiro, quase totalmente de origem anglo-saxónica.
É com a experiência desses homens que, na década de 1850 se constituíram as primeiras armações baleeiras nos Açores, nas ilhas do Oeste. Na década de 1880, constituíram-se armações no Grupo Oriental, a partir da ilha de São Miguel. Nesta ilha existiram quatro companhias baleeiras:

No Calhau Miúdo das Capelas, fundada em 1884;
No porto de Santa Iria, na freguesia da Ribeirinha, fundada no mesmo ano (1884);
Na Grota, junto à Praia Grande dos Mosteiros, a “Companhia Pescadora”, fundada em 1885;
No Castelo do Porto Formoso, a “Companhia Baleeira Esperança”, fundada em 1886.
Além destas, o Governo Civil de Ponta Delgada passou ainda, em 1885, um alvará provisório para criação de uma quinta empresa.

Todas estas empresas tiveram existência mais ou menos efémera, à exceção da Companhia Baleeira das Capelas / São Vicente que, ao longo dos anos cresceu em meios e equipamentos, tendo aumentado as suas capacidades operacional e técnica, a ponto de ter se constituído uma das empresas de maior dimensão e com mais longa existência no arquipélago (1884-1983).¹

Não encontro informação na internet sobre as companhias baleeiras que existiam em São Miguel, bem como informação sobre a União das Armações Baleeiras de São Miguel. A única informação que encontro é esta da Wikipédia, retirada do livro “A Pesca à Baleia na Ilha de Santa Maria”, de Arsénio Chaves Puim (Editora: Museu de Santa Maria, 2001). Encontro igualmente esta informação na internet, sobre o autor: Arsénio Chaves Puim, historiador, etnógrafo, co-fundador e primeiro diretor de “O Baluarte de Santa Maria” (segunda série), opositor ao Estado Novo, presidente da Câmara de Vila do Porto e pároco de São Pedro e Santa Bárbara (ilha de Santa Maria)². Pelo que a informação da Wikipédia em princípio será correta e fidedigna. Se alguém tiver mais detalhes, agradeço que mos enviem. Acredito que estejam disponíveis nas bibliotecas e nas placas dos museus, em breve visitá-los-ei, mas a malta quer é a informação disponível na internet 🙂