063 – Os Outros vão Mergulhar… e eu Fico a Assustar os Pescadores 😃

Vamos em andamento, no barco, para o local do 2º mergulho. Eu não vou mergulhar novamente, mas os restantes 3 mergulhadores vão.

É aqui que eles vão fazer o segundo mergulho. Eu vou ficar a experimentar a bolsa impermeável da máquina, dentro de água. Estou a estreá-la nesta viagem, e ainda me faz confusão mergulhar a câmera debaixo de água. Mas é agora ou nunca.

São 12h08 e eles vão desaparecer debaixo de água.

Estou com o fato de mergulho, mas sem botija de ar. Devia ter trazido equipamento de snorkeling, nem me lembrei. Pela primeira vez meto a câmera totalmente debaixo de água. Eu já tinha experimentado esta bolsa em casa, num alguidar com água, mas agora é que estou a fazer a prova de fogo. Provoca um nervoso miúdo. A minha máquina, as minhas fotos. Pelo menos tenho um backup na cloud de todas as fotos que já tirei, até agora, em São Tomé e Príncipe. Se a máquina se estragar debaixo de água, terei de começar a tirar fotos com o telemóvel.

Comecei a ganhar confiança. Comecei a afastar-me do barco – eu e a minha câmera. O mergulhador Amílcar partiu com os meus 3 colegas, e o Marley ficou no barco, mas foi dormitar um pouco, pelo que deixei de vê-lo.

Os dois pescadores avistaram a minha cabeça à tona de água. Sozinha. Sem ninguém no barco. Ficaram intrigados. Foram-se aproximando lentamente.

Perguntaram-me se estou aqui sozinha. Respondi que há 4 mergulhadores debaixo de água, junto ao navio encalhado, e que está um “Marley” dentro do barco a dormitar.

O rapaz olha por cima do ombro, pelo sim, pelo não, ainda meio desconfiado 😃

São agora 12h56, os 4 mergulhadores estão a regressar ao barco. Nem completaram uma hora e parece que deram várias voltas ao navio afundado. Este é o Nuno, o meu compatriota de Vila Real. Tirei-lhe algumas fotos debaixo de água, e passei-lhe a câmera para ele tirar-me também a mim. A bolsa impermeável funciona a 100%. Teria tirado também algumas fotos ao casal francês, para sua própria recordação, mas eles despacharam-se muito depressa, subiram para o barco ainda andávamos eu e o Nuno a tirar fotos debaixo de água.

Chegámos às 2 da tarde à Praia Messias Alves. Segundo o meu GPS, fizemos 67 km no barco, ida e volta, ou seja, 36 milhas náuticas.
E começou a chover torrencialmente à chegada. Abriguei-me à entrada do centro de mergulho, com a bicicleta, e esperei. O Marley teve a gentileza de perguntar-me se eu queria uma sandes – outra das sandes do nosso lanche incluído. Eu agradeci-lhe. Agora irei em busca dum restaurante para conseguir comer uma refeição completa.

“Onde é que eu posso almoçar? Onde é que há um bar para comer?” – vou perguntar àquelas crianças lá à frente. Perguntei por um “bar” propositadamente, pois pelo que tenho percebido, a palavra “restaurante” não é muito usada por aqui. Relembro que o restaurante onde eu comi várias vezes no Príncipe, tinha uma placa na porta a dizer “Bar”.

E as crianças vieram todas comigo até aqui. Aqui posso almoçar – disseram-me. Estou a uns 700 metros do centro de mergulho, talvez. Aqui ainda é a povoação chamada Praia Messias Alves. São 14h54.

Esta senhora (ou rapariga…) chama-se Mulata. É a dona do restaurante 🙂

Como eu disse que ontem comi o peixe Maxipombo, a Mulata deu-me outro chamado Caqui. Fazendo pesquisa na internet, não encontro peixe nenhum com este nome. Nem sei se é assim que se escreve.

Um peixe Maxipombo e um peixe Caqui, com banana acabadinha de fritar. Soube muito bem. Paguei quinze dobras (0,60€).

A Mulata estava descansadinha na sua vida até eu chegar. Porque chegaram muitas visitas, curiosas, para falarem comigo. Ao centro está o Francisco Pedro – conhecido por Pelé (é o nome do avô, explica-me, aparentemente não tem nada a ver com futebol), casado com a Isabel. Acho que a Isabel aparece na foto de baixo com a filha ao colo. Não tenho a certeza já quem é a Isabel!

A máquina fotográfica continua dentro da bolsa impermeável. Recordo que há minutos atrás choveu torrencialmente, e continua a ameaçar, pelo que eu não quero tirá-la da bolsa. Resultado nº 1: as fotos saem mais escuras do que normal, conforme já expliquei na crónica anterior. A máquina está no modo automático e as fotos saem todas escuras. Resultado nº 2: encontrar o obturador é um autêntico sarilho. Eu sou experiente e lá o encontro. Mas as pessoas não. Nunca mexeram numa máquina destas, e ainda por cima terem de andar a apalpar com o dedo dentro do plástico, à procura do obturador. É muito difícil tirar fotos assim. Uma rapariga tirou várias fotos enquanto eu almoçava. Ou pensava que tirava e não estava a tirar nada, afinal. Quando fui ver, não existiam fotos nenhumas. Mas ao fim de algumas tentativas, ficou esta.

Em segundo lugar, eu estou embrulhada num pano, não é por causa do frio. É que estava a ser devorada viva pelos mosquitos, nas pernas. Curiosamente só nas pernas, nos braços não. Então a Mulata emprestou-me este pano para eu conseguir almoçar com alguma tranquilidade. À cintura tenho a minha bolsa.

E terminado o simples e simpático almoço, prossigo viagem. São agora 15h45. Garantidamente não vou pedalar a esta hora, já tão tarde, e com a barriga cheia. Vou num táxi partilhado até à cidade, o qual se apanha aqui neste cruzamento em frente ao mercado.

Esperei 2 ou 3 minutos e apareceu este táxi. Um rapaz ajudou-me, mandou-o parar e ajudou a colocar a bicicleta na parte de trás. Disse-me que são 14 km maioritariamente a descer. Eu disse-lhe que fiz o caminho para cá, mas agora não me apetece fazer para lá. Ele riu-se. Ainda é uma hora a pedalar, e na estrada principal, com carros a passar a toda a velocidade rente a mim. E aliás, tem muitas subidas, porque eu tive muitas descidas ao vir para cá.
A viagem neste táxi partilhado custou dez dobras. Desta vez não me cobraram mais pela bicicleta. E parámos pelo caminho para abastecer.

Antes de apanhar este segundo táxi até Belém, onde fica o meu hotel, fui informar-me sobre os horários do táxi para Porto Alegre, no extremo sul da ilha. Tenho que resolver isto. O primeiro sai às oito. O último vem às 10 da noite. Cobram 100 dobras pela bicicleta, e 80 para mim. Informou-me um suposto taxista de Porto Alegre, que estava temporariamente sem carro e foi ele próprio noutro táxi. Fiquei um bocado desconfiada, não consigo ter a certeza dos horários.

Cheguei a Belém. São 16h45. Paguei 20 dobras eu, 15 dobras a bicicleta. Éramos quatro pessoas atrás mais uma criança. Eu fiquei no meio, chegada para a frente, junto ao banco da frente. Vim enlatada, pois claro. Mas custou 35 dobras (1,40€) e a viagem durou uns 4 ou 5 minutos. É preciso é descontração. Tanto vivo nos melhores hotéis de luxo, pelo mundo fora, como venho enlatada num táxi partilhado em África. Experimento tudo na vida, e aqui estou eu, saudável, cheia de força e feliz. Haja saúde, é o que interessa.

Fui carregada com um frasco de protetor solar, que ainda está cheio. Não usei. É a vantagem deste tempo nublado: trouxe dois frascos de protetor solar e voltarei com eles cheios para Portugal. Vou usá-los na Costa da Caparica.

Perdi um brinco. Dei conta agora ao tomar banho, no hotel.

Deitei-me às 20h30.
Hoje fiz 20,4 km na bicicleta e mais umas tantas milhas náuticas. Foi outro dia altamente satisfatório.

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