102 – Terceira – Vigia da Baleia, Raminho
Isto é um bocado cerrado!
Mas estou a 630 metros do meu destino, não vou desistir a 630 metros de distância!! Vou deixar a bicicleta aqui presa com o cadeado, e prossigo a pé.
A minha localização está identificada pela seta azul. Eu devia ter virado à esquerda naquela fina linha branca, em direção ao miradouro do Raminho, mas segui em frente, estou na beira do mar.
Mas o caminho que o GPS indica, de virar à esquerda, é por aqui. E eu diria que é intransitável. É mesmo pela falésia. Efetivamente há aqui vestígios duma passagem. Talvez fosse um caminho antigo, mas agora aparentemente já não há nada.
Ou é por aqui?
Também pode ser por aqui. Quer o caminho anterior (mais abaixo) quer este, ambos contornam a falésia em direção à Vigia da Baleia. Mas isto é perigoso demais, à beira da falésia não vou arriscar.
Amigo GPS, vou voltar à estrada, e vais indicar-me o caminho pela estrada até à Vigia da Baleia. Vou desistir deste caminho pedestre.
A bicicleta ainda está à minha espera.
Pronto, pela estrada é num instante.
Este é o Miradouro do Raminho, mas o meu objetivo é a Vigia da Baleia. Ainda não cheguei. De qualquer forma a Vigia está aqui algures escondida, a poucos metros.
Voilà! Cheguei ao meu primeiro destino de hoje! A Vigia da Baleia! São 9h25 e tenho 12,5 km feitos na bicicleta (e um bocadinho a pé, há pouco).
Esta placa está cheia de erros, quer em português, quer em inglês, mas pronto, é melhor do que nada. Em inglês e tudo, ao menos houve um esforço!
Recordo que desenvolvi a questão da caça à baleia nos Açores na crónica 72. Nestes postos de vigia, alguém perscrutava o mar em busca de sinais da baleia, do seu repuxo, o qual se avistava ao longe, e assim que a via avisava a aldeia com um foguete, ou como diz a placa, com panos, fogueiras, e mais tarde, rádio. Imediatamente a equipa que fazia parte do barco abandonava tudo o que estava a fazer, e corria para o barco, para ir de encontro à baleia. Relembro os versos escritos por algum caçador de baleias açoriano:
Vigia da Baleia
Quando o foguete estrondeia, corro à praia num instante
é um sinal de baleia, que manda correr à vante
para onde eu vou é que eu não sei, quem nos manda é a sorte
quem sabe se em lugar do pão encontrarei a morte.¹
Estive 20 ou 25 minutos na Vigia da Baleia, e prossigo agora para o meu segundo destino (e último) de hoje: a Terra Chã, conforme mostrei na crónica anterior, no mapa.
¹ Soares, Alexandre (2011, 2 setembro) “Na pista dos baleeiros açorianos de Moby Dick”. Diário de Notícias. Página consultada a 9 fevereiro 2021,
https://www.dn.pt/revistas/ns/na-pista-dos-baleeiros-acorianos-de-moby-dick-1973731.html